A crise portuguesa não afetou futuras contratações, tendo em conta que mais de 70% das empresas portuguesas vão contratar em 2016.
O estudo Workforce+Pay 2016 lançado pela Korn Ferry aponta para isso mesmo. Em 2016 as empresas vão apostar em mais colaboradores. Os principais setores serão os de produção, vendas e engenharia. O estudo tem por base as práticas retributivas em 2015, a estimativa de contratações e antecipações de aumentos salariais nas empresas privadas em 2016.
Contratações em 2016 nas áreas de produção e vendas
Em 2016, 76,3% das empresas participantes no estudo Workforce+Pay do HayGroup, uma empresa do Grupo Korn Ferry, revelou querer contratar novos colaboradores para os seus quadros.
“Com o crescimento das exportações e um aumento da procura, as empresas procuram reforçar os seus quadros com colaboradores que assegurem as áreas produtivas.”, explica Miguel Albuquerque, Head of Productized Services do Hay Group. “Por outro lado, a necessidade de escoar produtos, bem como o aumento da competitividade do mercado leva a que a empresas reforcem as suas equipas comerciais.
Quantos colaboradores estima contratar?
Quando inquiridas sobre quantos colaboradores, em média, estimam contratar em 2016, 38,6% das empresas responderam entre 4 a 9 e 28,1% referiram que iriam contratar mais de 25 colaboradores no próximo ano.
É nos setores de serviços e distribuição e retalho aqueles que referem que irão contratar mais de 25 colaboradores no próximo ano, em particular, nas áreas de vendas. “O Retalho contrata mais em valor absoluto, porque tem mais rotatividade e maior número de pessoas. No entanto, é importante referir que também nestas empresas assiste-se à implementação de planos de redução do investimento e contratação, podendo estar a recrutar percentualmente menos do que os outros setores face à respetiva dimensão humana.”, acrescenta Miguel Albuquerque.
Ainda durante o ano de 2015, 78% das empresas portuguesas superaram as previsões feitas em 2014, atribuindo um aumento salarial de 1,78% – acima dos 1,50% previstos.
Miguel Albuquerque avança que “a recuperação económica sentida nos últimos anos, aliada ao contributo adicional feito pelos colaboradores, levaram as empresas a recompensá-los, atribuindo um valor de aumento salarial superior ao estimado inicialmente.”
O estudo permitiu ainda revelar que os ajustes salariais estiveram associados, para 60% das empresas, ao mérito e desempenho individual dos seus colaboradores.
Em comparação com o estudo efetuado no ano passado, onde 84% das empresas portuguesas estimaram aumentar os salários dos seus colaboradores, neste ano a intenção manteve-se para apenas 73% dos inquiridos.
Incrementos registados em 2015 vs previsões para 2016 por nível funcional
Com a recuperação económica e o clima de confiança instalado, as empresas atribuíram valores salariais superiores ao estimado. Como já referido, a incerteza sobre o futuro político e económico levam as empresas a atribuir ainda assim aumentos, mas inferiores nas equipas de direção e gestores intermédios, bem como aos restantes colaboradores.
Que setores pagam melhor?
É nos setores do retalho e energia que encontramos as maiores diferenças em termos de prática retributiva. Se, por um lado, o setor do retalho está abaixo da mediana do mercado geral*, em aproximadamente 15% no Salário Base e 13% na Remuneração Total, no outro extremo encontramos, à semelhança do ano passado, o setor da energia com uma média 17% acima dos setores analisados no Salário Base e 21% acima na Remuneração Total. O setor dos serviços é o mais alinhado com o mercado: 0,4% acima no Salário Base e 4% acima na Remuneração Total.
O setor financeiro continua a cair na tabela, quando comparado com o mercado geral*. “Este setor foi um dos mais afetados pela situação económica, uma vez que estão incluídas instituições bancárias e empresas de crédito, cuja situação económica é amplamente conhecida do mercado”, refere Miguel Albuquerque.
Retribuição variável e benefícios em subida
É possível observar um aumento do peso da Retribuição Variável face ao Mix Retributivo. Com a melhoria das condições económicas, as empresas voltam a recorrer à atribuição de bónus, comissões, prémios excecionais e participação nos resultados.
Quanto aos Benefícios, tornaram-se, desde há alguns anos, uma forma flexível de retribuir, verificando-se uma estabilização desta retribuição desde 2013.
Num momento em que as organizações procuram, por todos os meios, reduzir/controlar custos, a disponibilização de Benefícios que sejam valorizados pelos colaboradores surge como uma forma de reter aqueles que desempenham um papel chave na organização.
A Retribuição Variável a médio e longo prazo é utilizada por apenas 17% das empresas que compõem a nossa amostra, ainda assim com um valor superior ao ano anterior (11%). Os principais intuitos desta ferramenta é alinhar os objetivos individuais dos gestores com os dos acionistas, fomentar visão estratégica e reter os colaboradores mais críticos.
Atualmente, os esquemas mais utilizados no mercado são as Stock Options, Restricted Stock/Shares, Performance Shares, Performance Cash Units / Long-term Cash e os Diferred Bonus, atribuídos maioritariamente ao Top Management.
Apesar da carga fiscal pela tributação das mais-valias relacionadas com o mercado bolsista, a Stock Options (33%), Restricted Stock/Shares (33%), Performance Shares (40%) continuam a ser os planos de Retribuição Variável a médio e longo prazo mais atribuídos pelas empresas inquiridas neste estudo.
Quantificação dos benefícios
A Política de Benefícios tem apresentado taxas de crescimento agressivas em anos anteriores, mas nos últimos três anos o seu peso no Mix Retributivo, ou seja, o valor dos benefícios no pacote retributivo total permaneceu quase inalterado, sobretudo devido à pressão para o controlo de custos.
Os principais Benefícios atribuídos pelas empresas da base de dados salarial do Hay Group são o Seguro de Saúde, o Subsídio de Alimentação, o Automóvel, e o Seguro de Vida. Os menos comuns são os Planos de Pensões. Dentro dos benefícios mais comuns, encontram-se também a atribuição de dias de férias extra (45%) e facilidade de adquirir produtos da empresa com desconto (42%).
O estudo, em Portugal, incidiu sobre um universo de mais de 87.000 colaboradores em 234 organizações de 11 setores de atividade. O estudo revela os aumentos salariais previstos para 2016 e compara com as previsões feitas o ano passado na mesma altura, relativamente a 2015. Também estabelece a comparação com as taxas de inflação divulgadas pelo Economist Intelligence Unit.