Os recursos humanos vivem cada vez mais de braço dado com o marketing. A Get The Job e EMA Partners Portugal são disso exemplo e querem revolucionar a forma como se faz o recrutamento em Portugal.
Rui Guedes de Quinhones trabalhava há mais de duas décadas em recursos humanos quando em, 2016, com cinquenta anos, decidiu que queria fazer algo diferente do que vinha a fazer na última década. As empresas que havia fundado em 2012 eram organizações com um modelo clássico, muito direcionadas para a área do staffing e para grandes volumes de faturação, um mercado onde já trabalhava há quase vinte anos.
O executivo acreditava que era possível procurar novos métodos e modelos, no entanto, a génese das empresas onde estava inserido não o permitiam. Nas palavras do profissional, “para fazermos algo diferente temos de realmente ter um DNA diferente dentro das nossas organizações. Não é possível querermos fazer portões de ferro quando temos equipas de carpinteiros, por muito bons que os carpinteiros sejam”.
No contexto de saída do grupo de empresas que tinha criado anteriormente, Rui teve, como diz, “uma ocasião relativamente rara na vida” em que dispôs de meia dúzia de meses para olhar para o mercado e perceber o que é que se fazia de melhor na área de recursos humanos, nomeadamente, noutras geografias: “a primeira coisa de que me apercebi foi de que tinha passado os últimos quinze anos a olhar para o tampo da minha secretária, sempre na mesma realidade e nos mesmos modelos, embora sentisse instintivamente que havia algo de diferente para fazer.
Foi nesse contexto que descobri pessoas novas, e ao descobrir pessoas novas descobri também posicionamentos, estratégias, formas de atuar completamente diferentes na área do recrutamento.” Uma dessas pessoas foi João Batista, cuja ambição empreendedora se juntou à experiência de mais de 25 anos de carreira profissional do Rui Guedes de Quinhones. Assim nascia, em 2016, a Get The Job, que é ainda hoje a única empresa de marketing de recrutamento em Portugal.
Com uma equipa mista composta por profissionais de RH e profissionais de marketing, a Get The Job posiciona-se como uma empresa de recrutamento e selecção, que se diferencia pela aplicação de estratégias, táticas e ferramentas, sobretudo digitais, de uma agência de marketing.
Um anúncio de emprego é visto como um produto, é promovido junto do seu público-alvo, de forma direcionada, nas plataformas adequadas e com conteúdos que façam sentido para aquela audiência. Já os candidatos são tratados como consumidores de uma determinada marca.
“Nós utilizamos muitas ferramentas que são utilizadas naquilo que é o marketing de consumo. Nós nunca partimos para um processo de recrutamento sem definirmos perfeitamente quem é o nosso público-alvo. Um processo de recrutamento normalmente passa cerca de quatro ou cinco dias na área de marketing antes de passar para o recrutamento e seleção. É feito um listening comercial, é definida a persona, tentamos perceber onde é que aquela pessoa anda, a que é que ela dá importância, quais são os seus interesses típicos. Nós acertamos as nossas estratégias com os canais onde estão as pessoas”, explica o profissional.
Mas o espírito empreendedor de Rui Guedes de Quinhones e a vontade de continuar a acrescentar valor à área de RH em Portugal não ficava por aqui. Desde outubro de 2019 que o profissional é também managing partner da EMA Partners Portugal. Por mero acaso, o seu caminho cruzou-se com o da organização de executive search EMA Partners, e depois de um período de conhecimento mútuo, fez sentido agarrar o desafio de relançar a empresa em Portugal.
“Pareceu-me que tinha chegado o momento de fazer uma coisa que eu sempre quis fazer e que na realidade já trabalho há alguns anos. Há talvez a oito anos a esta parte é relativamente normal alguém ligar-me uma vez por mês a dizer-me que anda a procura de um diretor de marketing ou um diretor geral. Eu nunca fiz um trabalho muito intenso, mas conhecia sempre alguém que podia recomendar, que me parecia que fazia sentido, que faria match com essa organização, portanto, é uma coisa que eu informalmente faço há cerca de meia dúzia de anos”, conta.
Atualmente, o executivo assume como atividade principal elevar a EMA Partners no mercado português. Estar no Top 3 das empresas de executive search em Portugal daqui a 5 anos é o grande objetivo. A organização quer posicionar-se como uma empresa de executive search dotada de uma vasta experiência e conhecimento do mercado, mas também capaz de fazer o melhor uso das ferramentas que estão hoje em dia ao dispor da área de recursos humanos e que permitem chegar aos públicos que interessam.
“Tipicamente temos as empresas de executive search clássicas que se afastam muito das ferramentas digitais e que têm um pouco este posicionamento de clube secreto, onde só entram alguns escolhidos. Em contraponto, temos aqueles em que toda a gente entra e que têm equipas muito pouco preparadas que disparam em todas as direções quase como se fosse uma empresa de recrutamento e seleção pouco qualificada. Eu gostaria que nós tentássemos ficar no meio”, afirma o executivo.
Rui Guedes de Quinhones defende que é necessário um acumular de experiência, de conhecimento das organizações, da sua história, das pessoas que por lá passaram e um network muito poderoso para garantir uma boa aplicação das metodologias de executive search.
Importa perceber se determinada pessoa poderá estar numa fase de carreira que interessa à organização, e se a organização tem cultura para integrar a pessoa
“Sou daquelas pessoas que acredita que o executive search é para ser feito quando nós chegamos à época em que nos começam a aparecer cabelos branco”, afirma, dando conta de algumas más práticas que têm vindo a ser realizadas na área: “um jovem, sem grande experiência de mercado, apenas porque tem acesso a uma conta de Recruiters no LinkedIn pôr-se a disparar emails para toda a gente à espera de caçar um CEO ou um CFO é algo que tem vindo a descredibilizar imenso a utilização das ferramentas digitais e o executive search, o que é um erro. Elas são muito importantes para termos informação, para alargarmos a nossa capacidade de influência, através da produção de conteúdos e depois, eventualmente, até obter um contacto.”
Para o profissional, as regras continuam a ser as mesmas. É como um namoro, passo a passo e com tempo. Importa perceber se determinada pessoa poderá estar numa fase de carreira que interessa à organização, e se a organização tem cultura para integrar a pessoa. Por outras palavras, é preciso perceber ver se existe realmente um match.