A Segurança e Saúde no Trabalho (SST) constitui, sem dúvida, uma prioridade inegociável para a promoção do bem-estar e da eficiência de qualquer organização. Neste quadro, a sistemática recolha e análise das estatísticas de acidentes de trabalho desempenha, certamente, um papel central.
Afinal, trata-se de um indicador indispensável para avaliar os riscos profissionais, identificar padrões e, a partir daí, definir medidas para reduzir a futura incidência de acidentes laborais. Mas como recolher estas estatísticas de acidentes de trabalho? E que tipos de métricas se deve ter em consideração? Neste guia completo, respondemos, então, a estas e outras questões essenciais para a gestão da segurança nas organizações.
De facto, são múltiplos os indicadores a equacionar no âmbito de uma estratégia sólida e global de SST. No entanto, a ocorrência de acidentes no local de trabalho é um dos fatores mais críticos para qualquer organização. De notar que a falta de condições de trabalho seguras podem desencadear lesões corporais, perturbações funcionais, doenças ocupacionais ou, no limite, a morte do trabalhador.
Além das evidentes consequências para a segurança e o bem-estar dos trabalhadores, estas ocorrências podem, ainda, comprometer severamente o capital reputacional das organizações. Nesse sentido, o tratamento das estatísticas de acidentes de trabalho – dados que oferecem uma visão abrangente e detalhada destas ocorrências ao longo do ano – é fulcral para compreender as causas e a dimensão deste problema.
Quais são as métricas que as empresas devem recolher?
De modo a que as estatísticas de acidentes de trabalho se revelem profícuas, é essencial que o trabalho de recolha e análise incida sobre dados relevantes e abrangentes. Assim, entre as métricas a equacionar, podemos destacar:
- Tipo de acidente (por exemplo, colisão, eletrocussão, corte, ou queda, em trabalhos verticais);
- Localização da ocorrência;
- Dia da semana e horário do acidente;
- Condições ambientais no momento da ocorrência;
- Severidade do acidente – leve, grave, muito grave ou mortal, seguindo a escala estipulada pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT);
- Material envolvido (destacando, se aplicável, os Equipamentos de Proteção Individual em utilização);
- Consequências da ocorrência para a saúde e a integridade física do trabalhador, especificando elementos como a parte do corpo afetada;
- Restrições laborais, transferências de funções e dias de ausência provocados pela ocorrência;
- Fatores humanos que estiveram entre as causas do acidente de trabalho, como fadiga, ou formação insuficiente;
- Frequência dos incidentes (estabelecendo uma média por mês, por exemplo);
- Tempo médio de resposta aos acidentes reportados.
A meticulosa análise destas estatísticas de acidentes de trabalho oferece, pois, uma perspetiva pormenorizada e global sobre este problema incontornável nas empresas. No entanto, é crucial manter a constante atualização deste processo.
Pois bem, a simples recolha e análise das estatísticas de acidentes de trabalho não é suficiente. O verdadeiro valor deste trabalho prende-se, sem dúvida, com a transformação dos dados em insights acionáveis que possam servir de pilar à otimização das condições de segurança nas organizações. Vejamos, então, alguns fatores basilares neste âmbito.
Para que o tratamento estatístico destes indicadores se norteie por critérios de precisão, abrangência e utilidade prática, considere algumas etapas:
- Estipule os objetivos da análise. A partir daí, estabeleça os dados e as métricas a recolher;
- Defina as pessoas responsáveis pela recolha e análise das informações, assim como as ferramentas tecnológicas a utilizar para garantir a eficiência deste exercício;
- Garanta que a recolha de dados é, de facto, ininterrupta, viabilizando assim a identificação de tendências aprofundadas nas estatísticas de acidentes de trabalho;
- Estipule mecanismos de verificação da consistência e da exatidão dos dados;
- Determine os momentos em que, ao longo do ano, a equipa responsável pela gestão de SST deverá sistematizar e avaliar a informação estatística, utilizando-a como base para implementar estratégias de prevenção de acidentes;
- Apresente, com clareza, os resultados e as ações de melhoria a adotar, envolvendo todos os trabalhadores.
As ferramentas digitais desempenham um papel cada vez mais relevante nos diversos processos da gestão da SST. No que concerne ao tratamento estatístico dos acidentes laborais, a tecnologia pode ser útil em vários domínios, a saber:
- Softwares de segurança no trabalho – Estes programas especializados em Segurança e Saúde no Trabalho facilitam a centralização dos dados, assim como a identificação de riscos, padrões e tendências.
- Sensores – As tecnologias “vestíveis” (wearables) são, cada vez mais, um recurso importante nesta área. Estes dispositivos com sensores e Internet das Coisas (EPI inteligentes, por exemplo) monitorizam as condições de trabalho, a exposição a riscos ocupacionais e os acidentes de trabalho.
- Automação de relatórios – Cada vez mais, sistemas equipados com Inteligência Artificial (IA) asseguram, de forma automática e autónoma, a produção de avaliações alicerçadas na análise de dados. Além disso, facultam indicações relevantes para o planeamento de ações corretivas.
A sistemática recolha e análise das estatísticas de acidentes de trabalho deve, então, desembocar no desenho de programas de SST mais robustos. Esta fase é fulcral para garantir uma redução da incidência destas ocorrências nefastas para os trabalhadores e, claro, para a empresa. Não obstante, importa sublinhar que esta adaptação das políticas e medidas de segurança exige um esforço contínuo e holístico, que não se limite aos relatórios concernentes às estatísticas de acidentes de trabalho.
Com efeito, devem considerar-se variáveis como:
- A análise periódica dos riscos profissionais;
- O feedback dos trabalhadores;
- Formação dos trabalhadores acerca dos riscos e medidas de prevenção;
- Manutenção e inspeção adequada de máquinas e equipamentos de trabalho;
- Organização do trabalho e pausas necessárias;
- O estado e conservação de EPI’s;
- A evolução das condições e dos métodos de trabalho;
- Os resultados de inspeções e auditorias;
- A implementação de tecnologias e equipamentos inovadores;
- As mudanças no enquadramento regulamentar e legislativo;
- A monitorização da eficácia das medidas corretivas.
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