A Covid-19 continua a causar perturbações sem precedentes em relação à mobilidade internacional, levando as empresas a reavaliar como vão gerir a força do trabalho remoto num mundo pós-pandemia. Os dados do custo de vida, a pesquisa de mobilidade levada a cabo pela Mercer e as aprendizagens do trabalho da Mercer com clientes, demonstram que após vários anos de esforços das organizações para modernizar estratégias de mobilidade, estas começam a implementar formas alternativas de atribuições internacionais e acordos de trabalho transfronteiriços para sustentar as suas operações e mão-de-obra no exterior.
“O custo de vida sempre foi um fator de planeamento internacional da mobilidade, mas a pandemia trouxe toda uma nova camada de complexidade, bem como implicações a longo prazo relacionadas com a saúde e segurança dos colaboradores, políticas de trabalho remoto e flexibilidade, entre outras considerações”, afirmou Ilya Bonic, presidente de carreira e chefe de estratégia da Mercer. “À medida que as organizações repensam o seu talento e estratégias de mobilidade, dados precisos e transparentes são essenciais para compensar os colaboradores de forma justa em todo o tipo de tarefas”, acrescentou.
A mobilidade está a evoluir de conceitos tradicionais de longo prazo – ou seja, a deslocalizar um empregado durante alguns anos e depois repatriá-lo para a localização de sua casa – para outros tipos de movimentos de mobilidade de curta duração, como as contratações internacionais no estrangeiro, transferências permanentes, viajantes, e trabalhadores em regime remoto e/ou freelancers internacionais.
O Inquérito Mundial de Políticas e Práticas de Atribuição Internacional da Mercer de 2020 confirmou que muitas das empresas inquiridas estão a oferecer opções mais flexíveis para responder a diversas circunstâncias pessoais dos colaboradores. Outro inquérito da Mercer de 2020/2021 concluiu que mais de 50% dos empregadores inquiridos esperavam mudanças no que toca ao número de transferências unidirecionais, ao desenvolvimento de talento, e às atribuições de curto prazo ou de viajantes nas suas organizações, devido à pandemia. [1]
O mais recente Inquérito sobre o Custo de Vida, da Mercer, ajuda os empregadores a compreender a importância de monitorizar as flutuações monetárias e avaliar as garantias inflacionistas e deflacionistas sobre bens, serviços e alojamento, em todos os locais onde operam. Os dados também ajudam os empregadores a determinar e manter pacotes de compensação para os trabalhadores em atividades internacionais e quando trabalham no estrangeiro. Além disso, o custo de vida de um local pode ter um impacto significativo na sua atratividade como destino de talento, e influencia decisões de seleção de locais para as organizações expandirem e transformarem a sua pegada geográfica.
Ranking do Custo de Vida da Mercer de 2021
O Ranking do Custo de Vida da Mercer de 2021 encontrou em Ashgabat a cidade mais cara para trabalhadores internacionais, empurrando Hong Kong para o segundo lugar. Beirute ficou em terceiro lugar, subindo 42 posições no ranking face ao ano passado, como resultado de uma grave e extensa depressão económica, devido à escalada de várias crises – a maior crise financeira do país, a Covid-19 e a explosão do Porto de Beirute em 2020. Tóquio e Zurique caíram um lugar cada, da terceira e quarta posições, respetivamente, para quarta e quinta posições, e Xangai ficou em sexto lugar, subindo um, em comparação com o ano passado. Singapura passou do quinto para o sétimo lugar. [2]
Outras cidades que aparecem no top 10 da Mercer, como as cidades mais dispendiosas para funcionários internacionais, são Genebra (8), Pequim (9) e Berna (10). De acordo com o estudo da Mercer, as cidades mais baratas do mundo para trabalhadores estrangeiros, de acordo com a pesquisa da Mercer são Tbilisi (207), Lusaka (208) e Bishkek, classificada como a cidade menos dispendiosa, em 209º lugar.
