Colaboração, pragmatismo, coragem e cuidado com os outros (e com o próprio) são habilidades que ajudam os líderes empresariais a proteger os colaboradores e as organizações de potenciais danos, e a navegar nestes novos tempos de mudança, crise e incerteza.
As diferentes abordagens das organizações a nível global ao Covid-19 demonstraram que quanto mais lenta e menos eficaz é a resposta à mudança, maior é o risco de prolongar as suas consequências. Os líderes das organizações deverão por isso responder de forma proativa, em vez de se limitarem a reagir perante as situações.
A realidade é que o futuro do trabalho já se encontra aqui. Se o coronavírus nos deixou alguma herança, é esta: a incerteza é a nova constante, e os líderes empresariais devem adotar práticas sustentáveis no tempo que protejam os seus negócios de crises futuras de natureza diversa.
1. COLABORAÇÃO
Ser visionário: a função de um líder consiste em estabelecer a direção da empresa e capacitar pessoas da sua confiança para que possam criar e implementar soluções que lhes garantam poder percorrer esse caminho plenamente. Além disso, deve comportar-se e delegar a tomada de decisões de maneira responsável às pessoas certas no momento adequado. Da mesma forma, é alguém que adota um pensamento dinâmico constante. Para conseguir tudo isto, um líder tem de saber colaborar e contar com uma equipa que o aconselhe sobre as prioridades e o ajude a gerir situações de mudança de elevado stress de forma tranquila e sistemática. Os seus conselheiros devem ser de disciplinas variadas (finanças, recursos humanos, área jurídica, marketing e comunicação, IT, etc.) para que possam oferecer-lhe perspetivas diferentes face a cada problema.
2. PRAGMATISMO
Ser sincero consigo mesmo: o líder deve conseguir ter uma visão do panorama geral para avaliar o alcance da situação de mudança, crise ou incerteza que está a afetar a empresa. Isto implica parar, refletir, avaliar a situação de diferentes perspetivas, considerar medidas de prevenção e decidir quais são as ações estratégicas prioritárias e necessárias. Este processo começa com o compromisso de todos os grupos de interesse afetados. Um líder tem de conseguir manter as discussões abertas e honestas sobre as debilidades que afetam as respetivas “comunidades” e promover a transparência do risco para começar a gerar soluções práticas que sejam possíveis de implementar por todos.
Um dos principais objetivos do líder empresarial deve ser garantir o acesso a ativos vitais necessários para um negócio sustentável, bem como identificar os pontos fracos e as sensibilidades e elaborar um plano de ação para abordar as maiores ameaças ou riscos. A priorização de estratégias e planos é essencial, e um bom líder necessita de elaborar um plano de ação que seja pragmático e flexível, podendo adaptar-se facilmente à medida que a situação se vai alterando.
3. CORAGEM
Segundo a consultora Robert Walters Portugal, um líder da mudança deve enterrar o seu ego e aceitar a possibilidade de existirem reviravoltas inesperadas mais profundas e prolongadas no seu negócio, de forma a ser capaz de criar soluções sensíveis e sustentáveis a longo-prazo. As decisões mais radicais, por exemplo redução de custos, podem salvar a empresa no futuro. Os desinvestimentos antecipados podem levar a maiores ganhos num ambiente de recessão.
Um líder numa situação de mudança deve também criar oportunidades inovadoras e estar aberto a possíveis dificuldades.
4. O CUIDADO COM OS OUTROS (E COM O PRÓPRIO)
A empatia, humanidade e humildade são características essenciais de um líder, alguém que aceita a incerteza com calma, compostura e confiança. Com essa aptidão, é capaz de gerar uma liderança credível que facilitará a superação de qualquer obstáculo, desafio ou adversidade. Cuidar de si mesmo é assim fundamental para atingir esse objetivo. Como liderar com o “depósito vazio”? A compaixão pelos outros começa com a compaixão por si mesmo. Todos os líderes precisam de se concentrar nos aspetos que podem afetar significativamente a equipa e os seus stakeholders: “Como são afetados os meus clientes, colaboradores e trabalhadores pelos eventos à medida que eles se desenrolam? Como posso aliviar os danos e o sofrimento durante esse período? Como posso ajudar os outros?”
O líder deve promover ativamente a “segurança psicológica” dentro da empresa: incentivar os funcionários e outras partes interessadas a pedir ajuda e discutir abertamente decisões, ideias e receios – sem medo de repercussões adicionais. Expressar interesse pelas suas preocupações e oferecer soluções que abordem e mitiguem o seu impacto deve ser uma prática natural e sistemática num líder. Da mesma forma, deve incentivar as suas equipas de trabalho a agir com responsabilidade. As diretrizes são úteis em questões não vinculativas que ajudam os colaboradores a entender como se comportar e tomar decisões por si mesmos.