Segundo a Robert Walters, este ano, há seis perfis que se destacam ao representarem as funções mais procuradas pelas empresas em Portugal atualmente.
Developers, head of digital, supervisores O&M para energias renováveis, plant managers da indústria automóvel, CFOs e key account managers são, atualmente, os profissionais mais requisitados, em Portugal. Quem o diz é a consultora de recrutamento especializado Robert Walters, que entrevistou os responsáveis de cada divisão, questionando-os acerca das funções dos referidos perfis, das competências procurados e do salário oferecido em cada uma.
Developers
De acordo com Paulo Ayres, manager na divisão de IT software development na Robert Walters, os programadores “são hoje alguns dos profissionais mais requisitados do mercado português”. Estão presentes em quase todas as indústrias, das empresas alimentares tradicionais a consultoras de alta tecnologia. São responsáveis pelo desenvolvimentos de sistemas, programas, ERPs, sites, games, aplicações mobile, entre outros. “No mundo da programação existem diversas linguagens, sendo as mais requisitadas Java, .Net, Python, Javascript”, refere.
“Um bom programador, para além do conhecimento técnico, capacidade analítica e de abstração, tem de ter, cada vez mais, boas capacidades de comunicação para interagir com a área de negócio e extrair informações fundamentais para um bom desenvolvimento”, sublinha Paulo Ayres. E acrescenta: “São esperados aumentos salariais para todo o tipo de developers, na medida que há um número crescente de oportunidades sem aumento equivalente de candidatos no mercado”.
Head of digital
De acordo com a consultora de recrutamento especializado, 90% dos processos de compra têm início numa pesquisa online, “pelo que o marketing digital e o marketing de conteúdo são cada vez mais essenciais para o sucesso de qualquer empresa”. Para Ana Monteiro, consultora de marketing digital na Robert Walters, um head of digital “deve apresentar um percurso profissional de pelo menos dez anos em marketing digital”. Entre as competências desejadas para esta posição encontram-se os “conhecimentos de e-commerce e publicidade online, domínio das ferramentas Google (adwords, analytics, por exemplo), conhecimentos de SEO e e-mail marketing” e “experiência comprovada em media digitais e research, capacidade de gestão de equipa e gestão da relação com clientes, aliadas a inteligência empresarial”, afirma a responsável.
A Robert Walters prevê um aumento salarial para todas as posições ligadas ao marketing digital, nomeadamente para a função head of digital. Segundo Ana Monteiro este aumento deve-se a três motivos: “primeiro, a crescente importância e impacto do marketing digital nas empresas, segundo, as competências e experiência exigidas são cada vez mais específicas, por último, os profissionais estão cada vez mais especializados com o crescimento das ofertas formativas, pelo surgimento de vários cursos especializados nas várias vertentes do marketing digital”
CFO
Os CFOs encontram-se entre os perfis mais procurados em Portugal e, de acordo com Vasco Rodrigues, manager da divisão de accounting & finance na Robert Walters, “devido ao crescimento económico do país, que aumentou os níveis de contratação de profissionais de finanças, e porque as empresas começam, cada vez mais, a perceber a importância de terem um perfil estratégico com fortes conhecimentos financeiros”.
“Um bom CFO, em 2019, deve ter fortes capacidades analíticas, de planeamento e comunicação interpessoal, de forma a ser capaz de trabalhar e estabelecer uma relação positiva com o CEO da empresa, membros do conselho de administração e outros diretores”, realça, acrescentado que “os requisitos essenciais a esta posição são fortes competências técnicas, consolidada experiência de risco no que diz respeito a compliance e auditoria interna, conhecimentos de sistemas de ERP, conhecimentos profundos do ambiente regulatório, um pensamento estratégico, fortes conhecimentos de princípios GAAP e de contabilidade fiscal, sendo cada vez mais necessário o domínio do mundo digital das tecnologias da informação”.
No que diz respeito à experiência necessária para exercer este cargo, um CFO deve possuir “experiência comprovada em finanças e contabilidade no contexto de posições de gestão”, considera Vasco Rodrigues. À semelhança dos head of digital, também os CFOs com todos os anos de experiência podem esperar aumentos salariais face a 2018.
