Segundo a consultora de recrutamento Hays, por não haver profissionais suficientes e com as competências adequadas, o crescimento dos negócios pode estar a ser comprometido.
“Não é um problema novo”, considera Sandrine Veríssimo, regional director da Hays Portugal, referindo-se à escassez de competências, que se tem vindo a agravar, de acordo com a experiência da consultora de recrutamento com os seus clientes. “A escassez de aptidões pode estar a travar o crescimento dos negócios, sendo que não há profissionais suficientes e disponíveis com as competências adequadas para preencher as vagas”, alerta a Hays.
“Em Portugal, as empresas estão a enfrentar uma escassez de talentos para funções-chave, o que pode significar que não estão a conseguir atingir o seu potencial máximo. A escassez de competências também pode ter um impacto sobre os salários e, por isso, as empresas têm a necessidade de oferecer salários e benefícios mais atrativos para competir pelos melhores talentos”, refere a consultora de recrutamento.
O Hays Global Skills Index, que examina o mercado laboral qualificado global e coloca em contexto os desafios que os empregadores enfrentarão ao competirem pelas aptidões mais procuradas, dá conta de um aumento do número de vagas disponíveis em todo o mundo, “um indicador-chave da escassez de competências”, nota a Hays. A última edição do seu relatório anual revelou um crescente desajuste de talentos entre as aptidões dos trabalhadores e as exigidas pelos empregadores. Dos 33 países incluídos no relatório (Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, China, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Hong Kong, Hungria, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Malásia, México, Países Baixos, Nova Zelândia, Polónia, Portugal, Rússia, Singapura, Espanha, Suécia, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos), 48% tiveram um aumento no indicador de incompatibilidade de talentos em relação ao ano anterior, calculado através do número de vagas não preenchidas e do número de desempregados de longa duração. A pontuação média do indicador de incompatibilidade de talentos para todos os países aumentou 10% desde 2012.
“De acordo com o Guia do Mercado Laboral 2019, 65% das empresas recrutaram, em 2018, pessoas menos adequadas às necessidades da função e 41% desistiram do recrutamento e optaram por recursos internos. O que também nos leva a ponderar até que ponto este desencontro entre as necessidades da função e o perfil dos candidatos escolhidos não será uma das causas dos 60% de despedimento por má performance, apontados no relatório”, conclui Sandrine Veríssimo.