Autora: Mafalda Almeida, CEO Rising Group – HR Management
Enfrentamos tantos e tantos desafios recentemente, que seria estranho não existir uma mudança forte como consequência. Essa mudança deu-se em todos nós, dado que começámos a priorizar factos diferentes na nossa vida.
E essa mudança deu-se também (e muito!) no recrutamento de pessoas e talentos. As empresas estão a mudar o perfil dos candidatos e a valorizar outras competências que não sejam só as competências técnicas (o “saber fazer”), e os candidatos estão a dar prioridade a fatores que antigamente seriam secundários nas suas vidas. Onde se encontra a junção relativa a esta mudança de interesses? Estamos ainda em adaptação, confesso. Até porque o ser humano detesta mudanças, e isso reflete-se na dificuldade que as empresas têm em acompanhar essas mudanças, mais ainda quando estas são repentinas.
Sei disto porque na empresa que lidero lidamos tanto com clientes (empresas) como com candidatos (que também são clientes para nós…), e encontramo-nos então neste cruzamento de interesses de que falei há momentos.
As empresas encontram-se a enfrentar um grande desafio no que toca ao recrutamento de talentos. E isto poderá ter várias explicações. Não vamos, no entanto, acreditar que “não existem pessoas para recrutar”, como já ouvi dizer.
Já acreditei nesse princípio, mas decidi não o trazer para a nossa realidade como se de uma verdade se tratasse. Existem sim, candidatos e talentos. Apenas precisamos de trabalhar criativamente na sua atração, na comunicação adequada a cada um, na capacidade empática que os nossos departamentos deverão desenvolver. A criatividade é fundamental nos dias de hoje, e teimamos em permitir que rotinas antigas comprometam os resultados inevitáveis das mudanças a que assistimos.
As empresas precisam de alterar as suas formas de fazer as coisas, as suas rotinas. Porque, embora as rotinas nos proporcionem um sentimento de segurança do qual todos precisamos, é fundamental fazer as coisas de forma diferente, se queremos ter outros resultados com as nossas (futuras) pessoas.
Há que defender acima de tudo a proximidade entre as necessidades dos clientes (empresas) e as necessidades dos candidatos (também eles nossos clientes). E essa proximidade baseia-se numa comunicação constante, criatividade em grande escala, e na resiliência da nossa equipa. A escuta ativa é também ela uma soft skill à qual damos enorme prioridade. Todas estas características têm permitido a que as pessoas certas colaborem com as oportunidades ideais.
E esta mensagem é para si, Líder de uma empresa, ou responsável por uma equipa. Gostaria de o desafiar para o seguinte: olhe para as pessoas que lidera como se fossem pequenas empresas. Cada uma delas tem a sua visão neste mundo, a sua missão, a sua cultura, os seus valores. Liderar com eficácia significa ter isso em consideração. Cada pessoa tem as suas necessidades no âmbito da Liderança. E quando a “pequena empresa” (os colaboradores) não se revê com os princípios da empresa para a qual colabora, assistimos ao triste abandono de talentos.
Retenção rima com atenção: aos colaboradores e às necessidades individuais de cada um.