Iniciou a sua carreira em França no setor aeronáutico …
Sim, nasci e cresci numa pequena cidade do centro de França onde os meus pais se instalaram no fim dos anos 60 e nesse país comecei a minha carreira profissional. Tive a oportunidade de entrar para uma empresa líder no seu sector de actividade, o fabrico de assentos para aviões e de ficar responsável pela relação entre as companhias donas dos aviões e os fornecedores de equipamentos ou seja cintos, televisões, vídeos etc, todos os extras que diferenciam o assento duma companhia do assento da outra. Isso permitiu-me estar em contacto com clientes do mundo inteiro, descobrir diferentes culturas e diferentes formas de trabalhar. Mas antes disso, ainda durante os meus estudos tinha estado em Lisboa no serviço comercial da Embaixada de França durante vários meses e tinha ficado com a vontade de vir trabalhar algum tempo para Lisboa para conhecer melhor a cidade e também descobrir o país dos meus pais que eu praticamente não conhecia. E assim foi. Vim para Lisboa em 1998, fazendo o caminho contrário ao que muitos jovens são obrigados a fazer hoje. Comecei a trabalhar numa agência de comunicação mas rapidamente foi contratada pelo grupo EFE que pretendia abrir uma filial em Lisboa. E assim, o que deviam ser alguns meses para conhecer Portugal transformaram-se em 15 anos pois o desafio profissional que tinha em mãos foi falando mais alto e foi ficando. Criar e desenvolver a IFE Portugal ao longo destes anos todos foi um desafio muito interessante pois tinha relativamente pouca experiência profissional quando comecei e ainda menos em Portugal que para mim era uma realidade completamente desconhecida mas foi muito compensador. Saí para me poder dedicar a assuntos pessoais em 2012 e abordo agora outra fase na minha carreira com muito entusiasmo.
A formação foi determinante no desenrolar da sua carreira profissional?
Foi essencial. A minha formação inicial, primeiro, porque é um pouco atípica pois comecei por me licenciar em direito e depois, sentindo que me fazia falta conhecer o lado das empresas fiz em paralelo, uma licenciatura em gestão e depois ainda uma especialização em comércio internacional. Durante este percurso o contacto com o mundo das empresas foi permanente pois eram organizados estágios cada ano. Isso permitiu-me uma integração muito mais rápida e eficiente no mundo laboral ao acabar o curso pois já conhecia o mundo das empresas. Depois disso, e ao longo dos anos a formação foi sempre essencial para me manter a par das tendências tanto a nível de gestão como também formação mais a nível de soft skills. Penso que para pessoas responsáveis por equipas de trabalho a formação comportamental é ainda mais importante para perceber e manter as equipas motivadas pois todos nós sabemos que nos negócios o mais importante são as pessoas. Sempre as pessoas.
Nestas últimas semanas surgiram algumas novidades na sua vida profissional… Pode contar-nos o que aconteceu?
Ao longo dos últimos anos tenho vindo a acompanhar de perto o percurso da Editora RH e em particular da RH Magazine pois o sector dos recursos humanos e da formação eram o core business da IFE e portanto um sector que eu conhecia muito bem.
Recentemente e de forma completamente fortuita surgiu a oportunidade de me juntar ao projecto e de adquirir a publicação, pois o seu fundador, o Dr. Augusto Lobato Neves desejava desvincular-se da revista para se dedicar a outras atividades. Eu, pela minha parte desejava voltar a uma vida um pouco mais activa e próxima da gestão de pessoas pelo que achei que era a oportunidade ideal de juntar as 2 coisas.
Assim, a partir da edição que tem em mãos, a revista RH Magazine pertence ao recém-criado IIRH – Instituto de Informação em Recursos Humanos. A Editora RH mantém a publicação de livros e o Instituto ficará responsável por todos os outros produtos e serviços. Devo dizer que fico muito satisfeita por ter a oportunidade de continuar o excelente trabalho desenvolvido pelo Dr. Lobato Neves e a sua equipa durante mais de duas décadas.
Espero assim poder contribuir para o desenvolvimento dos profissionais da gestão de pessoas e conjuntamente com a restante equipa desenvolver produtos e serviços que sejam úteis a toda a nossa comunidade.
