O primeiro-ministro defendeu ontem que a formação digital dos cidadãos é um factor decisivo para uma “mudança de paradigma do país”, visando um modelo de crescimento sustentado para romper em definitivo com uma conjuntura de estagnação.
Com a plateia do Teatro Thalia, em Lisboa, completamente cheia, o líder do executivo sustentou a tese de que a formação digital é um factor crítico para a competitividade económica do país, mas também para a cidadania activa e reforço do próprio regime democrático.
“O país só se desenvolve e vai crescer mesmo a sério se tiver a capacidade de competir com base no valor acrescentado e não apenas com base no factor custo. Esta é a diferença radical entre aquilo que nos aconteceu nos últimos 15 anos – em que Portugal registou um crescimento médio de 0,2 por cento – e aquilo que queremos que nos aconteça no futuro“, declarou o primeiro-ministro.
Para Portugal fugir “à prolongada estagnação que afecta o país desde 2000”, António Costa defendeu uma mudança de paradigma.
“Precisamos de outro tipo de competências. Temos as competências digitais à nossa mão. E esse é o grande desafio que temos pela frente – um desafio que devemos encarar com confiança, até porque Portugal tem duas vantagens competitivas: a infraestrutura instalada e recursos humanos qualificados“, advogou.
António Costa considerou também que a aposta na formação digital deve dirigir-se igualmente ao sector dos desempregados, numa altura em que se estima que o país precisa de cerca de 15 mil programadores.
“Não podemos esperar que os meninos que estão hoje no pré-escolar entrem no mercado de trabalho. Não podemos esperar 20 anos para resolver os nossos problemas“, acentuou o primeiro-ministro.
Ainda de acordo com o líder do executivo, a formação digital terá também consequências ao nível do próprio regime político a médio prazo.
“A democracia só se fortalece com cidadãos activos e cada vez mais informados. A formação digital é um desafio não só das empresas, da académica, mas do conjunto de toda a sociedade“, justificou.