Apontada como a geração mais qualificada de sempre, a geração atual de trabalhadores jovens é, também, a “mais penalizada” dos últimos tempos, face aos diversos desafios que tem encontrado, mencionou Carlo Oliveira, Presidente Executivo da Fundação José Neves, ontem, num evento onde se assistiu à formalização do compromisso de 50 empresas com faturação superior a 55.000 milhões em promover mais e melhores condições de trabalho para os mais jovens.
O “Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens” decorreu do “Livro Branco Mais e Melhores Empregos”, promovido pela Fundação José Neves, através da Secretaria de Estado do Trabalho, e conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República.
José Neves, fundador da Fundação José Neves, apontou este marco como de “extrema importância para o País” e salientou que este ainda tem “um longo caminho a percorrer” em direção à criação de condições de trabalho mais justas para os jovens.
Com a assinatura do Pacto, as empresas comprometem-se, até 2026, e através de um conjunto de metas fixadas, a reforçar a aposta em diversos indicadores, nomeadamente a contratar e a reter jovens trabalhadores, a garantir emprego de qualidade para os jovens, bem como a formar, desenvolver e a dar-lhes voz.
As entidades signatárias do Pacto reconhecem a urgência em atuar de forma estratégica e em unir esforços no sentido de promover o emprego dos jovens e de criar condições de emprego mais atrativas para estes, alinhadas com as expetativas individuais e nacionais.
Apelo à união e coesão das empresas
A Secretaria de Estado do Trabalho propôs reforçar as políticas ativas de emprego, como o apoio à criação de emprego e à transição dos jovens para o mercado de trabalho, assim como a implementação de políticas de formação, qualificação e emprego, para continuar a trajetória que aproxime Portugal da média europeia.
Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, marcou também presença no evento e referiu-se à assinatura do Pacto como um “momento histórico”.
A Ministra do do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social apelou à união e coesão das empresas portuguesas em nome da construção do futuro do mercado de trabalho em Portugal. “São tempos de construção de pontes [entre os jovens e o mercado de trabalho], afiançou Ana Mendes Godinho.
Esta mensagem foi, também, reforçada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que apelou também à necessidade de “reverter” a tendência do País, que se encontra altamente envelhecido. O Presidente, que expôs aquilo que denominou de “radicalização da clivagem etária” em Portugal, disse ainda que “todos somos necessários para quebrar este círculo vicioso” e apostar nos jovens, para que estes tenham vontade de permanecer no País.
O “Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens” considera jovens até aos 29 anos, inclusive. As metas de progresso até 2026, que constam no documento, são diferenciadas de acordo com a margem de progresso potencial de cada empresa, pelo que os compromissos de progresso poderão variar entre os 3p.p. e os 12p.p. até 2026 nos vários indicadores.
O Pacto ontem assinado prevê uma reunião semestral para monitorização, análise do trabalho realizado e partilha de boas práticas, com a presença do Senhor Presidente da República, do Governo e das empresas.
Carlos Oliveira, realça que este “é um acordo muito importante para o país, que une as empresas e entidades públicas para responder a uma realidade com que o país se debate há demasiados anos: a vulnerabilidade do emprego dos jovens, mesmo dos mais qualificados, que tendem a estar mais expostos ao desemprego e a ter salários baixos, e com uma fraca evolução em termos reais na última década. É preciso fazer algo para mudar o estado das coisas e o Pacto assinado vai permitir medir o impacto e os resultados do mesmo. Esperamos ainda que muitas mais empresas se juntem. Estamos a fazer acontecer e o papel das empresas é fundamental para uma alteração estrutural desta situação”.
Para além do Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, da Fundação José Neves e da Secretaria de Estado do Trabalho, são ainda Entidades Associadas ao Pacto a Associação Business Roundtable Portugal, o Conselho Nacional de Juventude (CNJ), o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), e o Observatório do Emprego Jovem, que é responsável pela monitorização do Pacto. O documento com o “Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens” pode ser consultado na íntegra através do link http://joseneves.org/pacto.
Taxa de desemprego jovem em níveis preocupantes
O “Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens” surge na sequência do lançamento do Livro Branco, em dezembro de 2022, uma iniciativa da Fundação José Neves, do Observatório do Emprego Jovem e da Organização Internacional do Trabalho para Portugal, com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República.
O documento faz um diagnóstico sobre o emprego dos jovens em Portugal e a sua vulnerabilidade (a taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos tem sido mais do dobro da população em geral desde 2015 e durante a pandemia chegou a ser 3,5 vezes superior). E aponta várias áreas de intervenção prioritárias para a criação de mais e melhores empregos para os jovens, nomeadamente apostar nos setores de atividade intensivos em conhecimento ou tecnologia e melhorar a articulação entre o sistema de ensino e o mercado de trabalho.
Após esta assinatura inicial, o objetivo é alargar o número de empresas signatárias e transformar esta iniciativa num movimento nacional, pelo que as empresas poderão manifestar, desde já, a sua intenção de adesão através do email pactoempregojovens@joseneves.org e do site http://joseneves.org/pacto.