A Academia da Felicidade nasceu, através do Grupo Bernardo da Costa, e juntamente com a KEEPTALENT Portugal lançaram a primeira certificação internacional de Gestor de Bem-Estar e Felicidade Organizacional. Um tema amplamente ouvido nos últimos tempos. Para saber um pouco mais sobre a mesma, falamos com Ricardo Costa (Chairman Grupo Bernardo da Costa), por forma a entender como pode esta certificação ter impacto nos gestores de pessoas.
Quando criei o primeiro Departamento da Felicidade em Portugal, em 2017, deparei-me com uma realidade clara: havia uma enorme escassez de informação e desenvolvimento académico no âmbito do bem-estar organizacional. A ideia era inovadora e disruptiva, mas frequentemente olhada com desconfiança, especialmente num contexto onde os resultados financeiros eram o único indicador de sucesso. Apesar disso, acreditava firmemente que felicidade e bem-estar não eram meros conceitos abstratos, mas sim pilares estratégicos para a transformação e sustentabilidade organizacional.
Foi essa experiência que moldou a visão da Certificação Internacional de Gestor de Bem-Estar e Felicidade Organizacional. Esta certificação responde a desafios reais enfrentados pelas empresas, como o turnover elevado, absentismo, burnout e culturas organizacionais que perpetuam ciclos de baixa produtividade e toxicidade.
O objetivo é capacitar líderes para que possam integrar o bem-estar nas suas estratégias, promovendo mudanças culturais duradouras. Na minha própria experiência, felizmente, os resultados vieram rapidamente – não só em termos de bem-estar, mas também em métricas financeiras sólidas, o que reforçou a certeza de que este é o caminho.
O maior problema que as empresas enfrentam hoje é a desconexão entre intenção e execução. Reconhece-se a importância do bem-estar, mas muitas iniciativas permanecem pontuais e superficiais. A certificação ensina a resolver este problema de forma sistemática e estruturada, começando pelo diagnóstico. O uso de ferramentas como inquéritos de clima organizacional, focus groups e métricas específicas permite compreender a realidade da organização e identificar os principais desafios, como absentismo, rotatividade ou insatisfação.
Que indicadores quantitativos suportam a vossa abordagem? Que factos têm, para justificar, por exemplo, que o bem estar aumenta a produtividade individual e corporativa?
A abordagem é sustentada por dados e “KPIs” tangíveis. Em estudos que revelam que o bem-estar está diretamente correlacionado com a produtividade. Por exemplo, dados da Gallup mostram que colaboradores felizes são 21% mais produtivos e empresas com elevado bem-estar experienciam uma redução de 41% no absentismo. Adicionalmente, a segurança psicológica, um pilar essencial abordado na certificação, reduz o turnover e aumenta o desempenho em equipas de alta exigência.
Acrescento o ROI em programas de bem-estar, onde os dados de várias organizações mundiais demonstram que o investimento em programas de bem-estar gera um retorno de financeiro, no que diz respeito à redução de custos associados à saúde e ao turnover. Esses indicadores são amplamente integrados na certificação, que prepara os participantes para implementar programas que previnem estes cenários. E vai mais longe, capacita-os de ferramentas que os nossos formadores, com experiência de mais de 47 anos, o caso do Prof. Pedro Martins, ou Leyla Nascimento, primeira mulher Presidente da ABRH (Associação Brasileira Recursos Humanos).
Existe já um projeto para a Norma Portuguesa para implementação do bem-estar e felicidade organizacional, de que forma os requisitos e linhas de orientação para a sua utilização estão refletidos na certificação? – Esta mesma norma, pressupõe um sistema integrado para implementação do bem-estar e felicidade organizacional. De que forma a certificação permite ganhar as ferramentas para garantir um sistema robusto, de melhoria contínua, sobre este tema?
Sim, a certificação está alinhada com as diretrizes da Norma Portuguesa. Inclusive, tem como formadora do módulo, a própria Ausenda Oliveira, responsável pela Norma. A certificação segue a Norma Portuguesa para o Bem-Estar e Felicidade Organizacional pressupondo um sistema integrado de melhoria contínua, que vai além de intervenções pontuais. Prepara os formandos para a implementação de programas robustos que incluem diagnóstico, alinhamento estratégico, formação e monitorização contínua. Estas ferramentas garantem que o sistema não só funciona, mas evolui com as necessidades da organização.
As organizações desempenham um papel fundamental na promoção de Bem-Estar, porque, ao respeitarem as necessidades e expectativas dos seus trabalhadores, criam um ambiente laboral mais saudável, sustentável e produtivo. No entanto, esta responsabilidade não é apenas dos Recursos Humanos… Qual o verdadeiro papel que atribuem aos gestores de Recursos Humanos neste tema?
