Um estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG) indica que apesar dos trabalhadores das empresas se sentirem otimistas quanto à forma como a Inteligência Artificial (IA) irá afetar o seu trabalho, a opinião varia consoante o país e senioridade.
Os inquiridos mais otimistas são provenientes do Brasil (71%), Índia (60%) e Médio Oriente (58%), em oposição aos EUA (46%), Países Baixos (44%) e Japão (40%), que apresentam os valores mais baixos. As regiões mais preocupadas com a tecnologia são os Países Baixos (42%), a França (41%) e o Japão (38%), enquanto no outro extremo estão o Médio Oriente (25%), o Brasil (19%) e a Índia (14%).
A nível global, mais de metade dos inquiridos (52%) classificaram o otimismo como um dos seus dois principais sentimentos, um salto de 17 pontos em relação a 2018, quando este inquérito foi realizado pela última vez. A preocupação registou o declínio mais acentuado, caindo de 40% para 30%.
Dentro das organizações, enquanto 62% dos líderes estão otimistas em relação à IA, esse valor baixa para 42% entre os colaboradores. A maioria (62%) dos utilizadores regulares de IA generativa estão otimistas em relação à mesma.
De acordo com o relatório da BCG, 36% das pessoas acreditam que a Inteligência Artificial vai eliminar os seus empregos.
Oito em cada dez líderes refere que utiliza regularmente ferramentas de IA generativa, em comparação com apenas 20% dos colaboradores, que constituíam a maior percentagem de não utilizadores (60%) de ferramentas de IA generativa em geral.
Mais de um terço dos inquiridos pensa que é provável que o seu emprego seja eliminado pela IA. Para se prepararem para os efeitos desta tecnologia no trabalho, 86% acreditam que irá precisar de formação para aperfeiçoar as suas competências. No entanto, apenas 14% dos colaboradores afirmam ter recebido formação de atualização de competências, em comparação com 44% dos líderes.
A regulamentação e a responsabilidade estão no topo das preocupações dos trabalhadores
Apesar das suas preocupações, 71% dos inquiridos acredita que as recompensas da IA generativa superam os riscos. No entanto, também querem que os riscos sejam geridos – 79% acreditam que são necessários regulamentos específicos para a IA.
Em vez de esperar que a regulamentação governamental seja promulgada, muitas empresas estão a desenvolver e a implementar as suas próprias estruturas de IA responsável para gerir esta tecnologia emergente de uma forma que se alinhe com o objetivo organizacional e os valores éticos. As opiniões dos trabalhadores sobre a eficácia desses programas variam muito: enquanto 68% dos líderes sentem-se confiante sobre o uso responsável da IA pela sua organização, apenas 29% dos colaboradores acreditam que as suas empresas implementaram medidas adequadas para garantir que a IA seja usada de forma responsável.
Os colaboradores estão prontos para aceitar a IA no local de trabalho, mas apenas se estiverem confiantes de que o seu empregador está a utilizar a IA de forma ética e responsável. O estudo partilha, por isso, três recomendações chave para os líderes: garantir a existência de espaços para a experimentação responsável da IA; investir na atualização regular de competências para ajudar os colaboradores a prepararem- se para as mudanças no seu trabalho e para que tenham sucesso nas suas funções em evolução; priorizar a criação de um programa de IA responsável.