As Américas
As cidades dos EUA caíram no ranking deste ano, principalmente devido às flutuações monetárias entre março de 2020 e março de 2021, apesar do aumento da inflação dos bens e serviços no país. Nova Iorque (14) foi a cidade mais cara dos EUA, embora tenha caído oito posições desde o ano passado, seguida por Los Angeles (20), São Francisco (25), Honolulu (43) e Chicago (45). Winston Salem (151) continua a ser a cidade americana inquirida menos dispendiosa para trabalhadores internacionais. San Juan (89) caiu 23 posições devido à deflação na segunda metade de 2020 e a uma inflação muito baixa no início de 2021, afetando assim a sua posição no ranking.
O dólar canadiano apreciou em valor em relação ao USD, desencadeando saltos no ranking deste ano. Vancouver (93) é a cidade canadiana mais cara, seguida de Toronto (98) e Montreal (129). Em 156º lugar do ranking está Ottawa, sendo a cidade mais barata do Canadá.
Na América do Sul, Port of Spain (91) foi classificada como a cidade mais cara, seguida por Port-au-Prince (92) e Pointe-à-Pitre (107). Brasília surge em #205 lugar do ranking, sendo a cidade menos cara da América do Sul.
Europa, Médio Oriente e África
Duas cidades europeias estão entre as 10 mais caras localizações da lista. Ocupando o 5º lugar no ranking mundial, Zurique continua a ser a cidade europeia mais dispendiosa, seguida por Genebra (8).
O fortalecimento da moeda local resultou na subida de várias cidades europeias no ranking, com Paris a chegar à 33ª posição. A moeda local no Reino Unido mantém-se forte, com Londres (18) e Birmingham (121), a subirem um e oito lugares, respetivamente.
Os Emirados Árabes Unidos continuam a diversificar a sua economia, o que reduziu o impacto da indústria petrolífera no PIB. Com este processo em curso, tem havido um movimento de preços negativo, tanto no Dubai (42) como em Abu Dhabi (56). Beirute é a cidade mais cara do Médio Oriente para os trabalhadores internacionais, saltando 42 posições, para número três do ranking global. N’Djamena (13), Lagos (19) e Libreville (20) são as primeiras, segundas e terceiras cidades mais caras de África para funcionários internacionais. Lusaka classificada em 208º lugar é a cidade menos dispendiosa do continente africano.
Em Portugal, o destaque vai para Lisboa, a única cidade portuguesa a entrar nos 209 lugares do ranking, apesar do Porto ter sido também avaliado. Face ao ano passado, Lisboa subiu 23 lugares face ao ano passado, estando assim em 2021 na 83º posição. Se fizermos uma análise das cidades onde o campeonato Europeu de futebol está agora a decorrer, Lisboa situa-se acima de, por exemplo, Baku (172) no Azerbeijão e de Budapeste (162) na Hungria. Já mais caras do que a capital portuguesa, são por exemplo, Londres (18), Amesterdão (44) ou Roma (47).
Ásia-Pacífico
As cidades australianas subiram na lista de 2021 com a moeda local a ganhar significativamente valor contra o dólar americano. Sydney (31), a cidade mais cara da Austrália para funcionários internacionais, registou uma subida de 35 lugares, seguida de Melbourne (59) com uma subida de 40 lugares.