Os gestores de Recursos Humanos desempenham um papel estratégico e transformador na promoção do bem-estar organizacional, mas não devem ser vistos como os únicos responsáveis por essa missão. O verdadeiro impacto do bem-estar e da felicidade no trabalho só é possível quando os gestores de RH atuam como facilitadores e líderes de mudança, mas contam com o envolvimento ativo de toda a liderança organizacional.
O papel do gestor de RH é multifacetado e pode ser descrito como o arquiteto do bem-estar. São eles que têm a responsabilidade de desenhar políticas, criar estruturas e implementar programas que não só promovam um ambiente de trabalho saudável, mas que também alinhem o bem-estar aos objetivos estratégicos da organização. Isto implica trabalhar em dimensões essenciais como o Diagnóstico Organizacional, Formação e Sensibilização, Ligação Estratégica, Guardião da Cultura Organizacional e ainda, Monitorização e Melhoria Contínua.
Contudo, e talvez mais importante, os gestores de Recursos Humanos devem assumir o papel de orquestradores do bem-estar, envolvendo ativamente todos os líderes da organização. O bem-estar é uma responsabilidade partilhada que deve ser impulsionada pelos diretores executivos, gestores intermédios e líderes de equipas. Estes, por sua vez, têm de reconhecer que cuidar das pessoas não é apenas uma tarefa do RH, mas uma prioridade estratégica que garante resultados sustentáveis a longo prazo.
O verdadeiro papel dos gestores de RH é, assim, criar as condições para que o bem-estar seja coletivo e estruturado, garantindo que cada colaborador, em cada nível, é parte ativa na construção de um ambiente de trabalho mais saudável, inovador e produtivo. É ao integrar o bem-estar nas decisões diárias, práticas de liderança e políticas organizacionais que o impacto real é alcançado.
Na apresentação do curso, apresentam esta certificação como diferente das restantes neste âmbito; em que se diferenciam?
A Certificação Internacional de Gestor de Bem-Estar e Felicidade Organizacional é, sem dúvida, uma formação única e diferenciadora na sua essência, que eleva a promoção do bem-estar e da felicidade nas organizações a um novo patamar de excelência e relevância. Uma das principais características que a distingue é a sua dupla certificação, reconhecida tanto pelo IBS (International Board of Standards), um dos organismos globais mais prestigiados na acreditação de profissionais, como pela DGERT, o que assegura que o programa está alinhado com os mais elevados padrões internacionais e nacionais. Este reconhecimento reforça a credibilidade da formação e garante que os seus participantes têm uma certificação valorizada em mais de 150 países.
O programa foi cuidadosamente concebido para integrar, de forma holística, todas as áreas fundamentais para a promoção do bem-estar e, consequentemente, da felicidade organizacional. Não se trata de uma formação centrada apenas em aspetos teóricos, mas de uma abordagem prática e transversal, com 11 módulos que cobrem desde a segurança psicológica, ESG, humor corporativo, liderança humanizada, até a implementação de programas estruturados de bem-estar e felicidade. A certificação equipa os participantes com ferramentas concretas para criar impacto real nas suas organizações e para alinhar estratégias de bem-estar com objetivos empresariais.
Um dos fatores que tornam esta certificação verdadeiramente única é a qualidade e diversidade dos formadores e convidados internacionais. Contamos com mais de 32 especialistas de renome, oriundos de diferentes partes do mundo, que trazem experiências práticas, estudos de caso e abordagens inovadoras. Não poderíamos deixar de destacar algumas presenças de excelência:
- Tushar Gandhi, bisneto de Mahatma Gandhi e atual Presidente da Fundação Mahatma Gandhi, cujo legado e perspetiva sobre liderança humanizada e propósito inspirarão todos os participantes.
- Um assessor do Reino do Butão, o único país do mundo que mede a Felicidade Interna Bruta, trazendo uma visão única sobre políticas públicas e o impacto da felicidade no progresso sustentável.
- George Mentz, Presidente do IBS, que terá a honra de inaugurar esta certificação na sua sessão de abertura a 22 de janeiro de 2025, reforçando a relevância e o prestígio internacional deste programa.
Esta certificação não é apenas uma resposta às exigências do mercado de trabalho atual – é uma oportunidade para os profissionais se tornarem líderes diferenciadores, equipados com ferramentas e metodologias que criam impacto direto na vida das pessoas e no sucesso das organizações. Num mundo onde o bem-estar está cada vez mais no centro das prioridades estratégicas, esta certificação posiciona os seus participantes como agentes de transformação capazes de produzir resultados reais e duradouros.
É esta combinação única de reconhecimento global, abordagem holística, excelência dos formadores e foco em resultados práticos que torna a Certificação Internacional de Gestor de Bem-Estar e Felicidade Organizacional uma experiência formativa incomparável. Mais do que uma certificação, é um investimento no futuro do trabalho e no poder das pessoas como motores de sucesso organizacional.