Mercado de trabalho 2025: o que os DRH precisam de saber sobre talento, salários e recrutamento
O mercado de trabalho europeu tem atravessado mudanças significativas, impulsionadas por fatores como a escassez de competências, o envelhecimento populacional e a inflação salarial. Portugal não é exceção e enfrenta desafios semelhantes, ao mesmo tempo que procura novas formas de atrair talento e impulsionar a sua economia.
O mercado de trabalho na Europa: um panorama desafiante
Após um período de grande crescimento das contratações em 2022, a Europa registou uma desaceleração no recrutamento, com a taxa de empregos não preenchidos a manter-se 2,9% acima da média. O envelhecimento populacional é um dos grandes desafios, uma vez que muitos profissionais se reformam sem que novos trabalhadores entrem no mercado a um ritmo suficiente para suprir a procura.
Para combater esta tendência, países como Espanha têm apostado na atração de talento estrangeiro, empregando mais de 700.000 imigrantes em idade ativa nos últimos três anos. Além disso, estratégias como a mobilidade interna, a contratação de freelancers e a colaboração entre empresas e instituições de ensino serão fundamentais em 2025.
Portugal: menos vagas e um mercado competitivo para os candidatos
Em Portugal, o número de vagas de emprego tem vindo a cair desde o pico de 2022. Atualmente, regista-se um volume de ofertas inferior ao nível pré-pandemia, tornando o mercado favorável para os candidatos, que conseguem negociar salários mais elevados devido à escassez de competências em várias áreas.
Apesar de uma recuperação económica modesta, com um crescimento do PIB de 1,1% nos primeiros trimestres de 2024, as previsões apontam para um crescimento de apenas 1% em 2025, abaixo da meta de 2,5% desejada pelo Governo. A baixa produtividade, o fraco consumo das famílias e o reduzido investimento em infraestruturas são alguns dos fatores que limitam um crescimento mais expressivo.
Além disso, Portugal enfrenta um desafio demográfico significativo: a diminuição do número de nascimentos e o envelhecimento da população criam pressão sobre o mercado de trabalho. Em 2023, o país registou uma desaceleração no crescimento populacional natural, o que reforça a necessidade de investimento em requalificação profissional e atração de talento estrangeiro.
A inflação salarial e o poder de compra
A inflação salarial em Portugal caiu 5% pela primeira vez em dois anos, indicando uma ligeira recuperação do poder de compra. Desde setembro de 2023, os trabalhadores portugueses têm beneficiado de um crescimento salarial superior à inflação, com um aumento real de 1,9% em agosto de 2024. No entanto, este crescimento tem sido tímido, deixando os profissionais apenas 12 euros por semana acima do que ganhavam há dois anos.
O país continua a enfrentar desafios estruturais na valorização salarial, o que afeta a retenção de talento qualificado e a capacidade de atrair novos profissionais para setores estratégicos.
O desemprego e o desajuste de competências
A taxa de desemprego em Portugal mantém-se estável, rondando os 6%. Apesar desta aparente estabilidade, o mercado enfrenta desafios, nomeadamente o desajuste de competências, que dificulta o preenchimento de vagas em áreas como a saúde e a tecnologia.
Além disso, a produtividade nacional continua abaixo da de países como França e Alemanha, impactando a competitividade da economia portuguesa.
A migração e a força de trabalho estrangeira
Portugal tem-se tornado um destino cada vez mais popular para migrantes, com o número de trabalhadores estrangeiros a crescer rapidamente. Em 2023, cerca de 130.000 pessoas imigraram para o país, enquanto 65.000 emigraram, resultando numa migração líquida positiva de 70.000 pessoas.
Os setores de tecnologia da informação e construção destacam-se como os principais empregadores de talento estrangeiro. Adicionalmente, os portugueses emigrantes representam um potencial estratégico para o crescimento do mercado de trabalho nacional.
Perspetivas para 2025
Apesar dos desafios económicos e demográficos, Portugal tem oportunidades para impulsionar o seu mercado de trabalho, apostando em:
- Requalificação profissional e mobilidade interna;
- Atração de talento estrangeiro para colmatar a escassez de competências;
- Políticas fiscais e de incentivos para reter jovens talentos;
- Investimento em setores estratégicos, como a tecnologia e a energia renovável.
O sucesso do mercado de trabalho português dependerá da capacidade de adaptação às novas dinâmicas económicas e de criação de condições favoráveis para a captação e retenção de talento.
Para ver o relatório do estudo completo clique aqui Relatório sobre o mercado de trabalho português e europeu – Robert-Walters –
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