Mercer Cost of Living Survey – Ranking Mundial 2021 | |||
Classificação a partir de março | Cidade | País | |
2020 | 2021 | ||
2 | 1 | ASHGABAT | Turkmenistan |
1 | 2 | HONG KONG | Hong Kong (SAR) |
45 | 3 | BEIRUT | Lebanon |
3 | 4 | TOKYO | Japan |
4 | 5 | ZURICH | Switzerland |
7 | 6 | SHANGHAI | China |
5 | 7 | SINGAPORE | Singapore |
9 | 8 | GENEVA | Switzerland |
10 | 9 | BEIJING | China |
8 | 10 | BERN | Switzerland |
11 | 11 | SEOUL | South Korea |
13 | 12 | SHENZHEN | China |
15 | 13 | NDJAMENA | Chad |
6 | 14 | NEW YORK CITY | United States |
12 | 15 | TEL AVIV | Israel |
25 | 16 | COPENHAGEN | Denmark |
20 | 17 | GUANGZHOU | China |
19 | 18 | LONDON | United Kingdom |
18 | 19 | LAGOS | Nigeria |
33 | 20 | LIBREVILLE | Gabon |
17 | 21 | LOS ANGELES | United States |
28 | 22 | TAIPEI | Taiwan |
22 | 23 | OSAKA | Japan |
36 | 24 | ABIDJAN | Cote d’Ivoire |
16 | 25 | SAN FRANCISCO | United States |
38 | 26 | TIANJIN | China |
34 | 27 | NANJING | China |
40 | 28 | CHENGDU | China |
31 | 29 | RIYADH | Saudi Arabia |
49 | 30 | BANGUI | Central African Republic |
66 | 31 | SYDNEY | Australia |
42 | 32 | NOUMEA | New Caledonia |
50 | 33 | PARIS | France |
43 | 34 | QINGDAO | China |
26 | 34 | NAGOYA | Japan |
47 | 36 | MILAN | Italy |
54 | 37 | VIENNA | Austria |
44 | 38 | BRAZZAVILLE | Congo |
46 | 39 | DUBLIN | Ireland |
26 | 40 | DHAKA | Bangladesh |
24 | 41 | KINSHASA | Dem. Rep. of the Congo |
23 | 42 | DUBAI | United Arab Emirates |
28 | 43 | HONOLULU | United States |
64 | 44 | AMSTERDAM | Netherlands |
30 | 45 | CHICAGO | United States |
35 | 46 | BANGKOK | Thailand |
65 | 47 | ROME | Italy |
37 | 48 | MIAMI | United States |
56 | 49 | YAOUNDE | Cameroon |
41 | 50 | BOSTON | United States |
32 | 51 | WASHINGTON | United States |
72 | 52 | MUNICH | Germany |
78 | 53 | BRUSSELS | Belgium |
76 | 54 | FRANKFURT | Germany |
76 | 55 | OSLO | Norway |
74 | 56 | HELSINKI | Finland |
39 | 56 | ABU DHABI | United Arab Emirates |
75 | 56 | DAKAR | Senegal |
99 | 59 | MELBOURNE | Australia |
82 | 60 | BERLIN | Germany |
63 | 61 | SHENYANG | China |
21 | 62 | MOSCOW | Russia |
104 | 63 | PERTH | Australia |
83 | 63 | LUXEMBOURG | Luxembourg |
48 | 65 | WHITE PLAINS | United States |
70 | 66 | DOUALA | Cameroon |
87 | 67 | MADRID | Spain |
55 | 67 | SEATTLE | United States |
52 | 69 | DALLAS | United States |
103 | 70 | AUCKLAND | New Zealand |
52 | 71 | MANAMA | Bahrain |
133 | 72 | STOCKHOLM | Sweden |
60 | 72 | ATLANTA | United States |
100 | 74
|
DUSSELDORF | Germany |
62 | 75 | MORRISTOWN | United States |
51 | 75 | HOUSTON | United States |
118 | 75 | CANBERRA | Australia |
60 | 78 | MUMBAI | India |
80 | 78 | MANILA | Philippines |
106 | 80 | HAMBURG | Germany |
126 | 81 | BRISBANE | Australia |
58 | 82 | DJIBOUTI | Djibouti |
106 | 83 | LISBON | Portugal |
102 | 84 | BARCELONA | Spain |
68 | 85 | ABUJA | Nigeria |
69 | 86 | MINNEAPOLIS | United States |
57 | 87 | ACCRA | Ghana |
126 | 88 | ADELAIDE | Australia |
66 | 89 | SAN JUAN | Puerto Rico |
97 | 90 | PRAGUE | Czech Republic |
73 | 91 | PORT OF SPAIN | Trinidad & Tobago |
175 | 92 | PORT AU PRINCE | Haiti |
94 | 93 | VANCOUVER | Canada |
123 | 94 | WELLINGTON | New Zealand |
71 | 94 | AMMAN | Jordan |
104 | 94 | JEDDAH | Saudi Arabia |
[1] Inquérito de Atribuição Internacional Alternativa da Mercer
[2] Os dados da Mercer foram recolhidos em março de 2021; as variações de preços em muitos locais não foram significativos no momento da recolha de dados devido à pandemia, uma vez que foram adotadas várias medidas por governos em todo o mundo, tais como abstenção da cobrança do imposto sobre o valor acrescentado por um período de tempo.