A Sociedade Panificadora Costa & Ferreira é conhecida por um produto singular: o Pão de Rio Maior, o primeiro produto do setor da panificação a ser certificado em Portugal. Desde que foi fundada em 1990, em Rio Maior, a fábrica teve de se adaptar com o passar dos tempos e das competências, sem deixar de perder a autenticidade.
32 anos depois, a Panificadora conta com mais de 240 colaboradores, um complexo de fabrico de 85.000 m² e a capacidade de se reinventar todos os dias, acompanhando o mercado e novas tendências, correspondendo as espectativas dos consumidores cada vez mais exigentes.
Esta necessidade de reinvenção e adaptação tem sido o desafio de Deborah Barbosa, CEO da Panificadora Costa & Ferreira, especialmente com a escassez da matéria-prima essencial ao fabrico deste produto. Ao mesmo tempo, a CEO tem acompanhado os passos necessários para a empresa requalificar os seus colaboradores sem deixar de perder o distinto toque artesanal do Pão de Rio Maior.
Foi com este mote que a RHmagazine se sentou com Deborah Barbosa.
Conte-nos um pouco do seu percurso profissional, sendo que começou no chão de fábrica e atualmente é a diretora geral da Panificadora Costa & Ferreira?
Cheguei à empresa como Engenheira de Qualidade e, ao longo do tempo, ocupei cargos como técnica superior de Saúde e Segurança do Trabalho e Diretora Financeira, sem nunca pensar que um dia assumiria o cargo de diretora-geral.
Essa trajetória foi também muito viabilizada pela minha procura contínua pelo conhecimento. A minha formação base é em Engenharia Civil, que complementei com uma pós-graduação em Gestão de Qualidade e, posteriormente, com uma especialização em Segurança e Saúde no Trabalho.
Eterna insatisfeita, fui também concluir um mestrado em Contabilidade e Finanças, bem como um MBA (Master Business Administration) em Logística e Distribuição.
Na sua opinião, quais tem sido os principais desafios de uma empresa PME com 33 anos de história?
Manter o foco na nossa missão, ou seja, manter a preferência do consumidor, que é uma das nossas principais preocupações e que é também a nossa razão do sucesso. Esse será um dos principais, senão o nosso principal desafio. Por outro lado, manter a capacidade de nos adaptarmos e de nos reinventarmos, criando modelos de negócio, é igualmente um grande desafio.
Temos dois responsáveis pela gestão RH. A empresa tem atualmente mais de 240 colaboradores.
A Panificadora Costa & Ferreira aposta num trabalho diário e contínuo para a inovação e criação de novos produtos, sempre com o objetivo de corresponder às expectativas do consumidor e atingir o sucesso nestes desafios que enfrentamos.
Que dificuldades tem enfrentado na continuidade e renovação dos vossos profissionais, especialmente com uma crise europeia ao nível do fornecimento de cereais?
Vemos com serenidade a continuidade e renovação dos nossos profissionais, uma vez que temos crescido enquanto equipa desde o setor da produção à parte administrativa. Temos registado um crescente número de processos de recrutamento, e ainda a possibilidade de progressão interna de carreiras.
A escassez de matéria-prima (cereais) influencia-nos a tomar decisões devidamente pensadas e ponderadas na área do recrutamento, mas gostamos de apostar nos profissionais e, principalmente, nos que temos em “casa”.
Esperamos estar perto do fim da guerra e desta crise europeia, que se faz sentir ao nível do fornecimento de cerais, para que o mercado europeu consiga voltar novamente, e rapidamente, à sua estabilidade económica.
A requalificação é um tema importante? Que ações de formação tem promovido?
É um tema cada vez mais importante e desafiante, sendo que temos de ter em conta os seus principais intervenientes: os colaboradores, as empresas e as universidades. Tendo presente os intervenientes mencionados, as ações de formação que temos promovido abrangem uma grande diversidade de áreas, sendo todas elas importantes no setor a que pertencemos (panificação).
Algumas das ações de formação que promovemos internamente são de higienização nas diferentes seções da produção, outras promovidas por entidades externas no setor da qualidade, legislação laboral e acolhimento em todos os departamentos, que são renovadas a cada seis meses.
Como requalificar profissionais em novos métodos de trabalho e manter a autenticidade artesanal do pão de Rio Maior?
A requalificação profissional é um processo em que as empresas apoiam os seus colaboradores no desenvolvimento de novas competências, para que estes possam explorar novas funções e métodos de trabalho dentro da organização. Aliado a este processo, a nossa empresa tem ainda um maior desafio: manter a produção artesanal.
Assim, de forma a manter a nossa autenticidade artesanal, temos nos nossos quadros uma equipa jovem e dinâmica que faz um trabalho de investigação e testagem contínua de ingredientes, novas técnicas e receitas, para podermos aliar a tradição à inovação e tirar dos nossos fornos o melhor que a nossa empresa tem para dar: o Pão de Rio Maior!
Como funciona o vosso programa de Trainees? Planeiam fazê-lo novamente em 2023/2024?
O nosso programa de Trainees funciona com o apoio de diversas parcerias, nomeadamente com Universidades e Institutos Politécnicos, e com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Acolhemos estudantes que necessitam de realizar o seu estágio curricular, promovendo o conhecimento profissional necessário à sua entrada no mercado de trabalho.
No que diz respeito à parceria com o IEFP, promovemos estágios profissionais nas mais variadas áreas e possibilitando no fim dos mesmos a integração nos nossos quadros.