Percebeu que as softskills eram uma lacuna em Portugal e para preenche-la criou o Skills Jovem. Um projeto que promete ajudar os jovens a desenvolver as suas soft skills, de forma gratuita. O projeto está completamente concluído em 2016. Rita Alemão têm desenvolvido o Skills Jovem com o olhar no futuro dos jovens portugueses e numa maior e mais fácil entrada no mercado de trabalho.
O que a motivou para a criação deste projeto?
Procurar fazer a diferença. A LYD – Leading for Greatness, empresa da qual sou co-fundadora, é um parceiro na transformação das organizações, das equipas e das pessoas. Tendo na sua génese a liderança, como catalisador da performance, a empresa considera ser também sua responsabilidade contribuir para a sociedade, trabalhando para a preparação das gerações futuras, capacitando-as para serem mais fortes e mais capazes para responderem aos desafios do mercado de trabalho.
Apercebeu-se da falta de softskills nos jovens?
À semelhança dos outros países europeus, as fracas softskills são uma das principais lacunas identificadas entre as competências desejadas pelos empregadores portugueses e as possuídas pelos recém-licenciados do nosso país. Tendo trabalhado 16 anos no setor privado, tive a possibilidade de contactar com esta realidade aquando do recrutamento de recém-licenciados.
A leitura de estudos recentes que comprovaram a lacuna na área das soft skills foi importante para tomar a decisão de avançar com a iniciativa Skills Jovem: o estudo Transforma Talento Portugal, da COTEC e da Fundação Calouste Gulbenkian, identificou a aposta nas soft skills como uma das 13 medidas prioritárias para a transformação e desenvolvimento do Talento, sendo as soft skills consideradas uma medida mestra; e o estudo “Education to Employment: Getting Europe’s Youth into Work”, da McKinsey Center for Government, realizado a 600 empregadores europeus, que concluiu que existe um desajuste entre as competências desejadas pelos empregadores e as possuídas pelos recém-licenciados, principalmente ao nível das soft skills.
Ser bom comunicador, saber trabalhar em equipa, ser positivo, saber gerir conflitos, aceitar responsabilidades e construir relações de confiança foram mesmo considerados mais importantes do que os conhecimentos técnicos.
Por que razão a escolha destas softskills?
Consultores, universidades e empregadores europeus definiram um subconjunto de competências interpessoais, ou soft skills, que permitem melhorar as interações connosco próprios, com os outros e com o mundo em redor. Crawford et al sistematizaram no seu estudo Comparative Analysis of Soft Skills, as 6 softskills transversais a todas as áreas profissionais, sendo também muito importantes para melhorar a vida pessoal. São elas: Liderança, Comunicação, Gerir-se a si próprio, Tomar decisões e resolver problemas, Trabalhar em equipa e Profissionalismo.
Na sua opinião, qual é a softskills que estes jovens têm mais carência? De todas, porque se complementam no percurso de enriquecimento e capacitação do jovem.
A maior ou menor carência vai depender, por um lado, da realidade e experiência de cada jovem e, por outro, da área profissional que escolheu seguir. Os empregadores de cada setor de actividade, em função das suas realidades operacionais, identificam carências ou gaps em softskills distintas.
Acha que os profissionais de recursos humanos, responsáveis pelo recrutamento estão mais exigentes na escolha dos candidatos, daí necessidade destas formações?
Em qualquer mercado onde existe mais oferta que procura, quem recruta tende a ser mais exigente. Mas julgo, acima de tudo, que os profissionais de recursos humanos procuram atualmente recrutar colaboradores mais completos, capazes de responder às constantes mudanças endógenas e exógenas a que as organizações estão sujeitas. Dai a crescente valorização das softskills como elemento chave para assegurar a adaptação de um recurso às várias dinâmicas evolutivas de uma organização.
Como podem os Recursos Humanos trabalhar lado a lado com a plataforma?
Os recursos humanos das organizações são um importante stakeholder da iniciativa Skills Jovem na medida em que, através das suas políticas de recrutamento, asseguram a transição efectiva de um jovem para o primeiro emprego.
Na plataforma Skills Jovem existirá uma área específica para empregadores onde será possível aceder a vários conteúdos e funcionalidades como, por exemplo, estudos sobre a importância da dinamização das softskills nas organizações ou pesquisar candidatos para recrutamento.
Estas formações de softskills são de certa forma um combate ao desemprego…
Esta formação é uma plataforma para a empregabilidade na medida em que pretende capacitar a “oferta”, democratizando o acesso a formação crucial e facilitando a transição dos jovens portugueses para o mercado de trabalho, seja a procura interna ou externa. Assim, não se trata de combater o desemprego de forma directa mas de aumentar a empregabilidade jovem. Como? Desenvolvendo e fortalecendo as softskills dos estudantes do ensino superior portugueses dando-lhes, de forma gratuita, as ferramentas necessárias para adquirirem ou consolidarem competências interpessoais críticas para o seu sucesso no mercado de trabalho.
Depois destes jovens receberem estas formações, qual é o passo seguinte?
Na primeira fase a plataforma Skills Jovem dará acesso a formação gratuita em 6 soft skills para cerca de 620.000 pessoas, com a oportunidade de obter uma qualificação reconhecida e acesso a oportunidades de primeiro emprego colocadas por empregadores. Após a consolidação da fase 1, a plataforma poderá evoluir para uma segunda fase que permita o acesso a conteúdos formativos mais avançados , ferramentas de construção de CV, técnicas de entrevista e utilização as redes sociais para promover a empregabilidade.
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