Mafalda Ribeiro tem 32 anos, formou-se em jornalismo e agora é oradora motivacional. Nasceu com uma doença chamada Osteogénese Imperfeita, mais conhecida por Ossos de vidro.
Mas não é a cadeira de rodas que a move, mas sim a sua vontade de viver. Mafalda Ribeiro já editou um livro “Mafaldisses – Crónicas sobre rodas” um livro de crónicas sobre acessibilidades.
Falou com o Inforh para contar a sua transição para a área da motivação, e para nos dar o seu testemunho sobre algumas temáticas dos recursos humanos.
O que a fez deixar a função de Técnica de Comunicação numa empresa para se tornar oradora motivacional?
Uma coisa não substituiu necessariamente a outra, em termos de carreira. Ou seja, acho que desde 2008, a partir do lançamento do meu livro “Mafaldisses – Crónicas sobre rodas”, que isto de falar em público passou a estar intrínseco sem eu me dar bem conta do que podia vir a ser profissionalmente. Falar em escolas, eventos públicos, apresentar o livro e automaticamente passar o meu testemunho pessoal e optimista da vida e dar entrevistas na comunicação social passou a fazer parte da minha agenda sem que fosse algo calculista. Fazia parte do pacote e eu aceitei!
A partir de 2011, percebi que não podia fingir que essa espécie de hobbie era suficiente para preencher aquilo que acredito ser a minha missão e propósito de vida. Transitoriamente, dediquei-me por inteiro a COMUNICAR, mas a minha própria vida. Este é o meu contributo para mostrar às pessoas que as nossas limitações humanas não podem determinar os nossos limites. É todos os dias uma escolha!
Quem seria o seu público-alvo?
Todas as pessoas, sem exceção. Provavelmente pela minha condição física e até pelas causas que defendo, na sua maioria viradas para a inclusão, as pessoas podem pensar que o meu público-alvo são os portadores de deficiência. Pelo contrário, pois é naqueles que têm umas história real de superação que vou também buscar inspiração para mim própria. Por isso o meu público alvo são todas as pessoas que talvez precisem de ouvir uma história de não ficção para acreditarem que é possível vencer, apesar de circunstâncias menos boas. Não levo uma receita estática dos 7 passos para a felicidade, até porque eu não dou passos (risos) nem uma lista de citações de outros. O meu público-alvo são todas as pessoas que estão disponíveis para receber a minha mensagem de esperança!
Como carateriza o colaborador das empresas do século XXI?
Não gosto de generalizar. Até porque defendo que todos nós nascemos como seres diferentes, únicos, especiais e com uma capacidade – que está ao alcance de qualquer um – de podermos fazer a diferença no mundo. Mas é preciso querermos, se calhar até antes de crermos. Mas pelo que tenho observado considero que estamos com um défice grande de pessoas pro-activas, com espírito de iniciativa, activas em vez de reactivas e entusiasmadas. Faz falta os óculos que olham para o futuro como o melhor que está para vir.
Na sua opinião, quais as áreas que precisam mais de motivação?
Na minha opinião, são as pessoas que precisam de ser motivadas, não as funções que desempenham. Portanto, não destaco nenhuma área em particular. Realço sim a importância das empresas investirem neste lado de storytelling autêntico para além da formação, incentivos vários e até mesmo o coaching executivo. “É tudo muito bonito, mas…” a verdade é que é mais fácil passarmos da teoria à prática quando somos confrontados com testemunhos (em vez de depoimentos isolados) vivos que são um espelho da máxima “a mudança tem de começar em nós”.
Como pensa cativar as pessoas?
Com o meu sorriso que é o meu cartão de visita e que revela quem eu sou sem máscaras. Não sou uma coitadinha nem uma super heroína, sou apenas eu com uma paixão inesgotável pela vida. Quero que as pessoas através de mim comprovem o verdadeiro significado da expressão “a vida corre-me sobre rodas”. Não é mesmo uma tragédia, é apenas um meio para passar uma mensagem de fé.
Que falhas aponta aos Recursos Humanos das empresas, no que diz respeito à motivação dos colaboradores?
Levar à prática aquilo que em bom português quer dizer “Recursos Humanos”. Primeiro, as pessoas não são números, são pessoas. E todas elas são dotadas de recursos que na maioria das vezes estão subestimados porque não acontece uma coisa chamada escuta activa. Não conhecemos as histórias humanas das pessoas que empregamos, muitas vezes por falta de comunicação. Confunde-se muito informação com comunicação. Os colaboradores podem estar bem informados acerca da empresa, mas isso não pressupõe que haja uma boa comunicação com quem se relacionam dentro dessa empresa. Às vezes, motivar alguém dentro de uma organização não requer estratégias complicadas. Chamar as pessoas pelos nomes e dar-lhes a identidade individual que elas possuem é meio caminho andado para as valorizarmos e isso é simples. O maior segredo para a auto-motivação e para a motivação colectiva é voltarmo-nos para o Essencial.
Quais os seus próximos projetos?
Continuar o meu percurso enquanto oradora e chegar a um número cada vez maior de pessoas em Portugal e no mundo. Não tenho pretensões de mudar o mundo, mas se puder mudar o mundo de alguém, já valeu a pena esta viagem.
Criei com a formadora/maquilhadora profissional Ana Aurélio o projecto “Lugar Reservado à Beleza que é uma palestra motivacional teórico-prática virada para a Mulher.
Sou ainda embaixadora do Greenfest deste ano de 8 a 11 de Outubro, dando a cara principalmente pela cidadania activa.
Também existem projectos a nível literário mas ainda sem datas concretas de lançamento. Viagens que quero fazer para testar as acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida, como eu, e depois escrever sobre elas.
Há uma surpresa da minha parte em parceria com o ilustrador Bruno Gaspar, para assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3 de Dezembro)… estejam atentos às nossas redes sociais.
Depois de me superar (tendo em conta a fragilidade óssea da minha doença “Osteogénese Imperfeita”) a correr 10 km sobre rodas, empurrada pelo meu incrível amigo Jaume Pradas, queremos subir a fasquia e fazermos uma maratona juntos! Que isto possa ser uma inspiração para outros se sentirem motivados a ajudar a concretizar o sonho de alguém.
Para contactar a Mafalda Ribeiro para palestras: ribeiromafalda@gmail.com
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