A Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) tem provocado grandes mudanças e impactos no mercado de trabalho e nas competências dos profissionais. Além destes aspectos, a disponibilidade e o sentimento dos colaboradores em relação aos impactos previstos da IA Generativa têm causado ansiedade e preocupação nos trabalhadores.
Estes pontos foram foco do relatório “Global Workforce of The Future Report 2023”, do Grupo Adecco, que analisou estes aspectos e forneceu recomendações para preparar a força de trabalho para o futuro.
Entre as conclusões do relatório, o Grupo Adecco percebeu que o uso de IA Generativa é generalizado, mas o acesso à formação é desigual. Enquanto 70% dos trabalhadores já usam IA Generativa no local de trabalho, menos de metade está a receber qualquer tipo de orientação IA Generativa dos seus empregadores.

Há também uma divisão educacional significativa, com 76% dos licenciados a usar IA Generativa contra apenas 51% dos que têm um ensino intermédio. E 66% dos líderes são mais propensos a receber orientação para o uso da IA em comparação com 32% de non-managers. Felizmente, 57% dos trabalhadores em geral expressaram que gostariam de receber formação em IA.
62% dos trabalhadores têm uma visão positiva da IA, sustentando a utilização generalizada. Apenas 7% dos trabalhadores acreditam que a IA Generativa pode levá-los a perder seus empregos, embora estudos recentes indiquem que mais de 300 milhões de empregos em todo o mundo serão interrompidos pela IA de alguma forma.

Numa visão por indústria, Life Sciences (75%), FMCG (73%) e Aeroespacial (72%) foram as indústrias que melhor avaliaram o impacto da IA no trabalho como positivo. O invés aconteceu na Indústria Transformadora (56%), no setor da Defesa (56%), no setor da Medicina/Saúde (51%) e no setor dos Transportes (48%).

61% dos trabalhadores acreditam que as competências humanas permanecerão mais influentes do que a IA Generativa no local de trabalho, especialmente inteligência emocional, empatia e competências interpessoais. Cultivar essas competências humanas exigirá conectar os trabalhadores ao coaching, desenvolvimento de liderança e formação.
“O mundo do trabalho está a mudar de uma economia baseada no emprego para uma economia baseada nas competências, e esta mudança está a ser acelerada pela rápida adoção da IA Generativa”, sublinha Denis Machuel, CEO do Grupo Adecco.
Um quarto dos profissionais está inseguro sobre o impacto da IA
Apesar de, em média, 62% dos trabalhadores terem uma visão positiva da IA, 24% dos trabalhadores não têm a certeza de como a IA afetará o seu emprego. Estas preocupações são sentidas por trabalhadores de todas as idades, mas são mais proeminentes entre os trabalhadores com rendimentos mais baixos, operários e com menos habilitações literárias.

Os trabalhadores recorrem aos seus líderes para obter orientação sobre IA. Mas um quinto dos executivos também se sente inseguro quanto ao impacto da IA, o que pode agravar o problema quando a equipa os procura para obter apoio.
A IA Generativa teve a adesão mais rápida na Austrália
No relatório do Grupo Adecco, foram recolhidos dados de 23 países. Como referido anteriormente, a média global da utilização de IA Generativa situa-se nos 70%. Mas, dos 10 países que passam esta média, a maioria são países europeus, com o pódio dominado pela Ásia e Oceânia.

A IA Generativa teve a adesão mais rápida na Austrália, com 86% dos entrevistados a admitirem que utilizam a ferramenta no trabalho. Empatados no pódio encontram-se a China e a Suíça, com 84% respetivamente. Outros países que superiorizam a média global são o Brasil (76%), México (76%), Alemanha (74%), EUA (74%), Espanha (73%), Dinamarca (72%) e Noruega (72%).
Abaixo da média mundial, os três países que menos utilizam a IA Generativa no trabalho são o Japão (54%), Grécia (54%) e Finlândia (51%).
A necessidade de implementar mais iniciativas de formação sobre IA Generativa
Apesar das preocupações levantadas relativamente aos riscos e perigos da IA Generativa, muitas pessoas revelam entusiasmo e vontade de utilizar estas ferramentas. Para os colaboradores, disporem de ferramentas que permitam otimizar o seu tempo e concentrarem-se em outras atividades mais estratégicas e importantes para o negócio.
No entanto, e apesar de ser uma ferramenta versátil para o trabalho, muitos colaboradores estão a utilizar a IA sem qualquer tipo de orientação dos seus empregadores. “Existe o risco de que o não cumprimento das orientações de utilização ética possa ter consequências indesejadas, como a partilha inadvertida de dados sensíveis”, sublinha o Grupo Adecco no estudo.
Globalmente, apenas 46% dos inquiridos recebe orientações dos empregadores sobre como utilizar a IA no trabalho. Acima da média, três setores destacam-se: serviços financeiros (56%); bens de consumo de rápido movimento, ou FMCG (55%); e Tecnologia Limpa (54%). Em oposto, o setor Legal (37%), a área da Medicina/Saúde (37%) e a Defesa (37%) apresentam as médias mais baixas no que diz respeito às orientações sobre como utilizar a IA Generativa no trabalho.

