A aprendizagem é um fator constante na experiência de um colaborador numa empresa. Desde que entra até que sai da organização, a aprendizagem acontece continuamente com o trabalho, muitas vezes diariamente através das experiências vivenciadas no ambiente da organização.
Uma formação pode ser encarada de duas formas: como um valor acrescentado à organização e como contribuinte para o sucesso e motivação dos colaboradores. Em conjunção, estes dois aspectos permitem que os colaboradores queiram fazer parte da organização durante mais tempo e se sintam mais comprometidos com a mesma.
No entanto, a Fundação José Neves (FJN) sublinha que, em Portugal, apenas 13,8% dos adultos participaram em educação e formação, um valor que é superior à média europeia (11,9%), mas significativamente abaixo da média dos 5 cincos países mais bem posicionados (27%).
De acordo com a FJN, uma empresa em que toda a sua equipa de gestão tem o ensino superior tem uma probabilidade acrescida em 23 pontos percentuais de estar num nível de digitalização “Média” ou “Elevada”, relativamente a uma empresa em que nenhum dos seus gestores têm um nível superior de formação.
“Este resultado sugere que as qualificações dos gestores podem ser cruciais não só para a adoção de TIC, mas também para alterarem mais profundamente o negócio e os métodos de trabalho e organizacionais“, sublinha a Fundação José Neves, na edição 2023 do “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal”.
Na última década assistiu-se a uma maior implementação de academias internas ou formações conduzidas por profissionais externos. Acrescente-se a isso o facto de que a presença de uma formação de qualidade pode ser um motivo para a escolha, dos colaboradores, de uma estrutura organizacional em específico.
O papel da formação nas empresas
“Na Dia Portugal, vemos a formação como um treino e desenvolvimento constante de competências, que permite alavancar áreas potenciais em cada um dos nossos colaboradores, franqueados e equipas, descobrir áreas até então menos exploradas e dar a conhecer a todos e cada um os seus pontos fortes, tão catalisadores do sucesso individual e organizacional – sempre como uma ferramenta de crescimento de negócio”, explica Claúdia Sofia Rosa Ribeiro, Head of Academia Dia e a Academia Dia Franquia.

Claúdia entende que, muitas vezes, a formação é percecionada como algo que existe para suprir lacunas, ao invés de uma forma de motivar, premiar e convidar ao desenvolvimento constante de cada um, numa vertente pessoal e profissional.
“Na Dia trabalhamos para que cada um dos nossos colaboradores veja na Academia Dia e Academia Dia Franquia um local privilegiado onde pode aprender e treinar, diariamente, conteúdos, ferramentas e estratégias práticas e úteis para todo o seu percurso pessoal e profissional, seja na vertente de negócio ou comportamental”, aponta.
Atualmente, as formações da Academia Dia, nas suas diferentes escolas, estão disponíveis a todos os colaboradores. “Até agora, em 2023, já foram realizadas cerca de 15.500 horas de formação e a nossa ambição é grande“, acrescenta Claúdia Sofia Rosa Ribeiro.
Já no caso da GKN Automotive Portugal, a formação desempenha um papel fundamental ao desbloquear o potencial tanto dos colaboradores individualmente, como da equipa como um todo. Atualmente, a maioria dos trabalhadores da GKN Automotive Portugal (66%) estão inscritos ou beneficiam de programas de formação ou treino que ocorrem dentro da empresa.
Inês Grilo, HR Business Partner & Site Learning Lead da GKN Automotive Portugal, indica que as formações oferecidas são personalizadas e alinhadas com os valores da organização: ética, colaboração, criatividade e foco na resolução de problemas.
“Vemos a formação como uma jornada contínua, e não com um evento isolado, colocando sempre o colaborador no centro do processo. Acreditamos que o seu sucesso está diretamente ligado ao crescimento e ao êxito global da empresa”, explica Inês Grilo.
Esta posição também é partilhada pela Farfetch, cujos colaboradores, um universo de cerca de 6.000 pessoas, são abrangidos pelos “recursos de desenvolvimento” da empresa. Ana Sousa, VP People Lifecycle e na Farfetch, vê a formação não só como um contributo para o crescimento individual dos colaboradores, mas também para a inovação, com impacto na organização.
“Ao proporcionar oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, os colaboradores podem adquirir novos conhecimentos e competências que os capacitam a assumir responsabilidades mais complexas e desafiantes”, refere Ana Sousa.
As formações mais valorizadas
Formações úteis, com aplicabilidade imediata no dia-a-dia, que quebrem o status quo, e que permitam o desenvolvimento de novas mentalidades, fomentem a aprendizagem entre pares e que ocorram num ambiente de confiança é o que, de acordo com Claúdia Sofia Ribeiro, a Dia Portugal procura. “A formação não é um contexto escolar, não é um conjunto de matérias teóricas, não é um momento obrigatório para cumprir calendário”, comenta.
“Formações com impacto operacional, foco em novas tecnologias, componente comportamental e experiencial com metodologias de coaching e formações diferenciadoras com áreas de expertise interno e externo são as que os nossos colaboradores mais valorizam”, elenca Cláudia Sofia Ribeiro.
No caso da GKN Automotive Portugal, Inês Grilo avança que a abordagem atual de Learning & Development da empresa centra-se na adaptação e personalização das formações à realidade de cada empresa e colaborador.

