A Comissão Europeia define a Responsabilidade Social das Empresas (RSE) como “a contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável”, o que implica “a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas suas operações comerciais e na sua interação com os stakeholders”.
O objetivo final desta contribuição é garantir que as organizações tenham um impacto positivo na sociedade como um todo, mantendo-se economicamente viáveis.
Apesar de um envolvimento tímido, em que apenas 33% dos colaboradores acreditam que o compromisso da sua organização em matéria de RSE responde aos grandes desafios globais atuais (alterações climáticas, diversidade e inclusão, eficiência energética, etc.), Portugal surge como um país em que existe um maior compromisso na matéria.
De acordo com um estudo internacional da Cegoc, quase 4/5 (77%) dos colaboradores em Portugal consideram-se promotores ou militantes relativamente aos desafios da RSE. É o país, dos 8, com a percentagem mais elevada (a média é de 59%).
Em Portugal, os temas de RSE que os colaboradores têm em maior consciência são a diversidade e inclusão (44%), a ética (43%) e a qualidade de vida no trabalho (41%). A única diferença para o cômputo geral verifica-se justamente no primeiro lugar, que na média dos 8 países é ocupado pelo impacto social (41%), ficando a diversidade e inclusão no 4º lugar (34%).
No posicionamento individual que cada colaborador adota perante a RSE, Portugal ocupa lugar de vanguarda, já que 77% afirma-se promotor (73%) ou militante (4%) relativamente aos desafios da RSE. Nenhum outro país recolheu um somatório tão elevado de posições pró-ativas (Brasil com 75% e Itália com 70% foram os mais próximos). A média dos 8 é de 59%. No extremo oposto, quando são somadas as posições indiferente, cético e até detrator, o resultado global é de 41%, ao passo que o de Portugal, isoladamente, é de 23%.
No entanto, o empenho dos colaboradores continua a ser limitado. O principal obstáculo à RSE, segundo os respetivos managers em Portugal, é a ausência de uma equipa dedicada à execução do programa de RSE (35%).
Organizações sobre maior pressão interna relativamente a RSE
Embora o compromisso das empresas relativamente ao RSE seja agora amplamente reconhecido, existe cada vez mais pressão, com expectativas internas cada vez maiores em matéria de RSE.
“Os colaboradores em Portugal têm uma opinião bastante dura sobre o nível de empenhamento da sua empresa (5,8 em 10), que não é acompanhada pela dos managers de RSE (7,6). Entre os 8, a discrepância é similar (6,1 vs. 8,1)”, informa a Cegoc.
Assim, apenas 30% dos colaboradores em Portugal (33% na globalidade) acreditam que o compromisso da sua organização em matéria de RSE responde aos grandes desafios globais da atualidade.
Mesmo que as empresas “possam e devam fazer melhor”, os colaboradores reconhecem o impacto significativo da abordagem de RSE da organização/empresa na sua atividade profissional quotidiana: 47% em Portugal e 51% na globalidade.
Embora este impacto seja concreto, não está ligado à gestão direta, que continua a ser considerada pouco envolvida na RSE por uma grande maioria dos colaboradores: 77% nos portugueses e 72% no conjunto internacional. Por exemplo, apenas 3% dos colaboradores portugueses (e 4% a nível global) consideram que as chefias diretas são verdadeiros impulsionadores para a mudança nesta área.
Comunicação, formação e apoio para aumentar a eficácia das políticas de RSE
Apesar da sua legitimidade, existe uma falta de visibilidade e de comunicação sobre a RSE: os colaboradores afirmam estar pouco informados sobre a abordagem da sua empresa, com uma classificação média de 5,2 em Portugal e 5,7 na globalidade dos países (numa escala até 10). Esta opinião não é partilhada pelos managers de RSE, que classificam o nível de informação dos colaboradores em 7,7 em Portugal e 8 na média do barómetro.
“30% dos colaboradores inquiridos em Portugal garantem não ter concluído qualquer programa de formação relacionado com a RSE nos últimos 3 anos. Realidade semelhante abrange apenas 13% dos colaboradores da média dos países do estudo”, explica a Cegoc.
De acordo com o estudo da Cegoc, apenas 17% dos colaboradores portugueses receberam formação sobre todas as principais questões de RSE. Na média “dos 8”, beneficiaram 18%.
Para se envolverem mais na RSE da sua empresa, os colaboradores, tanto da globalidade dos países como somente de Portugal, manifestam um maior interesse na formação nestas 3 áreas: qualidade de vida no trabalho; saúde e a segurança no trabalho e redução do impacto ambiental (todos com mais de 75%).