São dez anos com o foco nas mudanças internacionais e serviços de relocation. Líder de mercado em Portugal, a Global International Relocation registou o ano passado um crescimento na ordem dos 32%. Novas áreas de negócio irão surgir nos próximos três anos.
A Global International Relocation, empresa que em 2018 chega à sua primeira década de vida, oferece diferentes serviços, mas aquele que mais se destaca é o de mudanças internacionais, ou seja, a efetiva realização do transporte dos pertences de determinado cliente de um país para o outro, seja esse percurso realizado para fora do nosso país, seja para Portugal vindo de outras nações. Mas, não é só. Se esse é o aspeto mais evidente, outros existem, agregados, que complementam a oferta da empresa, como os serviços de relocation, que nada mais são que, além da realização da mudança, um apoio para as dificuldades sentidas aquando da deslocalização para outro país, como seja a procura de casa, a procura de escola para os filhos, a compra e registo de automóveis, a compra ou aluguer de mobiliário, o auxílio na criação de conta bancária, a contratação de um jardineiro, etc.
São vários os impactos sentidos na mudança de país – cultura, língua, clima, etc. Esses impactos são sentidos por toda a família que, no entanto, e durante cerca de dois meses, vive em êxtase: carro novo, casa nova, tudo novo… Mas, depois, surge um período mais depressivo, que vai dos 60 dias aos 18 meses. Segundo nos revelou Jorge da Costa, CEO e fundador da Global International Relocation, isso pode ser minimizado: “Nós temos um papel de facilitar a integração de qualquer recurso humano que venha para Portugal, ou que saia daqui para outro país. Acompanhamos e oferecemos pacotes diferentes”. Dependendo do pacote, o acompanhamento pode ocorrer até, se for caso disso, à saída desse executivo do nosso país (ou o regresso, se for um cliente que saia de Portugal para o estrangeiro).
Jorge da Costa é o principal esteio da empresa. Português, saído do nosso país ainda com a tenra idade de dois meses, é um homem do mundo. Como o seu pai trabalhava numa multinacional que o colocava em diferentes locais do globo, passou a infância e adolescência a conhecer os cantos do nosso planeta, tendo passado por nações como o Zimbabué, Botswana, África do Sul ou Venezuela. É, de resto, neste último país que inicia a sua atividade profissional.
Num percurso com passagens profissionais por diversas latitudes, é já com 15 anos de experiência na área das mudanças internacionais e relocation que decide voltar ao seu país de origem para apostar no setor. Estávamos no ano de 2007, mas com o processo burocrático para “desmontar”, só em fevereiro de 2008 é que se inicia, efetivamente, a atividade da empresa no nosso território.
“O segredo está, em grande parte, na nossa equipa. Aqui não há estrelas. Somos todos iguais”
Início atribulado
Ao princípio não foi fácil. A acrescentar à elevada burocracia, Jorge da Costa confessa que se sentiu, de facto, um pouco desapoiado nesses momentos iniciais. Regressava investindo, trazendo know-how e vontade de criar postos de trabalho e riqueza, mas sentiu que estava só. Existiam apoios para investimentos de capitais estrangeiros, mas no seu caso em concreto, sendo português, nada havia. “Injustiça”, afirma. Ainda assim, não desistiu da ideia. Quanto muito, deu-lhe mais força para seguir em frente.
Prova de que esta foi (e é) uma aposta ganha é o facto de hoje em dia, entre diretos e indiretos, serem perto de 100 colaboradores. Isto quando ao início eram apenas três, Jorge da Costa incluído. Começaram do zero, sem quaisquer clientes. No primeiro ano até o próprio CEO e fundador não estava ainda definitivamente no nosso país. Com a chegada do ano de 2009, quando se muda para Portugal com a família, e assim se torna presença regular, dá-se um verdadeiro aumento do negócio.
Instalações novas em 2012
Depois de passarem por um armazém na zona do Abrunheiro e outro em Lourel, compram um terreno na zona de Campo Raso, Sintra, em 2010, sempre com a intenção de aí construírem de origem as atuais instalações. Apesar das dificuldades associadas à obtenção da licença de construção – bem como o seu elevado valor, segundo nos confidenciou o responsável –, em março de 2012 é inaugurado o atual edifício-sede e armazém, que tem já uma previsão de expansão.
