Catarina Horta – Diretora Capital Humano do NOVO BANCO
Um mundo aC e dC (antes do Covid e depois do Covid)
Diria que há um mundo aC e dC, antes do Covid e depois do Covid, quer para o mal, quer para o bem.
Para o mal, é certo que teremos que conviver com meses, provavelmente anos de aumento de desemprego, antes de uma retoma que os economistas esperam exponencial. A chegada do coronavírus à economia e ao emprego, por consequência, veio rápida e silenciosamente como uma avalancha e recuperará de igual modo rápido. Porém, não sabemos estimar quando. Provavelmente ninguém sabe. Depende de várias coisas e até conjugação delas – dos efeitos das medidas de contenção, do tempo que leva a criar imunidade colectiva, do milagre de um ensaio clínico funcionar e termos um medicamento mais cedo no mercado, da produção de uma vacina. Até lá o mercado de trabalho viverá com excesso de pessoas à procura de emprego para poucas oportunidades e, tal como na crise de 2008, os mais afectados serão os jovens e os 55+.
Para o bem, o dC acarreta uma mudança no modo de trabalho. Há anos que as consultoras nos vendiam programas de gestão da mudança para usarmos o Teams e outras ferramentas de trabalho colaborativo e à distância. Salvo raras excepções a maioria dos projectos tinha uma penetração nas organizações aquém da potencialidade das ferramentas. Em duas semanas vemos muitas organizações a enviar a maioria dos seus colaboradores em teletrabalho e a usar estas ferramentas. Eu própria, fechada em isolamento no quarto fiz uma reunião com 34 directores coordenadores em simultâneo, do meu quarto. O teletrabalho e as ferramentas colaborativas vieram para ficar – este passou a ser o novo normal e todos já percebemos que funciona.
Digamos que o que o Covid trouxe mau ao mercado de trabalho será mesmo mau mas passa com o tempo e o que trouxe de bom veio para ficar. Haja esperança!
Luís Antunes – Human Resources Director da PHC Software
Ainda é cedo para avaliarmos o real grau de impacto, mas é praticamente certo que a situação que vivemos provocará mudanças importantes no mercado de trabalho. Primeiro, temos de nos preparar para a contração económica que se aproxima, que poderá ter efeitos ao nível da diminuição do número de postos de trabalho, em particular, nos sectores mais afetados pela crise como a restauração ou o turismo.
Mas, não será apenas no número de postos de trabalho que poderemos ver alterações; também no tipo de postos de trabalho. Com as empresas a adaptarem-se rapidamente ao teletrabalho em massa, é provável que a forma como trabalhávamos até aqui mude. A tecnologia que hoje temos à disposição já provou que, para determinadas profissões, uma empresa consegue funcionar e manter a sua atividade à distância, sendo, não só mais confortável, como. nalgumas situações, mais produtivo. É provável que as empresas invistam mais em teletrabalho e que haja um crescimento de formação e boas práticas para este “novo normal”.
Por fim, e porque a economia dará um salto significativo ao nível da transformação digital, iremos ver uma maior valorização de aptidões tecnológicas – não falo apenas das profissões puramente tecnológicas, como programadores ou profissionais de IT, mas da aceleração de um crescimento da importância do domínio tecnológicos em áreas como os recursos humanos, as vendas, o marketing, a comunicação, a contabilidade, entre outras.
Filipa Jesus, responsável de RH na Opensoft
Já não é possível pensar que as nossas rotinas diárias não serão infetadas pela Covid-19. A pensar no bem-estar dos colaboradores da Opensoft, que é a nossa principal preocupação no departamento de Recursos Humanos, decidimos avançar com a implementação do que, até então, estava ainda a ser planeado – o regime de teletrabalho.
Como era algo que ainda não estava implementado na empresa coube a cada equipa, sob orientação do seu responsável, organizar a forma de trabalhar como iriam trabalhar, tentando manter ao máximo a sua rotina. Para isso, as ferramentas Web dão uma excelente ajuda: os chats e as ferramentas de videoconferência encurtam a distância e permitem que as tarefas sejam realizadas fora do ambiente laboral habitual sem perdas de qualidade nos entregáveis
Está a ser um desafio enorme para a Opensoft, mas estamos a superá-lo juntos. Neste momento, as reuniões por videoconferência são uma constante, porque é importante manter os colaboradores alinhados com as tarefas e também partilhar ideias sobre a experiência do teletrabalho e dicas para sermos mais produtivos nas nossas tarefas.
Esta situação demonstrou que somos capazes de nos surpreender e de conseguir concretizar iniciativas/programas que por vezes nos parecem complexos, mas que na realidade se conseguem fazer com relativa facilidade, caso exista a ajuda de todos. Não foi por acaso que, em poucas horas, toda a empresa se organizou e passou a trabalhar a partir de casa!