Qual a origem do interesse por este setor? Pode contar-nos um pouco mais da sua experiência com os recursos humanos?
Como disse antes o meu interesse por este setor já é antigo. Desde o início da minha carreira que tive cargos que implicavam a gestão de equipas de trabalho e o desenvolvimento de projectos que tinham como objectivo obter melhor formação e informação dos profissionais. A IFE – International Faculty For Executives, é uma referência na formação de quadros médios e superiores pelo que se dedica essencialmente ao desenvolvimento das pessoas. Nesse âmbito desenhei, por exemplo, a bem conhecida EXPO RH que ainda hoje é um marco anual para toda a comunidade dos recursos humanos. Este projeto de retoma da RH Magazine e dos eventos associados é para mim uma evolução natural num setor que conheço bem e que aprecio particularmente. Permite-me juntar os conhecimentos que tenho na criação produtos e serviços de formação e informação para profissionais e além disso fazê-lo num sector que me é particularmente caro desde sempre: a comunidade dos gestores de recursos humanos.
Que projetos traz para o futuro?
Creio que existe alguma informação no mercado destinada às pessoas com responsabilidade na gestão de pessoas mas está muito dispersa e com uma qualidade muito díspar. Penso que também existem algumas lacunas nos canais disponíveis para a transmissão dessa informação. Daí a criação do Instituto de Informação em Recursos Humanos que vai reunir a melhor informação disponível sobre o sector e organizá-la para que seja de fácil acesso aos profissionais. Terão ao seu dispor toda a informação útil para um melhor desempenho das suas funções no dia-a-dia. Pretendemos ajudá-los a tomar as suas decisões profissionais de forma eficiente e informada. Por outra parte os fornecedores de serviços e produtos destinados a esta comunidade terão ao seu dispor uma ferramenta de comunicação integrada composta por 4 canais de divulgação: papel com a revista e os livros, digital com a internet, física com os encontros e eventos e ainda a formação e os estudos.
O que podemos esperar do IIRH – Instituto de Informação em Recursos Humanos?
O Instituto é a entidade criada para agrupar os diferentes produtos e serviços atualmente existentes na Editora RH (excluindo os livros) mas também vai trazer novidades para os profissionais. Estamos a trabalhar numa série de projetos novos, dos quais ainda não posso falar, mas que acho que vão ser muito bem recebidos pelos responsáveis de recursos humanos, já que foram feitos a pensar especificamente nas suas necessidades.
Vamos levar ao mercado a mais completa informação especializada sobre gestão de recursos humanos. Pretendemos responder às necessidades de informação e de conhecimentos dos profissionais de maneira a que tomem, no dia-a-dia, as decisões mais acertadas.
Sabemos que a informação é um fator essencial para uma correta gestão empresarial. Num mundo em mudança acelerada, é importante poder aceder rapidamente a dados que nos permitam decidir acertadamente. É nisso que o Instituto pretende ajudar, desenhando uma série de produtos e serviços inovadores.
Vamos assim fazer chegar mais informação e de uma forma mais clara e completa a todos os que tenham responsabilidades na gestão de pessoas.
Na sua opinião, que desafios terão os gestores de RH de enfrentar neste próximo ano?
Sendo uma pessoa optimista espero que 2015 já nos traga algumas boas noticias a nível económico até porque acho que os grandes países europeus já se aperceberam que não são só os pequenos países do sul que estão a ter muitas dificuldades económicas pelo que já estão mais sensibilizados para a necessidade de medidas de retoma económica. Espero portanto que os gestores de RH estejam ocupados com recrutamentos e com acções no sentido de dar uma nova dinâmica ás nossas empresas depois de tantos anos tão difíceis.
Nasceu em França e está em Portugal desde 1998. Licenciou-se em Gestão de empresas e em Direito em Paris. Tem ainda uma especialização em Comercio internacional e exportação obtida também em França. Começou a sua carreira em França numa empresa industrial do sector aeronáutico do grupo Zodiac Aerospace na qual era responsável pelo contacto com os clientes estrangeiros em particular do Médio Oriente. Chegada a Portugal integrou a SOPEXA Portugal mas rapidamente abraçou o projecto da criação em Portugal da filial do grupo francês Abilways (EFE na altura) para não mais largar até 2012.