O papel da empresa na formação e desenvolvimento dos colaboradores é vital para os seus resultados. Para além das competências já adquiridas, as empresas têm a missão de explorar o potencial de cada colaborador e despertar a sua motivação.
Acredito que o paradigma da formação está a mudar. Queremos que as pessoas nas organizações sejam «o peixe ou o pescador»? Se queremos que sejam o pescador e provoquem a mudança, começando em si próprias, as empresas têm de apostar no que realmente move as pessoas. Então a questão é mesmo essa: o que motiva os colaboradores? Se não soubermos responder a esta questão – que é natural – então temos de dar um passo atrás e fazer um trabalho de análise e diagnóstico mais profundo, que passa por falar com as pessoas, conhecê-las, saber quem são para além do que fazem. Ir à sua essência.
Inscrever um colaborador numa ação de formação para o motivar… pois, será mesmo? E qual é o motivo para participar naquela ação e não noutra? Porque tem mais horas? Porque fica mais perto do local de trabalho? Há vários motivos e na realidade as pessoas vão aprender e experienciar enquanto indivíduos. Quando pensamos no desenvolvimento das pessoas temos de ter a visão global da empresa e a motivação do colaborador em particular.
Um olhar mais interessado pela área da formação permite-nos perceber a importância crescente para as empresas e os reflexos que estas exercem sobre a motivação.
A aprendizagem de uma função e o seu desenvolvimento não principiam com a frequência de um curso de formação inicial nem terminam com a obtenção de um certificado, sendo algo que a pessoa deve realizar durante toda a vida. A formação contribui, pela sua simples existência, para a continuação de uma identidade profissional, quanto mais não seja ao criar uma cultura comum e sobretudo o impacto no modo de falar, raciocinar, colocar e resolver problemas.
Os colaboradores deverão estar preparados para desempenhar com igual competência cada uma das funções que são exigidas no decorrer do seu exercício profissional. A formação procura, assim, possibilitar um maior enriquecimento através da articulação de conhecimentos, tarefas e métodos com o objetivo de promover o desenvolvimento de competências.
Será necessário dispor de competências novas ou mais alargadas? O desenvolvimento e a inovação contínua exigem novas competências que procuram responder a situações concretas e a missões de competitividade. Para o desenvolvimento das novas competências assinalo três pistas:
1) um novo modelo de acompanhamento dos colaboradores, mais contínuo e mais próximo da realidade de funcionamento da organização − que funcione segundo valores e onde o feedback faça parte do quotidiano da empresa;
2) observar paralelamente o desenvolvimento de novas competências suportadas na estratégia e inovação da empresa (o que os torna diferentes? Mais competitivos?);
3) analisar uma série de novas oportunidades em torno de dinâmicas práticas e jogos de formação (baseados na realidade da organização).
O principal objetivo da formação é fornecer competências para agir na prática; então, outra questão que se coloca é a mediação entre o local de formação e os outros espaços no exterior (entidades de formação, escolas técnicas, universidades e centros de desenvolvimento de competências no geral), que nos remete, assim, para uma outra problemática de fundo que é a organização do próprio saber, isto é, os conhecimentos teóricos tal como estão organizados. Como conseguir o equilíbrio entre os conceitos teóricos e a prática para aplicar na empresa no seu imediato? É esta a questão fulcral.
Se encararmos as inovações nas empresas como uma construção social que ocorre num sistema de comportamentos interdependentes, conduz-nos a um melhor entendimento se a reinvenção da formação passar por fazer dos seus monitores − sejam formadores internos ou externos − produtores de conhecimento. Esse objetivo só será alcançado nas organizações que apostem na formação como produtora de saberes.
Com esta estratégia estamos a desenvolver pescadores nas organizações. Porque apostam no seu conhecimento, experiência e motivação para passar o saber saber e o saber fazer.