Autora: Ana Margarida Ximenes, Partner Lift Consulting
A comunicação e a inteligência emocional são das competências mais valorizadas atualmente no mundo do trabalho, cada vez mais globalizado e digital. Comunicar eficazmente é essencial para promover o entendimento mútuo e a confiança e para criar relações sólidas e duradouras com os vários stakeholders, sejam eles internos ou externos.
Quando bem gerida e tida como prioridade, a comunicação é a força propulsora de ambientes de trabalho mais inclusivos, colaborativos e produtivos, fundamentais para estratégias bem-sucedidas e para a construção de uma reputação sólida. Já a inteligência emocional é o que possibilita um maior conhecimento e controlo das próprias emoções e vivências, tão fundamentais na relação diária que estabelecemos connosco e com as equipas que diariamente lideramos, orientamos e motivamos.
É o que permite evitar ou minimizar conflitos, mesmo que prevaleça a diferença de ideias, opiniões ou crenças, criando soluções construtivas e inovadoras. E por isso não será surpreendente que seja hoje, mais do que nunca, uma caraterística de modelos de liderança mais empáticos.
[A inteligência emocional] é o que permite evitar ou minimizar conflitos, mesmo que prevaleça a diferença de ideias, opiniões ou crenças, criando soluções construtivas e inovadoras.
Poder-se-á comunicar eficazmente sem inteligência emocional é a grande questão. Parafraseando o professor Clayton M. Christensen, considerado como “uma super-estrela” de Harvard: “A gestão é a mais nobre das profissões” e talvez seja aqui que resida o segredo para o equilíbrio das duas competências. “Nenhuma outra profissão oferece tantas formas diversas de ajudar os outros a aprender e a crescer, a sentirmos responsabilidade, a sermos reconhecidos pelo que fazemos e a contribuirmos para o sucesso de uma equipa”.
Christensen recorreu a uma das teorias de Frederick Herzberg, reconhecido psicólogo, professor e autor da “Teoria dos Dois Factores”, que defende: “O mais poderoso motivador nas nossas vidas não é o dinheiro, mas a oportunidade de aprender, de crescer com as responsabilidades, de contribuir para os outros e de se ser reconhecido pelos feitos alcançados”.
Para Carol Dweck, psicóloga e professora: “Existem diferentes capacidades, mas todos podemos desenvolvê-las”. A aprendizagem contínua e o desenvolvimento de competências digitais, desde a análise de dados à inteligência artificial, são vitais num mundo em constante mudança.
E é por esta razão que devemos criar o que Carol Dweck denomina de “mentalidade de crescimento”. A transformação dos ambientes de trabalho exige, cada vez mais, flexibilidade, visão estratégica, pensamento crítico e uma mentalidade voltada para a inovação e capacidades interpessoais.
A gestão de stress e a capacidade de resolução de problemas funcionam como um “antídoto” nos momentos de maior tensão, onde há que procurar soluções viáveis, inovadoras e construtivas. O feedback e o feedforward são ferramentas de avaliação essenciais para desenvolver o talento, melhorar a motivação, alinhar a equipa, resolver problemas e melhorar os resultados.
A integração e a convivência das diferentes gerações com necessidades, motivações, perspetivas e interesses também eles diferentes é um desafio cada vez maior nas organizações. Para gerir eficazmente esta complexidade em ambientes de trabalho globalizados, diversos e multidisciplinares é, por isso, cada vez mais importante criatividade, capacidade de adaptação, sensibilidade cultural e ética profissional.
A integração e a convivência das diferentes gerações com necessidades, motivações, perspetivas e interesses também eles diferentes é um desafio cada vez maior nas organizações.
Em particular para as organizações que têm a equipa parcialmente ou 100% remota e a funcionar a partir de diferentes países, é fundamental que invistam na comunicação interna e na criação de momentos que potenciem a comunicação mais pessoal entre os colaboradores. É isto que permite um entendimento comum do propósito, visão e missão, a criação de uma cultura organizacional e que cria oportunidades para o crescimento pessoal e profissional, dentro e fora da organização.
No final do dia, tudo se resume a uma boa gestão, da comunicação e da inteligência emocional, pois estas influenciam determinantemente a imagem das organizações e dos seus líderes e, inevitavelmente, a sua reputação.
Artigo publicado na edição 153 da RHmagazine, referente aos meses de julho e agosto de 2024
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