“Acreditamos que a formação é uma ferramenta poderosa para capacitar os colaboradores a enfrentar os desafios da realidade atual e que deve fazer parte da experiência do dia-a-dia, progredindo juntamente com as necessidades de ambas as partes, empresa e colaborador”, denota Inês Grilo.
A Farfetch, neste caso, valoriza a formação ao longo de todo o ciclo de vida do colaborador, começando desde logo no onboarding.
“Posso dar um exemplo de um género de formação que fizemos recentemente, denominado “Learning at Work Week”, na qual nos aliamos a várias entidades externas com quem trabalhamos regularmente para dedicarmos uma semana de formação para todos os colaboradores. Esta semana realizou-se em maio pela primeira vez, com workshops e formações presenciais e virtuais, e foi um verdadeiro sucesso. O feedback que recebemos foi muito positivo”, explicou Ana Sousa, VP People Lifecycle na Farfetch
O impacto da formação e feedback
À medida que as empresas desenvolvem os seus programas de formação, igualmente importante é perceber qual foi o impacto real destas iniciativas.
No caso da Dia, é efetuado anualmente uma análise do cumprimento dos resultados e objetivos estratégicos da empresa, dos resultados das avaliações de desempenho, das taxas de absentismo, das taxas de acidentes de trabalho e dos questionários internos de compromisso.
“Temos vindo a constatar que, à medida que a Academia Dia vem sendo implementada, temos registado valores cada vez mais positivos ao nível de todos estes campos, o que nos serve também de guia para a continuidade da criação de conteúdos e programas”, indica Claúdia Sofia Rosa Ribeiro.
Claúdia Sofia Rosa Ribeiro indica a “Avaliação da Reação das formações da Academia Dia e Academia Dia Franquia” pelos colaboradores é de 4,5, numa escala de 1 a 5.
Para medir o impacto da formação no desempenho dos trabalhadores, a GKN Automotive empregou métodos como dramatizações, estudos de caso, questionários de satisfação pré e pós-formação ou reuniões cara-a-cara com os managers dos colaboradores envolvidos nas formações.
“Recentemente recebemos feedback muito positivo através dos questionários de satisfação pós-formação. Os trabalhadores passaram a implementar técnicas de coaching e fizeram questões perspicazes durante as reuniões cara-a-cara. Isto resultou num melhor entendimento das necessidades dos membros da equipa e deu-lhes mais autonomia e responsabilidade”, explica Inês Grilo, HR Business Partner & Site Learning Lead da GKN Automotive.
De um modo semelhante, a Farfetch solicita a opinião dos seus colaboradores sobre as formações que promovem, sendo uma medida de avaliação com a sua subjetividade.

“O tipo de feedback mais positivo e que nos deixa verdadeiramente satisfeitos é quando percebemos que a formação ou o workshop impactou de forma real as competências profissionais e, por vezes, até pessoais. Quando as nossas pessoas nos dizem que algo que fornecemos aumentou a sua confiança e lhes deu ferramentas para enfrentar algum desafio, isso é altamente motivador”, refere Ana Sousa.
A VP People Lifecycle Farfetch afirma que as formações promovidas pela Farfetch têm tido uma aceitação “muito interessante”. “Por exemplo, a nossa formação sobre saúde mental. Pessoas de várias áreas têm-nos dito que o conhecimento que adquirem as tem ajudado na vida pessoal e profissional. E isso é muito gratificante”.
“O retorno do investimento que fizemos nestas formações não é algo que medimos de forma direta. Investimos em desenvolvimento e formação contínua e é aí que estamos focados neste momento”, sublinha Ana Sousa.