Nos últimos anos, gerir as transições de carreira e saber “desligar” têm vindo a ser temas cada vez mais relevante para as empresas, especialmente à medida que as demissões e reestruturações se tornam parte da realidade organizacional. O estudo “Severance & Separation Benefits 2024 Benchmark Study”, realizado pela LHH, revela três grandes tendências que estão a impactar estas práticas nos Estados Unidos e no Canadá.
As principais tendências:
- Pacotes de transição de carreira generosos – Uma das tendências mais evidentes é a crescente generosidade nos pacotes de transição de carreira. O estudo concluiu que 91% das empresas reviram as suas políticas nos últimos dois anos e 70% tornaram os pacotes mais vantajosos para os funcionários. Isto reflete a necessidade das empresas se prepararem para um cenário cada vez mais comum de demissões e reorganizações.A generosidade dos pacotes, no entanto, varia significativamente entre os setores. Por exemplo, enquanto apenas 30% das organizações do setor público e não lucrativo aumentaram os pacotes, no setor de media/entretenimento e utilidades/serviços públicos, esse número chega a 88%. Para os profissionais de RH, isto significa que é fundamental entender a realidade do setor, para oferecer pacotes competitivos que atraiam e retenham talentos.
- Formalização e documentação crescente – Apenas 3% das empresas não possuem documentação formal sobre as suas políticas que facilitam o “desligar”, uma queda significativa em relação a 2017, época em que 30% das empresas dos EUA não possuíam esse tipo de documentação. Esta mudança indica uma crescente profissionalização nesta área, com muitas empresas a criar fórmulas e padrões claros para calcular as verbas rescisórias.Esta formalização também tem impactos positivos na retenção de talentos. Funcionários que sabem o que esperar em termos de pacotes de transição de carreira tendem a sentir-se mais seguros e leais à empresa, especialmente durante períodos difíceis. Em empresas de pequena dimensão, ainda existe um número considerável de organizações sem documentação, o que reforça a necessidade de melhorar a estrutura interna de RH.
- Tecnologia nos programas de outplacement – Os programas de outplacement são essenciais para ajudar os funcionários a voltar ao mercado de trabalho. O estudo mostra que 46% das empresas nos EUA vêem a tecnologia como o recurso mais importante nos seus programas de outplacement, um aumento significativo em relação a 2020.A tecnologia, por meio de plataformas digitais, coaching online e acesso a cursos e oportunidades de emprego, tem desempenhado um papel central na facilitação do “desligar”. No Canadá, por outro lado, as empresas ainda priorizam os encontros presenciais, como seminários e coaching. Para os profissionais de RH, isto significa que investir em soluções digitais para a transição de carreira é importante tanto para a experiência do colaborador, como para a reputação da empresa.
Impacto nos profissionais de RH
A gestão do “desligar” não é mais uma mera formalidade, ou uma questão de custos, visto que se tem vindo a tornar um fator chave para a saúde organizacional. Políticas claras e generosas de separação não só ajudam a proteger a imagem da empresa durante períodos de demissões, como também contribuem para a retenção e o engagement dos funcionários.
A tendência de pacotes mais generosos e a formalização dos processos indicam uma necessidade crescente de transparência e clareza na comunicação com os funcionários. Para além disto, o uso de tecnologia nos programas de outplacement mostra que as empresas estão a perceber a importância de apoiar os colaboradores de forma moderna e eficiente, na sua transição de carreira.
Para as equipas de RH, o próximo passo é comparar as suas políticas com as de outras empresas do setor, ajustando pacotes e processos, para se manterem competitivas. Investir em ferramentas e tecnologias que melhorem a experiência de transição pode ser a chave para fortalecer a marca empregadora e garantir que a empresa se destaque como um lugar desejável para trabalhar, mesmo em tempos difíceis.
O estudo de 2024 da LHH revela que as empresas estão cada vez mais comprometidas com a criação de pacotes de transição de carreira justos e transparentes, reconhecendo que a forma como tratam os funcionários impacta diretamente sua reputação e seu sucesso a longo prazo. Para os profissionais de RH, estas tendências oferecem uma oportunidade única de transformar a maneira como a separação de colaboradores é gerida, com um foco cada vez maior no apoio à transição e no uso da tecnologia.
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