Supervisor de O&M – energias renováveis
Dada a “forte expansão”, em Portugal, do setor das energias renováveis, um supervisor de O&M é dos perfis mais procurados, principalmente para a área de Lisboa, Porto e Coimbra, avança a Robert Walters. “Trata-se de uma posição-chave para garantir o melhor retorno do investimento no que diz respeito a parques eólicos e centrais fotovoltaicas, agindo como elemento de ligação entre promotores, clientes e distribuidores”, comenta François-Pierre Puech, senior manager na divisão de engenharia e operações na Robert Walters.
De acordo com o responsável, “a rotatividade destes perfis é baixa, tendo uma média de antiguidade nas empresas superior a cinco anos”. “Esta situação está a criar uma certa pressão no mercado para atrair este tipo de profissionais, causando aumentos nos pacotes salariais, que, neste momento, estão entre os 37 e os 45 mil brutos anuais, para além de bónus e viatura de empresa”, refere François-Pierre Puech.
De entre as suas funções, o supervisor O&M “segue o plano estratégico anual de operações da companhia, assegurando o ótimo desempenho dos ativos em conformidade com os padrões e procedimentos HSE”, nota a consultora de recrutamento especializado.
Os empregadores procuram, grosso modo, um profissional com “sete ou mais anos de experiência de gestão e manutenção de parques eólicos ou centrais fotovoltaicas, com fortes capacidades analíticas e de organização, bem como experiência de gestão de equipas técnicas e um olhar estratégico da indústria”. Adicionalmente, valorizam profissionais que “dominem mais de um idioma, de preferência inglês e espanhol, e que tenham uma cultura de “security first””, esclarece o responsável.
Key account manager
De acordo com a Robert Walters, “estes profissionais são as primeiras linhas na atividade comercial, realizando a prospeção de novos clientes, assim como a gestão e manutenção de parceiros para potenciar saudavelmente o negócio”, explica Diogo José de Mello, consultor des na Robert Walters. Para tal, um bom “KAM” precisa de entender “as necessidades dos seus clientes de forma a promover os seus produtos ou serviços de uma maneira customizada. Assim, a boa capacidade de negociação, os skills relacionais interpessoais, combinados com um mindset objetivo e analítico, resultam num excelente perfil de key account manager”, explica.
“A função de KAM insere-se, essencialmente, em três segmentos diferenciados e complementares: KAM on trade, que se caracteriza por representar o mercado de bares, restaurantes, casas noturnas, cafés, clubes e hotéis, KAM of trade, que representa todos os pontos de venda, como hipermercados, supermercados, minimercados, quiosques, mercearias e lojas de varejo no geral, e KAM cash & carry, que representa o mercado de grossistas e retalhistas em Portugal”, lê-se no comunicado enviado à imprensa. Dada a importância desta função, estes profissionais são “extremamente cobiçados” no mercado de trabalho, por consequência, há uma “tendência para aumentos salariais por parte das empresas que visam atrair e reter o seu talento”, destaca a Robert Walters.
Plant manager – indústria automóvel
Segundo a consultora de recrutamento especializado, “a indústria automóvel em Portugal encontra-se perante um forte desafio, uma vez que países de mão de obra mais barata no Norte de África e Europa de Leste estão a oferecer serviços de qualidade competitivos, ameaçando a atratividade da indústria nacional”. Um dos principais objetivos destes profissionais reside na melhoria da produtividade das fábricas, diminuindo os custos e melhorando KPIs de produção. “Para tal, são necessários bons plant managers para garantir a máxima capacidade e qualidade para toda a produção e operação da fábrica, gerindo também todos os responsáveis pelas diferentes atividades, incluindo manufatura, supply chain, qualidade, engenharia e manutenção, finanças e recursos humanos”, explica François-Pierre Puech.
De acordo com a Robert Walters, “o perfil mais procurado é um profissional sénior, com mais de dez anos de experiência de sucesso a gerir equipas multifuncionais, habituado a desenhar e implementar planos de melhoria da planta produtiva através da metodologia Lean/Kaizen, com uma mentalidade estratégica e analítica relativamente a toda a cadeia de produção, para além de capacidades comprovadas de liderança e comunicação”. “Se, além de tudo isto, tiver experiência internacional e contar com capacidades de gestão de contas de clientes, será fortemente requisitado principalmente para as zonas industriais da Grande Lisboa, Grande Porto e Coimbra, podendo contar com um pacote salarial entre 90 e 120 mil euros brutos anuais, para além de viatura de empresa e outros benefícios”, conclui.