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ARTIGO: Felicidade Infeliz

IIRH Por IIRH
24 de Fevereiro, 2022
em ARTIGOS TÉCNICOS, DESTAQUES
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Como a felicidade dos colaboradores traz rentabilidade para o negócio
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Autores: Arménio Rego, Professor catedrático convidado na Católica Porto Business School, onde dirige o LEAD.Lab., autor e coautor de vários livros nas áreas da liderança e da gestão de pessoas | Miguel Pina e Cunha, Professor catedrático na Nova SBE, com vasta investigação em processos organizacionais positivos e negativos.

 

Arménio Rego
Miguel Pina e Cunha


T

om aprendeu a falar várias línguas. Estudou computação, mas não se sentiu preenchido. Empenhado em ser feliz, procurou uma carreira compatível com os seus interesses e valores. Trabalhou nas Nações Unidas, depois numa startup nova-iorquina, seguidamente como gestor de supermercado, finalmente como consultor. Pensou em mudar para Porto Rico, Trinidad, Colômbia ou Canadá. Insatisfeito, tentou standup comedy. Considerou obter formação, no estrangeiro, em educação, ciência, gestão ou psicologia. Insatisfeito com o seu caminho para a felicidade, criou uma ferramenta online para ajudar as pessoas a desenvolverem hábitos mais produtivos. Insatisfeito novamente, mudou-se para Pequim, seguidamente para a Alemanha, depois para o Canadá, e voltou aos EUA. Regressou à Alemanha para trabalhar num website que ajudava casais. Voltou a Pequim para vender mobiliário de escritório. Teve posteriores experiências em dois continentes. Esta é a história relatada por Adam Grant para mostrar como a busca da felicidade pode ser uma fonte de infelicidade. Do seu ponto de vista, Tom cometeu quatro erros:

1. Tão preocupado em alcançar a felicidade, Tom esqueceu-se de viver cada momento, de se entregar a cada projeto, e de desenvolver relacionamentos frutuosos duradouros.

2. Sobrestimou o papel das circunstâncias na sua felicidade. Entusiasmado com cada projeto, rapidamente se acostumou ao mesmo – e a emoção perdeu-se.

3. Tom focou a atenção em si próprio, esquecendo-se de que a felicidade se constrói na relação com os outros.

4. Buscou mais emoções positivas intensas do que emoções positivas frequentes. Incapaz de encontrar intensidade permanentemente, experimentou frustração. Obcecado com o emprego de sonho e o país ideal, não conseguiu apreciar as pequenas e belas coisas que cada emprego e cada país lhe proporcionavam.

Quando o tiro sai pela culatra

Epicuro avisou os seus discípulos de que a procura imoderada da felicidade pode conduzir à infelicidade. Séculos antes, Buda fora ainda mais radical: a procura de sensações agradáveis está na origem do próprio sofrimento. Também Tolentino de Mendonça escreveu:

«Por irónico que possa parecer, a ideologia da felicidade — que hoje contamina todos os planos da vida e da sua representação — tem disseminado de modo maciço a frustração, a tristeza e a infelicidade. Tornamo-nos mais infelizes a partir do momento em que erguemos a felicidade como idealização que absorve o nosso imaginário e ainda não percebemos até que ponto esse conceito abstrato se tornou uma armadilha que nos aprisiona no seu inverso.»

Epicuro avisou os seus discípulos de que a procura imoderada da felicidade pode conduzir à infelicidade. Séculos antes, Buda fora ainda mais radical: a procura de sensações agradáveis está na origem do próprio sofrimento

A literatura científica corrobora este paradoxo. A valorização e a prossecução da felicidade podem ser maléficas. E aceitar as emoções negativas pode ser uma maneira eficaz de ser mais feliz (ou menos infeliz!). As pessoas que buscam intensamente a felicidade ficam frequentemente desapontadas, especialmente em situações (e.g., no amor) com grande potencial de geração de infelicidade! Focadas na sua própria felicidade, podem prejudicar os relacionamentos com os outros. Daí decorrem sentimentos de solidão que redundam em infelicidade. King, num texto sobre intervenções destinadas a promover a felicidade, escreveu: “Quando a felicidade é o objetivo explícito, é provável que o tiro saia pela culatra”. John Kay, reputado economista inglês, afinou pelo mesmo diapasão: “As pessoas mais felizes não são necessariamente as mais focadas na prossecução da sua felicidade pessoal.”

Em suma: o foco na felicidade pode tornar as pessoas menos felizes, pois torna-as menos capazes de lidar naturalmente com as inevitáveis agruras, obstáculos e infelicidades trazidas pela vida. Diferentemente, as pessoas que estão preparadas para a infelicidade…são mais felizes. Suu Kyi, líder da luta pela democracia na Birmânia, depois primeira-ministra, e novamente presa após golpe militar em fevereiro de 2021, orientou-se pelo conselho de um monge budista: “Para alcançar felicidade, é preciso estar preparado para sofrer”.

Felicidade infeliz na liderança

O acabado de expor é relevante para a liderança. A procura da felicidade hedónica, assente no sucesso pessoal e material, pode diminuir o sentido de significado na vida. O reverendo Peter Gomes, professor de moral cristã em Harvard, em entrevista à Harvard Business Review, afirmou, a respeito de executivos muito bem-sucedidos:

«Cruzo-me muitas vezes com pessoas bem-sucedidas nos negócios que me colocam estes tipos de questões: ‘Tudo isto vale a pena? O que obterei daqui? O que tenho feito? Sou bem-sucedido por qualquer padrão deste mundo que se possa imaginar, mas mesmo assim sou infeliz. Ou não posso gerar felicidade nos outros. Como posso conciliar o meu sucesso com o meu sentido de vazio?’ E o tipo de resposta que dou é que a pessoa colocou a confiança prioritária em empreendimentos penúltimos.»

