Autora:
Carla Guedes – Especialista em Comunicação Corporativa
Vai originar novos formatos de marketing e comunicação, assim como novos processos, técnicas e meios de recolha, tratamento e divulgação da informação, com uma nova aproximação ao cliente, seguidor, parceiro e fornecedor.
“… Remote work isn’t a privilege or a special accommodation. It’s a way of working, and that’s a strong statement for some people. It shouldn’t be a question of rewarding top performers with the ability to work remotely.”
Nickie Bellington, Atlassian
É sempre em épocas de crise, de “guerra”, que as grandes revoluções acontecem a todos os níveis e em vários domínios. No momento atual, empresas e pessoas reinventam-se, superam-se. Até muito recentemente a esmagadora maioria das empresas não via qualquer vantagem no teletrabalho, chegando a não o considerar, com medo de quebra de produtividade, isolamento dos colaboradores, falta de interesse, apatia ou displicência. Mas o paradigma está a mudar, infelizmente pelas piores razões: pandemia Covid19. Com o distanciamento social e as quarentenas obrigatórias, o teletrabalho está a provar que pode funcionar e com qualidade. Algumas pesquisas internacionais demonstram mesmo que trabalhar remotamente ou virtualmente pode gerar melhorias de produtividade com valores a chegar até aos 43%.
O teletrabalho ou trabalho remoto, pode ser definido como uma forma de trabalhar à distância, deriva do termo inglês telecommuting e assenta num novo paradigma, onde o trabalho vai ao encontro do trabalhador. Tem a grande vantagem de poder ser realizado em qualquer ambiente. É realizado por intermédio de infraestruturas de telecomunicações, tecnologias de informação e de comunicação. Proporciona flexibilidade na organização do trabalho e permite uma melhoria económica e de produtividade do trabalho, uma vez que há uma redução de encargos financeiros, de esforços, de energia, de recursos, de tempos.
Para além do teletrabalho, o reskilling é outra grande tendência que o Covid-19 nos está a obrigar a seguir, alterando a forma como trabalhamos e aprendemos. Ainda não podemos ou conseguimos controlar o que acontece no nosso universo, mundo, país ou cidade, por isso a única maneira que temos para evoluir e/ou avançar é através da adaptação e, se possível, inovação. Neste sentido, a forma mais rápida de nos ajustarmos será redobrar a atenção à mudança e reformular rapidamente a nossa forma de estar perante cada problema que possa surgir, daí a importância deste reskilling. No meio de tanta novidade e incerteza gerada pela pandemia, a melhor forma de agir terá como base a atualização e enriquecimento das nossas competências digitais e da nossa força de trabalho.
Em 2017 indicadores da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound) colocavam Portugal na cauda da Europa, com apenas 11% dos profissionais em trabalho remoto, desses, apenas 2% o faziam a título permanente. A mudança está a acontecer, e o ensino é um caso paradigmático. Segundo o jornal Público, “dados recentemente (12 de março) partilhados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mostram uma adesão sem precedentes ao regime de ensino à distância Colibri. A utilização da plataforma sofreu um crescimento de 2800%, passando a ser experimentada por mais 56.500 pessoas do que o habitual, sendo que o número normal de utilizadores diários do Colibri ronda os 1990. E, em vez das típicas 210 reuniões diárias, realizaram-se mais de 3.574”.
Nas palavras de Richard Branson, Founder and Chairman of Virgin, “We like to give people the freedom to work where they want, safe in the knowledge that they have the drive and expertise to perform excellently, whether they [are] at their desk or in their kitchen. Yours truly has never worked out of an office, and never will. To successfully work with other people, you have to trust each other.” Esta citação pode perfeitamente ilustrar o futuro do trabalho.
Por ser uma situação muito recente, é ainda prematuro e impossível medir os impactos totais do COVID-19 no mercado de trabalho. No entanto, é provável que as taxas de teletrabalho em Portugal e na Europa bem como as relações empregador/empregado sejam alteradas para sempre. Esta experiência social de isolamento/distanciamento social é a chave que vai abrir definitivamente a porta para o trabalho à distância. Muitas empresas vão passar a utilizar este novo regime de trabalho de forma diária, intensiva e exclusiva. Possibilitando demonstrar que é possível uma democratização e flexibilização do trabalho, que entre outras vantagens vai possibilitar uma redução de custos de exploração, ao mesmo tempo que aumenta a eficiência, produtividade e qualidade do desempenho de cada um. Vai originar novos formatos de marketing e comunicação, com uma nova aproximação ao cliente, seguidor, parceiro e fornecedor. Vai criar novos processos, técnicas e meios de recolha, tratamento e divulgação da informação, associados a este mundo novo onde estamos a entrar. Vai obrigar à implementação de produtos e serviços inovadores, porque vão aparecer novas necessidades associadas a uma procura também nova.