Uma das conclusões que a Adecco retirou dos dados é a necessidade, por parte dos empregadores, em implementar “iniciativas de qualificação inclusivas em grande escala, tendo em conta as preocupações de confiança e a relevância para as suas funções”.
“O nosso estudo mostra que quase dois terços concordam que as competências em IA melhorarão as suas opções de carreira. Os trabalhadores querem fazer parte da transformação digital da sua organização e da adoção da IA e de outras tecnologias revolucionárias”, sublinha a Adecco.
O grupo denota que existe um claro fosso educativo, com os trabalhadores com formação no ensino secundário significativamente menos conscientes do que os trabalhadores com formação académica sobre a forma como a melhoria das competências em matéria de IA pode potenciar as suas perspetivas de carreira.
58% dos inquiridos no estudo respondeu que as competências em IA podem melhorar as suas opções de carreira.
A procura pelo melhoramento de competências e os relacionamentos são muito valorizados
Neste ano, houve um aumento de 10 pontos no número de trabalhadores indicando que pretendem permanecer com o empregador atual pelos próximos 12 meses, de 61% em 2022 para 73% em 2023. No entanto, a maioria só tenciona permanecer se tiver acesso a oportunidades de formação e progressão na carreira. Para fidelizar e envolver os colaboradores, é fundamental que os empregadores incentivem e apoiem a aprendizagem ao longo da vida e as oportunidades de mobilidade interna, que são mais importantes do que o salário quando decidem permanecer ou sair de uma empresa.
56% dos trabalhadores acreditam que as suas competências são transferíveis para outras funções ou indústrias, e a grande maioria refere que tenciona assumir um maior controlo da sua requalificação. Os trabalhadores dos setores tecnológico, profissional e dos serviços financeiros estão mais confiantes de que as suas competências podem ser transferidas, em comparação com os trabalhadores dos setores dos seguros, da indústria automóvel e da defesa, que estão menos confiantes. A transição de uma economia baseada no emprego para uma economia baseada nas competências está a desenvolver-se rapidamente. As organizações podem ajudar os trabalhadores a manter as suas competências atualizadas, investindo no desenvolvimento para todos a todos os níveis.
É salientado, no entanto, que 65% dos trabalhadores revelam ter sofrido de burnout. Os gestores estão mais esgotados do que qualquer outra categoria, com 68%, agravados pelos despedimentos e 44% a reportarem que assumiram mais responsabilidades após os despedimentos. 68% dos trabalhadores também não se sentem apoiados para gozar as suas férias anuais completas. Os resultados deste ano reafirmam uma das lições mais importantes da pandemia – as organizações precisam de colocar as pessoas em primeiro lugar, investindo no seu bem-estar.
“O relatório deste ano revelou lacunas substanciais no acesso à formação e orientação de IA Generativa, apesar da utilização generalizada, e destacou a necessidade urgente das organizações para abraçar a transformação tecnológica, impulsionar a mobilidade de carreira, melhorar as competências e capacidades dos trabalhadores e proteger o seu bem-estar”, acrescenta Denis Machuel, CEO do Grupo Adecco.
O relatório do Grupo Adecco analisou o mundo do trabalho através da opinião de 30.000 trabalhadores de 23 países em vários setores, abrangendo colaboradores juniores a executivos séniores. A pesquisa deste ano procurou identificar a disponibilidade e o sentimento dos trabalhadores em relação aos impactos previstos da Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa), fornecendo recomendações para preparar a força de trabalho para o futuro.
Os resultados do estudo podem ser consultados, em completo, a partir deste link.