Autora:
Anabela Chastre, CEO da Chastre Consulting
O mundo dos negócios assistiu a uma “transformação digital” já na década de 1990, quando as empresas de e-business começaram a alcançar um sucesso financeiro significativo. Desde então, temos visto inúmeras evoluções que mudaram o mundo dos negócios.
A questão é que muitos ainda acreditam que esta evolução representa apenas uma extensão dos seus atuais processos de negócio, quando na verdade é muito mais do que isso. Estamos a viver uma verdadeira mudança de paradigma e isto requer uma mudança na cultura interna da empresa a todos os níveis.
Atualmente, o crescimento e a evolução de uma organização dependem fortemente da sua capacidade de integrar inovações tecnológicas. Para crescer nestes tempos de mudança, as empresas têm de se adaptar rapidamente. Nesse sentido, a cultura de uma organização pode ser o fator-chave mais importante para o seu sucesso, permitindo um rápido ajustamento às novas condições e trabalho e incentivando os colaboradores a abraçarem essas novas transformações digitais.
O sucesso da cultura começa na liderança
A maioria dos líderes reconhece que a mudança é necessária para sobreviver num ambiente digital em constante mudança, mas alguns não conseguem perceber que essa mudança tem de ser transversal, caso contrário, pode gerar a queda de todos. Cabe à liderança de topo da organização saber comunicar de forma assertiva os benefícios da mudança junto dos seus colaboradores, garantir formação e apoio constante nessa mudança e, mais importante que tudo, ser a primeira a dar o exemplo.
Mas como?
O primeiro entrave à mudança começa em não saber por onde começar. Em primeiro lugar, e enquanto líder de topo, reconheça que a cultura é tão importante quanto a estratégia, arrisco-me a dizer que é impossível uma estratégia empresarial bem-sucedida sem o alinhamento de todos. Um bom líder que acredite no poder da cultura, deve focar-se em pontos essenciais da mesma, como alguns identificados de seguida, por forma a implementar com sucesso as práticas digitais no local de trabalho.
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Cooperação
A colaboração e a cooperação são fundamentais numa organização. Uma forte cultura organizacional ajuda os líderes a agregarem os colaboradores em torno de uma visão partilhada para que todos contribuam para o crescimento do negócio. Para isso é preciso afastarem-se cada vez mais de estruturas hierárquicas rígidas.
É preciso promover locais de trabalho colaborativos onde haja espaço para a criatividade, que incentivem uma comunicação eficiente e eficaz entre todos, nomeadamente entre parceiros e clientes externos.
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Orientação para o consumidor
Com o incremento da tecnologia as empresas têm hoje acesso a análises estatísticas avançadas que lhes dão informações precisas sobre o comportamento dos clientes. É possível hoje em dia antecipar o comportamento dos clientes e utilizá-lo de forma eficaz, em tempo real.
Uma cultura de empresa bem estabelecida pode garantir que estas tecnologias são usadas estrategicamente pelos colaboradores, de forma a interagirem com os clientes com um nível de personalização incrível.
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Liderança
Existe uma crença comum de que as lideranças de topo tomam as decisões estratégicas, e os colaboradores não têm alternativa a não ser implementá-las. Esta regra pode ter funcionado em algumas empresas até agora, mas no mundo empresarial de hoje já não funciona. É necessário que a informação e as ideias possam ser partilhadas de forma fluida e aberta dentro da organização, numa base constante.
A liderança precisa de impulsionar a criação de inovação, adotando uma mentalidade flexível onde cada indivíduo possa usar o seu próprio conjunto de competências para gerar ideias que ajudem a alcançar objetivos corporativos e pessoais.
Em jeito de conclusão, quer seja um líder ou um membro da equipa… não fique parado! Mude!
Precisamos cada vez mais de líderes invés de chefes. Citando uma autora que não consigo identificar “Líderes que consigam criar ambiente organizacionais com comunicação transparente e assertiva, que gerem confiança e autonomia, que substituam o medo de errar pela capacidade de aprender com o erro”. Fazendo mais uma citação “o período de transformações em que vivemos implica um forte mindset de experimentação, com abertura à tentativa e ao erro (Filipe Ribeiro). Necessitamos de estilos de liderança mais democráticos que
valorizem a empatia e a criação de laços emocionais. Líderes ético, sinceros que promovam um estilo
de liderança aberto, transparente e inclusivo. E importante, por norma as pessoas despedem-se dos chefes e não das organizações.
Parabéns pelo artigo e pelo contributo dado para o meu conhecimento.