Estudo da Boston Consulting Group (BCG) com a World Federation for People Management Associations (WFPMA) identificou os tópicos mais críticos para os Recursos Humanos (RH) no período pós-pandemia.
A capacidade de digitalização e do uso de inteligência artificial, cloud e robótica nos RH e o uso de princípios agile estão entre as competências menos reconhecidas nas empresas portuguesas.
Para fazer face a um ambiente de trabalho em rápida mudança, os líderes de RH devem focar-se na digitalização, no talento e no futuro do trabalho. Esta é a principal conclusão do relatório elaborado pela BCG em conjunto com a WFPMA, intitulado “Creating People Advantage 2021: The Future of People Management Priorities”.
O relatório classifica 32 tópicos relacionados com a gestão de pessoas em duas dimensões: a capacidade atual das organizações para abordar cada tópico e a importância futura de cada um deles. Com base na avaliação destas dimensões em conjunto, o estudo destaca as três áreas onde é mais urgente implementar ações inovadoras. Em primeiro lugar, a digitalização, onde se inclui o uso de novas tecnologias tais como people analytics, aplicações de base na cloud, inteligência artificial (IA) e robótica. O talento e o planeamento estratégico da equipa de trabalho, o desenvolvimento de lideranças, a aposta na formação e requalificação (upskilling e reskilling) e a visão do trabalho como um ecossistema de empregados, prestadores de serviços e outros tipos de mão-de-obra surge como segundo ponto. Por último, o futuro do trabalho, onde se abordam os recursos humanos mais agile, a integração de trabalho smart, e a gestão da mudança.
Sobre o mercado português, em particular, conclui-se que as organizações se mostram atualmente “altamente capacitadas” em questões relacionadas com saúde e segurança (48%), estratégia de pessoas e recursos humanos (45%), relação com colaboradores (44%), gestão de performance (44%) e estratégia e processo de recrutamento (40%). A capacidade de digitalização e do uso de inteligência artificial, cloud e robótica em RH e o uso de princípios agile estão entre as competências menos reconhecidas nas empresas portuguesas, com 19% e 20%, respetivamente.
Como prioridades futuras para os responsáveis de recursos humanos, 94% dos inquiridos destacam a formação e requalificação, a estratégia de pessoas e RH (93%), o envolvimento do colaborador e o seu bem-estar (91%) e o desenvolvimento e comportamento da liderança (91%) e o employer branding (90%).
A maior disparidade registada entre a realidade portuguesa e a global prende-se com o critério da compensação e reconhecimento. Este tópico ocupa o 25º lugar perante o 13º a nível global. Quando o foco da questão é a sua importância futura, este critério sobe para o 8º lugar da tabela, movimento contrário ao do cenário global, que empurra o parâmetro para a 17ª posição.
“Conseguimos, com este relatório, apresentar um guia com prioridades claras para Diretores de Recursos Humanos e gestores seniores que querem construir uma força de trabalho pronta para o futuro. O desafio crescente que o mercado de trabalho coloca às organizações exige uma resposta mais robusta e proativa do que a que tem sido a norma em Portugal. É necessária uma abordagem que se alimenta mais dos dados e que coloca cada colaborador no centro do processo de desenho. Só assim será possível alocar os recursos de forma estratégica nas prioridades mais urgentes”, defende Eduardo Bicacro, Principal da BCG.
Outra conclusão deste relatório foi a necessidade de criar experiências personalizadas para os colaboradores. Aqui encontrou-se o maior consenso do estudo, com 85% dos inquiridos a responderem que a concentração nas necessidades e expectativas dos colaboradores é o fator-chave de sucesso na disputa pelo talento na década de 2020.
O relatório está disponível, na íntegra, aqui.