Embora a remuneração flexível e os benefícios sociais não sejam novidade na área dos Recursos Humanos, nos últimos anos as empresas renovaram o interesse por estas formas alternativas de remuneração.
Já lá vai o tempo em que os planos de remuneração total só podiam ser oferecidos por grandes multinacionais. Hoje já é totalmente viável para empresas de qualquer setor ou dimensão oferecer formas alternativas de recebimento da folha de vencimento.
Que fatores fizeram com que mais empresas se interessassem pelos benefícios dos empregados?
Embora dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelem que no nosso país existem mais de 3,5 milhões de desempregados, a verdade é que existem perfis ainda difíceis de obter para as empresas.
Não é que o talento seja escasso, é que aquele que é procurado normalmente já está ativo. Isso faz com que as empresas “roubem” talentos umas das outras, numa espécie de competição para ver quem é mais atraente e o melhor lugar para trabalhar.
O problema de atrair e reter talentos é muito mais do que uma dor de cabeça para as empresas. Os custos de seleção de determinados perfis, juntamente com o período de formação do novo colaborador, são consideravelmente elevados.
Uma pessoa leva em média cerca de seis meses para atingir o ponto certo de produtividade. Portanto, se os nossos profissionais permanecerem na empresa menos de dois anos, talvez nunca consigam compensar esse custo inicial de constituição, por isso as empresas têm se focado em novas formas de motivar os colaboradores.
O efeito da covid-19 nos planos de benefícios dos funcionários
Como poderia ser de outra forma, a pandemia também teve um efeito determinante sobre planos de compensação e benefícios flexíveis. Em primeiro lugar, porque o teletrabalho forçado e desordenado que tem ocorrido em muitas empresas, aliado à instabilidade do emprego, aos registos de regulamentação do trabalho temporário, aos reclusos e, em geral, à falta de liberdade, têm prejudicado a motivação dos colaboradores.
Não é que a produtividade tenha caído por causa do teletrabalho, na verdade, de acordo com uma pesquisa da Robert Walters, 47% dizem que, no caso deles, aumentou graças ao teletrabalho. A questão é que todas estas mudanças têm prejudicado a saúde física e mental das pessoas, o que, em muitos casos, tem gerado diferentes doenças, tanto física, emocional e psicologicamente, com as consequentes baixas médicas e faltas que isso acarreta.
Isso fez com que certos produtos dos planos de benefícios aumentassem. É o caso, por exemplo, do seguro saúde privado, que aumentou suas contratações em quase 5% durante a pandemia. Ou training online, em parte para poder adaptar as posições à nova forma mais digital de trabalhar.
A pandemia também foi um impulso importante para a digitalização de processos, também em termos de compensação. As empresas que tinham planos de benefícios mais tradicionais e manuais, nos quais o funcionário era contratado “no papel” e sempre conduzido por alguém da equipa de Recursos Humanos, tiveram que se adaptar.
Planos de benefícios como a melhor forma de gerar um vínculo emocional com os funcionários
A verdade é que a mentalidade das pessoas mudou nos últimos anos. Colaboradores que antes tinham o objetivo de fazer carreira dentro das empresas e permanecer até à idade da reforma, agora têm outros objetivos.
Acima de tudo, as novas gerações procuram sentir-se realizadas, com novos desafios e aprendizagens. Isso tornou os talentos mais solicitados muito mais difíceis de serem retidos pelas empresas.
“Hoje, a realidade é que os funcionários também se tornaram clientes de suas próprias empresas. É preciso atraí-los e convencê-los de que a empresa está alinhada com seus ideais. Para retê-los, simplesmente um salário no final do mês não é mais suficiente. São necessárias medidas que promovam o equilíbrio entre a vida profissional e familiar, como flexibilidade de horários, possibilidade de teletrabalho ou planos de benefícios. Tudo o que vai além do salário monetário e que conhecemos como salário emocional”, finaliza François-Pierre Puech, Country Manager da Robert Walters Portugal.