O que o reverendo Gomes sugere é que, paradoxalmente, a infelicidade dos líderes advém do seu foco na felicidade “errada”! Centrados na felicidade hedónica, os líderes hipotecam outro tipo de felicidade: o significado no trabalho e na vida. Ter uma vida “infeliz”, mas com significado, pode ser mais admirável do que ser “feliz” mas não experimentar sentido de significado na vida.

O direito a não estar feliz

Deverão as empresas adotar políticas e instituir órgãos destinados a incrementar a felicidade dos trabalhadores. A pergunta pode parecer ridícula, mas alguma reflexão ajuda-nos a compreender a sua pertinência. Por vezes, políticas e práticas organizacionais que visam promover a felicidade dos empregados transformam-se em ditaduras emocionais que quase proíbem as pessoas de experimentarem infelicidade. Quando as paredes, os documentos e as narrativas estão repletas de alusões à felicidade dos empregados, estes podem sentir-se coagidos – por não terem espaço para expressar tristezas, amarguras e desconfortos. Se o patrão é tão enfático na promoção da felicidade do empregado, como pode o empregado dar-se ao luxo de estar infeliz?! Se o empregado está infeliz, contrariando a vontade do patrão, o culpado só pode ser o empregado!

Um clima organizacional com estes contornos pode tornar-se quase ditatorial. Recorde-se que, em Portugal, a antecessora da Fundação INATEL criada pelo Estado Novo denominava-se FNAT, Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho. Algumas organizações atuais, orientadas pelo lema segundo o qual “trabalhadores felizes são mais produtivos”, tornam-se máquinas de pressão para a felicidade. O tiro sai pela culatra, pois os empregados percebem que a intenção não é genuína – sendo apenas um expediente musical para extrair mais leite de vacas contentes. Os clientes também percecionam a discrepância entre as demonstrações de felicidade e as reais emoções experimentadas pelos empregados que os atendem.

Algumas organizações atuais, orientadas pelo lema segundo o qual “trabalhadores felizes são mais produtivos”, tornam-se máquinas de pressão para a felicidade

Os potenciais abusos associados a estas práticas ajudam a explicar porque o National Labor Relations Board, nos EUA, considerou inaceitável o código de conduta da T Mobile. O código dispunha que os empregados eram obrigados a manter um ambiente positivo no trabalho. Era o mesmo código que impedia os trabalhadores de comunicarem entre si acerca de salários, de falarem aos meios de comunicação social acerca das condições de trabalho ou de falarem com os colegas acerca de ações disciplinares.

Comentário final

A “felicidade”, em sentido lato ou integrado, é mais do que a satisfação de prazeres e o alcance de sucesso material e pessoal. Envolve, além dessa vertente, a experiência de significado na vida. O significado advém da prossecução de um propósito nobre. Líderes focados primordialmente na sua felicidade prazenteira podem, paradoxalmente, experimentar infelicidade e vazio. E líderes desejosos de criar ambientes de trabalho felizes podem acabar por criar ambientes tóxicos. Pensar na felicidade dos outros requer conceder-lhes o direito a não estarem felizes.

Preocupe-se com o bem-estar dos empregados. Mas não os “obrigue” a serem felizes – pois acabarão ainda mais infelizes

Daqui decorrem quatro ilações. Primeira: a melhor maneira de ser feliz pode não ser a procura tenaz da felicidade. Encare a vida com realismo e não idealize a felicidade do prazer e do bem-estar. Segunda: como líder, procure levar uma vida com propósito nobre. Esse desafio pode ser concretizado mediante a produção de bens e serviços que sejam realmente valiosos para as pessoas e a comunidade. Terceira: para ser feliz, nesse sentido integrado, não precisa necessariamente de sacrificar o seu bem-estar. Pense em si, mas também nos outros. Receba e dê. Quarta: preocupe-se com o bem-estar dos empregados. Mas não os “obrigue” a serem felizes – pois acabarão ainda mais infelizes.


Referências

• Baumeister, R.F., Vohs, K.D., Aaker, J.L. & Garbinsky, E.N. (2013). Some key differences between a happy life and a meaningful life. The Journal of Positive Psychology, 8(6), 505-516.
• Ferreira, E. P. (2016). O direito a não estar feliz. Expresso, 1o caderno, 28 de maio, 34.
• Gomes, P. J. (2001). Is success a sin? Harvard Business Review, September, 63-69.
• Grant, A. (2015). Does trying to be happy make us unhappy? Psychology Today, May 14 (https://www.psychologytoday.com/blog/give-and-take/201305/does-trying-be-happy-make-us-unhappy)
• Harari, Y.N. (2017). Homo Deus: História breve do amanhã. Amadora: Elsinore.
• Kay, J. (2014). Rationality is at work in the season of forced goodwill. Financial Times Europe, 24 December, 7.
• King, L. A. (2008). Interventions for enhancing subjective well-being: Can we make people happier and should we? In M. Eid & R. J. Larsen (Eds.), (2008). The science of subjective well-being (pp. 431-448). New York: Guilford Press.
• Lintner, B. (2011). Aung San Suu Kyi and Burma’s struggle for democracy. Chiang Mai: Silkworm.
• Mendonça, J. T. (2018). A felicidade que não existe. Expresso E, 22 de setembro, 90.
• Rego, A. & Cunha, M. P. (2020). Paradoxos da liderança. Lisboa: Sílabo
• Scheiber, N. (2015). T-Mobile policy violated labor law, judge rules. The New York Times, March 20, 2015.

Artigo técnico publicado na edição n.º 137 da RHmagazine, referente aos meses de novembro/dezembro de 2021.

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