Num inquérito realizado junto de mais de 2000 executivos em 24 países, 75% dos inquiridos revelaram que as suas organizações aumentaram os investimentos na área da sustentabilidade no ano passado, com quase 20% dos quais a afirmar que o fizeram de forma significativa. São resultados no “CxO Sustainability Report” da Deloitte, que avalia anualmente as preocupações e ações dos líderes empresariais C-level no que diz respeito às ações climáticas e de sustentabilidade, identificando ainda as principais recomendações para que as organizações possam atingir as metas propostas nesta área.
“Apesar dos desafios complexos que os líderes das empresas enfrentaram no último ano, como a incerteza económica, conflito geopolítico ou interrupções na cadeia de logística, as alterações climáticas surgem como preocupação principal. Perante estas conclusões, os líderes mundiais devem unir esforços para, coletivamente, gerar um impacto positivo e mensurável para a sustentabilidade do planeta. Este caminho exige um esforço adicional para cumprir as metas já definidas, mas permitirá garantir uma transição justa em prol do futuro do planeta”, explica Afonso Arnaldo, Partner e Sustainability and Climate Practice Leader da Deloitte.
Otimismo mantém-se apesar da crescente preocupação com as alterações climáticas
A Deloitte também explica que quase toda a totalidade dos CxOs entrevistados afirmaram que a sua organização sentiu de alguma forma o impacto das alterações climáticas no ano passado. De acordo com dados do inquérito, 46% dos CxOs relatam escassez e custo acrescido dos recursos como o principal problema que afeta as organizações, enquanto 45% dos inquiridos destacaram uma mudança nos padrões e preferências do consumo associado às mudanças climáticas. “Por outro lado, 43% apontaram a regulamentação das emissões como outro dos principais problemas que afetam as empresas. Adicionalmente, cerca de um terço dos executivos C-level afirmou que as questões climáticas estão a afetar negativamente a saúde física (37%) e mental (32%) dos colaboradores”, indica a Deloitte.
Além do impacto nos negócios e relação com stakeholders, 82% dos CxOs disseram ter sido pessoalmente afetados por eventos climáticos no ano passado, sendo o calor extremo o problema mais citado. Do total dos inquiridos, 62% confessaram sentirem-se preocupados com as mudanças climáticas sempre ou na maior parte do tempo.
Apesar das preocupações reveladas no estudo, 78% dos líderes estão otimistas de que a sociedade irá tomar as medidas necessárias para evitar os piores efeitos das alterações climáticas e 84% concordam que as metas climáticas podem ser atingidas ao mesmo tempo que se mantém um crescimento económico global sustentado.
Corresponder às expectativas dos stakeholders
O estudo da Deloitte mostra que as organizações se sentem cada vez mais pressionadas pelos stakeholders para serem verdadeiros agentes de mudança no tema das alterações climáticas. 68% dos CxOs disseram sentir-se muito ou moderadamente pressionados por parte de membros do conselho de administração, reguladores, governo, consumidores e clientes. Paralelamente, as organizações estão gradualmente a sentir uma pressão crescente por parte dos acionistas e investidores (66%), funcionários (64%) e sociedade civil (64%).
O ativismo por parte dos colaboradores está também a impor mais trabalho na área da sustentabilidade. Mais da metade dos CxOs ouvidos afirmam que a pressão dos colaboradores nas questões climáticas conduziu a um aumento das ações de sustentabilidade no ano passado. A regulação tem também tido um impacto crescente: 65% dos CxOs dizem que a alteração aos quadros regulatórios levou a um aumento das ações climáticas em 2022.
À semelhança da última edição do estudo, os CxOs elegeram o reconhecimento e a reputação de marca, a satisfação do cliente e o bem-estar dos colaboradores como três dos principais benefícios dos investimentos na área da sustentabilidade. Estes dados sugerem que muitos CxOs veem as ações climáticas como uma forma de fortalecer relações com os stakeholders. No polo oposto, vários CxOs entrevistados continuam a ter dificuldades em definir as vantagens financeiras a longo prazo dos investimentos feitos na área da sustentabilidade.