A MDS fez da saúde mental a sua bandeira e desde 2017 que desenvolve iniciativas internas com a ENCONTRAR+SE, a associação para a promoção da saúde mental.
“É uma causa muito meritória, que a todos diz respeito” e que teve início em 2017, quando a MDS se juntou à ENCONTRAR+SE, para promover a saúde mental nas empresas, combater o estigma e a discriminação. “Queremos falar da doença mental com a mesma naturalidade com que falamos da doença física – sem tabus, sem estigmatizar e, sobretudo, sem excluir. Queremos sensibilizar as nossas pessoas e dizer-lhes que a doença mental é normal, que a aceitamos e sabemos conviver com ela”, começa por dizer, ao InfoRH, Liliana Cerqueira, diretora de recursos humanos da MDS, a quem chega, frequentemente, “baixas médicas, de doença natural, cuja causa não é referida”. “Não sabemos se é uma gripe, uma depressão ou ataques de pânico”, prossegue.
O caminho que a multinacional portuguesa de corretagem de seguros tem percorrido, em prol da saúde mental, “faz todo o sentido”, atesta a responsável. Em conjunto com a ENCONTRAR+SE, associação para a promoção da saúde mental, a MDS começou por dizer, através da entrega de um postal aos seus 215 colaboradores, que “a doença mental não é um bicho papão”. Depois, sensibilizou as chefias. Nos escritórios de Lisboa e do Porto, realizou três sessões informativas, durante as quais a presidente da ENCONTRAR+SE, Filipa Palha, partilhou um conjunto de conhecimentos sobre a doença mental em contexto laboral e incentivou à partilha de experiências, sem tabus. “Isto foi inédito. Não conheço, em Portugal, uma empresa que tenha reunido a liderança à volta de uma mesa para falar abertamente destas situações”, realça Liliana Cerqueira.
Inédita foi, também, a formação em primeiros socorros na saúde mental, promovida pela ENCONTRAR+SE. “O curso “Ouvir o que não é dito. Primeiros socorros na doença mental” resulta de anos de trabalho e envolvimento com as boas práticas no domínio da promoção da saúde mental e do bem-estar, com o objetivo de poder responder da melhor forma a uma necessidade que sabemos existir nos locais de trabalho em Portugal. A ENCONTRAR+SE desenvolveu este curso com o apoio da Mental Health First Aid England, da Time to Change e da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que está agora a ser implementado em diversos contextos. O feedback que recebemos tem sido muito positivo e confirma a iliteracia e o estigma que envolvem esta importante área da saúde”, explica Filipa Palha, presidente da ENCONTRAR+SE.
A falta de informação e o estigma que circundam a doença mental caminham de mãos dadas num país onde “os níveis de iliteracia em saúde são elevados”, comenta Filipa Palha. “No que diz respeito à saúde mental, para além da falta de conhecimento, temos o peso do estigma, que está muito enraizado e que é transmitido de geração para geração, a condicionar a forma como as pessoas lidam mal com problemas desta natureza. Vamos precisar de muitas décadas e de muito trabalho para alcançar equidade na forma como se aborda a saúde e a doença física e a saúde e a doença mental”, diz a presidente da ENCONTRAR+SE.
Dar corpo e voz a causas de responsabilidade social
A formação “Ouvir o que não é dito. Primeiros socorros na doença mental” abordou conhecimentos gerais sobre saúde e doença mental, nomeadamente os sinais e a sintomatologia associada às principais patologias, e estratégias para prestar o primeiro auxílio em situação de doença mental. Susana Neiva, gestora de comunicação da MDS, esteve presente na formação e conta que “foi importante partilhar experiências, desmistificando algumas situações e percebendo com alguns exercícios que foram feitos o que é estar do outro lado”. “A formação ajudou-nos a compreender quais são os fatores que podem desencadear o stress, a identificar os sinais de alarme e a estarmos preparados para ajudar. Neste momento, as pessoas sentem-se confortáveis para falar sobre este tema, porque há abertura da administração e toda a empresa está ciente que o tema da saúde mental é um dos nossos baluartes”, avança.
“A empresa investiu seriamente o tempo dos seus responsáveis para os preparar para lidarem com a doença mental e o feedback tem sido incrível, porque é um tema muito escondido e envergonhado”, ressalva Paula Rios, chief communication officer da MDS. “Fizemos da saúde mental também a nossa causa, porque mais importante que uma empresa dizer que tem muitas causas de responsabilidade social, é promover iniciativas internamente. Hoje estamos a falar das práticas da MDS, mas faz parte do nosso compromisso dar visibilidade à ENCONTRAR+SE, ajudá-la a passar a sua mensagem, nomeadamente no contexto empresarial, estimular outras empresas a terem esta prática, a conhecerem a associação e a desenvolverem a prevenção da doença mental”, explica a responsável pela comunicação da multinacional de corretagem de seguros.
E porque “manter o silêncio e falta de naturalidade na postura ou abordagem de doenças que afetam um em cada quatro pessoas traz consequências graves que ultrapassam, em muito, a esfera pessoal”, para a presidente da ENCONTRAR+SE, “é preciso, acima de tudo, que as empresas, em Portugal, reconheçam a necessidade de abordar o tema da saúde mental no âmbito do seus programas de saúde ocupacional”. “O trabalho que a ENCONTRAR+SE tem feito, desde 2015, no sentido de sensibilizar para a urgência em abordar o tema da saúde e doença mental no contexto de trabalho, foi ganhando, pouco a pouco, maior aceitação por parte das empresas. A relação estabelecida com a MDS foi uma primeira semente lançada neste árido terreno. Hoje, temos a satisfação de já ter programas a decorrer noutros contextos e acreditamos que o impacto destas iniciativas irá permitir uma maior consciencialização para a sua importância”, refere Filipa Palha.
No futuro, e concluída recentemente a formação em primeiros socorros na saúde mental, empresa e associação pretendem prosseguir o trabalho já iniciado. “O nosso objetivo, quer dos recursos humanos, quer da comunicação, é continuar com esta relação”, assegura Paula Rios, chief communication officer da MDS. “A ENCONTRAR+SE está a implementar programas noutros contextos (públicos e privados) e, em dezembro, realizará o “3.º Fórum Saúde Mental no Local de Trabalho”, onde já teremos a oportunidade de apresentar resultados do trabalho que temos vindo a realizar”, conclui Filipa Palha.