Com instalações modernas – “único armazém isotérmico da Península Ibérica, com condições que mantém a temperatura entre os 13.º C e os 23.º C” – o certo é que existe a necessidade de expandir. Além do espaço de escritório que precisa de ser aumentado, até para receber as futuras novas contratações, é imperativo também alargar o espaço de armazém. Daí que tenha sido adquirido o terreno ao lado das atuais instalações, e que permitirá o aumento de 140% no espaço de armazém, com um investimento na ordem dos 1,7 milhões de euros. Isto a juntar aos 2,7 milhões já investidos, de forma gradual, desde o início aos aos dias de hoje. No fundo, o objetivo é o de apresentar “melhores condições para termos ainda uma melhor gama de serviços”, referiu Jorge da Costa.
A atividade da empresa foi sempre marcada pelo crescimento, tendo atingido a liderança do mercado em 2013. Na continuação da expansão, dá-se a compra, também em 2013, de instalações no Porto. Posteriormente, em 2015, dá-se a abertura de instalações no Algarve, na zona de Loulé.
Clientes diversificados
O responsável afirma que existe uma grande diversificação no total dos cerca de 160 clientes. “O maior cliente representa cerca de 6%”, referiu. Já o segundo “representa menos de 2%” do negócio, comprovando-se, assim, essa diversidade.
No que diz respeito à tipologia dos clientes, “78% são multinacionais, 11% diplomatas e 4% de origem militar. Os restantes são privados”. Esta última fatia, no entanto, “está em franco crescimento, com a situação, por exemplo, dos Golden Visa. Dentro dos privados os mais mediáticos são os jogadores de futebol, apesar de ser uma percentagem muito pequena: 25 a 30 movimentos dos cerca de 2300 movimentos ao ano”.
O mercado tem evoluído e, também, se tem transfigurado: “mudou nos últimos anos no que diz respeito ao in and out”. Ou seja, de 2008 a 2014 (sensivelmente) era um mercado significativamente maior de exportação, proporcionado os serviços a pessoas que saíam de Portugal. De 2014 para cá “temos visto gradualmente uma maior importação”, ou seja, o negócio assenta mais nos serviços prestados a quem chega ao nosso país, estando esse peso na ordem dos 65%.
Apesar de trabalharem com todas as nacionalidades, a tendência nos últimos anos no que diz respeito à entrada é de clientes oriundos do Brasil e França. Além dos “tradicionais” vindos de Inglaterra, muito graças aos reformados que se mudam para Portugal. No que diz respeito às saídas “o mercado asiático – Austrália incluída – começou a crescer muito nos últimos anos. Também as idas para a América Latina continuam em crescimento, excetuando o Brasil”.
Crescimento e planos de futuro
De há alguns anos a esta parte que tem existido uma diversificação e complemento do negócio, como a criação do serviço de transporte internacional de animais de estimação, ou serviço de mudanças expresso, para rapidamente transportar alguns objetos mais urgentes. Já no final do ano passado, por exemplo, deu-se a criação de uma nova divisão, desta feita dedicada a feiras e eventos, fornecendo “todo o suporte para a presença nesse tipo de evento, seja de empresas nacionais no estrangeiro, seja de empresas estrangeiras em Portugal”.
Apologista de um crescimento sustentado para poder apostar noutras áreas, o certo é que a realidade se tem revelado bastante positiva: “Nos últimos seis anos temos tido um crescimento médio de 23% ao ano”. Em 2017, para ser mais concreto, o crescimento foi de cerca de 32%. Segundo Jorge da Costa, “o segredo está, em grande parte, na nossa equipa. Aqui não há estrelas. Somos todos iguais”.
Tal como a faturação, também não são reveladas as três novas áreas de negócio para onde irão avançar nos próximos três anos. Certo é que necessitarão de contratar mais colaboradores. “Crescer” parece ser a palavra de ordem.
Reportagem de Ricardo Martins publicada na RHmagazine n.º 115, março/abril 2018