O 11.º Encontro de Futuros Gestores de Recursos Humanos, organizado pela APG, decorreu hoje, no Auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa.
O futuro da gestão de recursos humanos esteve, hoje, presente no Auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa. Muitos foram os jovens estudantes e futuros gestores de pessoas, como fez questão de realçar o presidente da APG, no 11.º Encontro de Futuros Gestores de Recursos Humanos. “É fundamental que, cada vez mais, nos centremos naqueles que, no futuro, vão dar continuidade a esta função fantástica que, embora ainda se vá chamando gestão de recursos humanos, para nós é gestão de pessoas”, começou por dizer Mário Ceitil.
As mudanças que estão a ocorrer no que diz respeito ao trabalho e à sua conceptualização e materialização convocam, segundo o presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Pessoas (APG), uma nova atitude no trabalho. “A conceção de trabalho, negativa e que naturalmente condiciona o comportamento das pessoas no local de trabalho, está em vias de ser equacionada com as dinâmicas introduzidas pelas novas tecnologias”, que conduzem à “desterritorialização dos espaços de trabalho”, afirmou.
Segundo Mário Ceitil, a conjugação de paradigmas associados ao trabalho coloca em causa um outro. “Aquilo que uma pessoa é no seu local de trabalho é diferente daquilo que a pessoa é fora do ambiente de trabalho”. Hoje, a tendência designa-se “work life integration”, ou “paradigma da pessoa total”, que considera o profissional como um só, no local de trabalho e fora dele. “É um paradigma que está presente na problemática da gestão de talentos”, acrescentou o presidente da APG.
HR PT Survey
Durante a manhã do encontro que reuniu jovens estudantes e, também, profissionais de recursos humanos, Sónia Gonçalves, docente no Instituto de Ciências Sociais e Políticas, apresentou o resultados do inquérito desenvolvido pela associação, em parceria com outras instituições. De acordo com os resultados do HR PT Survey, nos últimos três anos, 45% das empresas mantiveram o número de profissionais afetos à área de recursos humanos. Já 36% aumentaram o número de efetivos. Para os próximos três anos, o padrão mantém-se.
Considerando igual período temporal, 85% das empresas referiram que os seus profissionais de recursos humanos frequentaram ações de formação. A legislação do trabalho/obrigações legais (39%), os temas especializados de gestão de recursos humanos (37%) e a segurança, higiene e saúde no trabalho (29%) encontram-se entre as três principais áreas de formação indicadas
Segundo as respostas obtidas, a capacidade de liderança, comunicação, orientação para objetivos, ética profissinal e a planificação e organização são as cinco características chave para o sucesso de um responsável de recursos humanos. No futuro, os desafios que se colocam à função RH não são novos. O estatuto associado à função, gestão de talentos, desenvolvimento tecnológico e profissional, certificação, integração geracional, bem-estar e o equilíbrio entre o trabalho e a família constituem-se como algumas das atuais problemáticas associadas à gestão de recursos humanos.
Gerir pessoas sem esquecer a legislação e inovando
Para gerir pessoas, os futuros gestores “não devem negligenciar o conhecimento das leis do trabalho”, considerando a perplexidade associada à atividade, referiu Carlos Perdigão, advogado na Lorena de Sèves & Associados, Sociedade de Advogados. “As pessoas que falam de falta de flexibilização no trabalho nem sempre conhecem as normas. Sou muitas vezes surpreendido quando apresento soluções a empresários, que desconhecem a elasticidade e flexibilidade da lei”, afirmou o especialista em Direito do Trabalho.
E para inovar, num contexto competitivo, é preciso motivar as pessoas, “porque o ser humano só inova se estiver motivado”, adiantou José Lopes Costa, professor associado do ISG. “A inovação permite a geração e manutenção de vantagens competitivas” e, para isso, “é preciso observar, estimular a diferenciação e fazer acontecer”, referiu.
Comportamento e neurociências
“Hoje, para motivar o colaborador é preciso entender mais sobre pessoas”, alertou Sérgio Almeida, diretor da ANE – Academia de Neurociências e Educação. “As neurociências ajudam a compreender os comportamentos”, disse. Agora os futuros gestores de recursos humanos já sabem que, considerando a falta de predisposição para a mudança, é necessário recorrer à valorização emocional para desencadear a aceitação da mudança e que o cérebro necessita de ter um propósito para que a mudança seja feliz.
Diogo Gonçalves, fundador da Nudge Portugal, explicou que das 30 mil microdecisões que o indivíduo toma apenas 5% são tomadas pelo sistema lento, exclusivo dos seres humanos. As restantes são desencadeadas pelo sistema rápido, alvo de enviesamentos cognitivos que determinam a forma como é percecionada a realidade.
À tarde, Luís Antunes, diretor de RH da PHC Software e Pedro Branco, diretor da Vantagem+, debateram os desafios da indústria 4.0, Afonso Carvalho, presidente da APESPE RH e Luís Decq Mota, HR manager da NetJets Europe, partilharam com a plateia a sua experiência em recursos humanos, Rita Pelica, CEO e fundadora da ONYOU e Marta Monteiro, primeira formadora certificada em Portugal e membro da equipa de top trainers internacionais Point of You, falaram sobre ferramentas de employee experience.