Apesar das perspetivas mais animadoras avançadas para as contratações do próximo trimestre, a incerteza e algum pessimismo são as notas dominantes nas projeções dos empregadores relativamente à recuperação dos níveis de contratação pré-Covid. A análise das questões extra do ManpowerGroup Employment Outlook Survey mostra que 23% dos empregadores não pensam vir a retomar os níveis pré-pandémicos, valor que aumenta em 7 pontos percentuais, quando comparado com o do trimestre anterior. Cresceu também, em 10 pontos percentuais, o número de empresas incertas sobre o futuro, com 40% a afirmarem ainda não saberem quando vão recuperar totalmente. Os regimes de trabalho a serem adotados, as opções de flexibilidade consideradas pelos empregadores, mas também as suas preocupações face ao modelo remoto são outros temas abordados nas questões extra do estudo.
“Apesar das Projeções de contratação serem positivas para o terceiro trimestre, o impacto da terceira vaga da pandemia é notório no sentimento dos empregadores portugueses, que mostram agora menor confiança na capacidade de recuperar os níveis de contratação pré-Covid. Por outro lado, uma realidade que se torna interessante analisar é que esses mesmos empregadores encaram como cada vez mais positivo o regresso aos locais de trabalho, apresentando-o como necessário para a maioria da sua força de trabalho. No futuro do trabalho que estamos a construir, esta posição terá sem dúvida de ser equilibrada com as expectativas dos trabalhadores, que claramente nos dizem que não querem perder a flexibilidade alcançada nos últimos meses. Vivemos um contexto onde se agrava a escassez de talento, e as opções de flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoa e profissional ganham por isso ainda maior relevância na construção de propostas de valor que possam atrair e comprometer os melhores profissionais”, explica Rui Teixeira, Chief Operations Officer do ManpowerGroup Portugal.
Evolução negativa na projeção de retoma dos níveis de contratação pré-Covid
Nesta vaga assistimos a uma redução do número de empresas que esperam recuperar a atividade de contratação no decorrer deste ano, situando-se agora nos 27%, e marcando uma quebra de 16 pontos percentuais relativamente aos 43% do trimestre anterior. Portugal denota ainda um maior péssimo que a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), onde 36% dos empregadores afirma poder recuperar os níveis de contratação ainda em 2021. Este sentimento é também confirmado pela maior percentagem de empregadores que não contam recuperar nunca os níveis pré-pandemia, com Portugal a registar 23% e a EMEA 16%.
Grandes empresas mais otimistas
As grandes empresas são as mais otimistas no que respeita à retoma dos níveis de contratação, com 43% a acreditar na retoma no decorrer de 2021. Mais pessimistas estão as micro e pequenas empresas, com 31% e 35%, respetivamente, a declarar não esperar recuperar nunca e apenas 20% e 13% a acreditar na retoma durante este ano.
A nível regional, a região Centro apresenta-se como a mais otimista, com 30% dos empregadores a esperar recuperar em 2021, sendo que, nas restantes regiões, esse valor supera também os 25%. Não obstante, a Sul, na Grande Lisboa e Grande Porto, observa-se igualmente um forte sentimento de desânimo, com 26% e 27% dos empregadores, respetivamente, a afirmar que não voltarão a alcançar os valores de contratação pré-Covid.
No que respeita à análise setorial, em todas as atividades, exceto a Indústria, a percentagem de empregadores não esperam recuperar nunca os níveis pré-Covid supera os 20%. Não obstante, existe algum otimismo quanto à retoma dos níveis de contratação, durante o ano de 2021, nas áreas da Indústria (40%), Restauração e Hotelaria (40%) e Finanças e Serviços (35%).
Os modelos 100% presenciais cada vez mais privilegiados
Para o período que se refere aos próximos seis a 12 meses, 74% dos empregadores portugueses pretendem privilegiar os modelos de trabalho presenciais, o que traduz um crescimento acentuado sobre os 40% registados no trimestre anterior. Esta preferência é até mesmo mais forte em Portugal do que na região EMEA, onde esta é a escolha de 67% dos empregadores.
A preferência pelo modelo 100% físico está, contudo, relacionada com um outro dado também recolhido no presente estudo, que indica que 68% dos empregadores afirmam que a maioria da sua força de trabalho – entre 76% e 100% – assume funções que só podem ser desempenhadas no local de trabalho.
Por outro lado, os modelos de trabalho híbridos serão a opção a adotar por 18% dos empregadores portugueses, um valor em forte quebra face ao trimestre anterior, altura em que eram a preferência de 34% dos inquiridos. Os modelos totalmente remotos mantêm-se estáveis, sendo adotados por somente 2% dos empregadores.
Empregadores nacionais reticentes face a opções de flexibilidade
Embora conscientes da necessidade de os seus colaboradores terem de desempenhar as suas funções no local de trabalho, menos de 50% das empresas nacionais consideram vir a adotar soluções que tragam maior flexibilidade aos seus modelos de trabalho. Nos casos em que existe essa preocupação, a opção de horários de término e de início de trabalho ajustáveis é a modalidade mais referida (19%).
As soluções de flexibilidade pensadas pelos empregadores portugueses são assim inferiores às avançadas na região EMEA, onde 39% dos empregadores europeus quer adotar horários de início e fim flexíveis e 30% horários flexíveis condensados, valor bastante superior aos de 8% da realidade nacional.
O bem-estar dos profissionais em trabalho remoto é a maior preocupação das empresas
Quando questionados sobre os principais motivos de preocupação associados aos modelos de trabalho remoto, 25% dos empregadores portugueses, afirmaram estar relacionados com o bem-estar dos seus colaboradores, seguindo-se a produtividade (13%) e a colaboração (9%). No caso da região EMEA, a lista de apreensões não se altera, mas sim a sua ordem de importância, destacando-se a produtividade como a principal preocupação, referida por 20% dos empregadores, seguida da colaboração (15%) e do bem-estar (14%).
O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 45.000 empregadores em 43 países e territórios. As entrevistas foram realizadas durante as circunstâncias excecionais do surto de COVID-19, pelo que os resultados do estudo deverão refletir o impacto da emergência global de saúde e consequente perturbação económica. Os resultados completos do ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o terceiro trimestre podem ser consultados em www.manpowergroup.com/meos.