Trabalhar no mesmo setor que várias pessoas não é condição sine qua non para tornar esse conjunto de pessoas uma equipa. Para Ernesto Berg, uma equipa é muito mais do que isso: “significa pessoas que trabalham em conjunto, interagindo, respeitando-se e auxiliando-se mutuamente”.
De acordo com Ernesto Berg, equipas que consigam realizar os seus objetivos e são positivas têm ao seu comando líderes positivos. Enquanto consultor de empresas, professor, escritor e especialista em áreas como desenvolvimento organizacional, Ernesto Berg afirma que é preciso entender que esta mudança nas equipas não decorre do dia para a noite. Para tal acontecer, passos importantes devem ser tomados.
Neste sentido, Ernesto Berg apresenta 10 dicas fundamentais para uma liderança de alto desempenho:
1- Criar uma missão com a equipa
Equipas que percebam qual é o seu propósito e o objetivo daquilo que estão a fazer têm um maior compromisso do que as que não têm foco.
“A missão deve ter uma mensagem inspiradora que expresse o mais profundo propósito do trabalho que está a ser realizado”, aponta Ernesto Berg.
2- Fixar objetivos e metas
Uma equipa de sucesso tem pessoas que trabalham nos mesmos objetivos e dedicam-se aos mesmos propósitos.
“Faça com que o grupo participe na elaboração dos objetivos e metas de sua área de trabalho. Isso acarretará comprometimento e envolvimento do pessoal“, justifica Ernesto Berg.
O autor também acrescenta que, sempre que possível, sejam designadas as pessoas para o trabalho que gostam de fazer e para o qual tenham aptidão e conhecimento.
3- Estabeleça as regras do jogo
“É uma espécie de contrato psicológico. Dialogue com o grupo e, em conjunto, estabeleça as regras de comportamento e interação da equipa. Assim, estará a envolvê-la na criação de um ambiente de participação e comprometimento que são fundamentais para a maturidade do grupo”, explica.
As regras de jogo devem incluir necessariamente itens como: espírito de equipa, respeito pelas ideias do outro, confiança mútua, colaboração, diálogo, valores do grupo e criatividade.
Citando o consultor americano Jon Katzenbach, Ernesto Berg afirma: “A noção de que se um fracassar, todos fracassam permeia as equipas de alto desempenho. Profundos compromissos pessoais de cada um para com o crescimento e o sucesso dos colegas é o que mais distingue essas equipas das equipas comuns.”
4- Fixar a autonomia do jogo
Definir claramente os limites da autoridade e responsabilidade de cada elemento da equipa. Isto é feito, indica Ernesto Berg, através da delegação de tarefas.
“Líderes autênticos delegam tudo o que podem e devem. Eles não delegam tudo, mas tudo o que podem e devem. E a maior parte das tarefas de um gestor é delegável, porque por mais que alguém seja produtivo chegará um ponto que será trabalhoso demais fazer tudo sozinho. De todas as ferramentas à disposição do líder, a delegação é uma das mais eficazes porque proporciona o crescimento pessoal e profissional, não só do gestor, como também das pessoas que recebem a delegação, isto é, a equipa. A delegação é um dos instrumentos que mais auxiliam e desenvolvem a competência da equipa“, conclui.
5- Treinar a equipa initerruptamente
“Proporcione regularmente (várias vezes por ano) treino ao seu pessoal, pois isso contribuirá decisivamente para a sua reciclagem e atualização. Faça-os participarem em estágios, cursos, palestras, seminários, assistirem a filmes, dar palestras etc. Não tenha receio de sombra. Invista em você e na sua equipa de trabalho. Todos, inclusive você, crescerão muito com isso. Queira ser lembrado como alguém que ajudou os outros a crescer, em vez de ser apontado como o gestor inseguro que proibiu e boicotou os seus colaboradores”, justifica Ernesto Berg.
6- Acompanhar o trabalho
Acompanhar as atividades dos liderados com base no desempenho pré-estabelecido em comum, um acordo entre o líder e cada componente da equipa.
Tal como mencionado na dica 2 (Fixar objetivos e metas), Ernesto Berg explica que a avaliação deve levar em conta a qualidade, a quantidade e os prazos concordados.
7- Formar a equipa com base nos conhecimentos
“Ao formar a equipa, um líder deve ter sempre em conta os conhecimentos, experiências e habilidades das pessoas. Evite compor um grupo baseado nas personalidades dos indivíduos porque isso pode mais atrapalhar do que auxiliar nos trabalhos. Às vezes o indivíduo é muito simpático, ou então empolgado, ou brincalhão, mas se não tiver os conhecimentos necessários para participar de algum projeto ou atividade, de pouca utilidade será”, indica Ernesto Berg.
O autor também acrescenta que pessoas com personalidades fortes e impositivas têm dificuldade em dialogar e trocar ideias com o grupo. “Isto não significa que elas devem ser isoladas, porque isso nem sempre é possível em função da realidade em que vive. Mas dar prioridade aos conhecimentos e capacidades de cada um ao compor a equipa, pois é o que manterá o grupo focado e produtivo“, clarifica.
8- Promover o trabalho de equipa
Ernesto Berg entende que, de forma a que cada um dos colaboradores se auxiliem mutuamente, devem ser estabelecidos planos de desenvolvimento profissional. Ou seja, sempre que possível, estimular projetos ambiciosos e que sejam fruto de um trabalho conjunto e não, apenas, individual.
“Faça com que a equipa tenha orgulho de si mesma e terá plantado a semente do compromisso e da produtividade“, conclui.
9- Fazer reuniões produtivas
Uma das maiores pedras no sapato dos líderes, na opinião de Ernesto Berg, são as reuniões. “Poucas ferramentas de otimização do uso do tempo são tão vilipendiadas, tão mal utilizadas e conduzidas com tanta falta de preparação como a reunião. A minha experiência de consultor tem revelado que a maioria das reuniões são mal lideradas e mal conduzidas, por inexperiência e desconhecimento das regras básicas que as norteiam”.
No entanto, Ernesto Berg não descura a importância desta ferramenta, indicando que poucas são tão úteis na busca de eficiência, eficácia e desenvolvimento de equipas como as reuniões bem conduzidas.
10- Promover maior convívio
Quando existem equipas produtivas e motivadas, existe muito tempo de convívio. “É importante que os membros do grupo convivam e se conheçam mutuamente porque permite que eles interajam mais, dialoguem, troquem ideias e passem a confiar uns nos outros. Algumas das formas de fomentar maior convívio na equipa são: reuniões ordinárias, formação de comitês, trabalho em projetos conjuntos, reuniões para solucionar problemas específicos, happy hour, comemoração de aniversários“, conclui.