O foco da organização na saúde e bem-estar dos seus colaboradores é anterior à pandemia. Em 2018, a empresa realizou um programa piloto de wellbeing, no qual dinamizou diversas atividades: do yoga aos workshops de snacks saudáveis. Os resultados positivos impulsionaram a continuidade do projeto até aos dias de hoje.
A
tendência já se fazia sentir antes de 2020 e saiu reforçada com a pandemia. As pessoas estão cada vez mais despertas para os temas da saúde e há largas camadas da população que valorizam hoje de forma diferente o seu bem-estar, elegendo-o crescentemente como uma condição essencial para uma vida plena. No mundo laboral, o salário já não é o único fator para cativar ou reter talento, sobretudo nas novas gerações. A Galp percebeu-o e, logo em 2018, decidiu avançar com o projeto piloto “Semana do Wellbeing”, destinado aos seus mais de 6.000 trabalhadores em todo o mundo e que contou com cerca de 2.500 participações.
De entre as iniciativas dinamizadas, contam-se o reiki, a meditação, as quick massages – as três atividades prediletas –, workshops de snacks saudáveis, yoga, heartfulness, entre outras (ver caixa). Os resultados globais destas primeiras experiências foram medidos pela procura – baseada nas respostas via Qualtrics e nos diversos e-mails recebidos – e através de breves questionários de avaliação. Em termos de procura, as ações que esgotaram mais rapidamente foram o reiki, o heartfulness e as quick massages, seguindo-se os workshops de snacks saudáveis e o yoga. Quanto à apreciação global, numa escala de 4-5 (considerando algum enviesamento de benevolência por tratar-se de um projeto piloto), o reiki, a meditação e as quick massages ocupam o ‘top 3’ das preferências dos colaboradores da Galp. O último lugar é ocupado pelo yoga (ver gráfico).
Segundo revela à RHmagazine Alexandra Pinote, Head of Health da Galp, o feedback não poderia ter sido mais positivo. Num relatório que agrega os principais dados do piloto, pode realçar-se: a solicitação de continuidade de grande parte das ações; a referência a benefícios como a energia individual, o relaxamento, a concentração e o foco, a redução de stress e o bem-estar geral e, finalmente, a opinião da generalidade das pessoas de que a empresa se preocupa verdadeiramente com elas.
“O feedback foi ótimo e, por isso, baseando-nos nos resultados obtidos nos surveys, replicámos a iniciativa em 2019, igualmente com excelente adesão.”
Portanto, em 2019, a Galp teve em conta as realidades observadas a partir das respostas aos questionários aplicados, desenhando um programa mais abrangente. Se em 2018 a “Semana do Wellbeing” foi realizada nos escritórios, no ano seguinte estendeu-se não só a outros estabelecimentos (nomeadamente, às refinarias), como também a outras geografias.
“Fizemos focus groups das outras realidades, porque efetivamente a realidade de fábrica é diferente da realidade de escritório e, portanto, acabamos por adaptar as iniciativas”, diz Alexandra Pinote. “Posso destacar, por exemplo, a ginástica laboral que foi um programa que levamos a cabo na refinaria e que foi muito bem recebido, devido sobretudo às lesões musculoesqueléticas”, acrescenta.
A este nível, importa referir que, para além dos resultados obtidos nos surveys, quer os dados de saúde ocupacional quer os dados de segurança associados a acidentes (ou incidentes) de trabalho impactam também na definição dos programas e na alocação aos diversos estabelecimentos e geografias.
A envolvência das lideranças
Em 2020, a pandemia ameaçou colocar o programa em causa: logo no primeiro pico pandémico, a empresa chegou a ter mais de 2.000 colaboradores em teletrabalho. Mas a distância física não impediu a sua continuidade. Pelo contrário: confrontada com esta nova realidade, a empresa percebeu que, mais do que nunca, o bem-estar dos seus colaboradores, mesmo à distância, precisava de ser cuidado. Por isso, a “Semana do Wellbeing” manteve-se, com as atividades promovidas em formato online – meditação, ginástica, atividades para os filhos dos colaboradores, e até algumas talks sobre temáticas pertinentes, designadamente voltadas para a COVID-19 (ver caixa). Criou-se ainda uma linha de apoio psicológico online e disponibilizaram-se consultas médicas online.
“Foi importante, porque o SNS nem sempre deu resposta e as pessoas queriam despistar os casos. Foi algo muito positivo que a empresa conseguiu oferecer”, defende a Head of Health da Galp.
Para além da continuidade das atividades, foram realizados questionários periódicos para aferir o bem-estar dos colaboradores. De destacar que a maioria respondeu ter mantido o contacto permanente com os seus pares e managers, e como pretensões verbalizadas saltaram à vista uma maior flexibilização do trabalho e o work-life balance.
A questão que se impõe: qual o papel das lideranças nesta temática? No caso da Galp, Alexandra Pinote revela que o Conselho de Administração da empresa tem-se mantido comprometido nesta fase.
A pandemia permitiu trazer o bem-estar das pessoas e o seu impacto na produtividade para cima da mesa. Colaboradores saudáveis são colaboradores mais produtivos, e se as lideranças querem reter os seus talentos e atrair novos têm de dar cada vez mais importância a estes temas.
A pandemia permitiu trazer o bem-estar das pessoas e o seu impacto na produtividade para cima da mesa. Colaboradores saudáveis são colaboradores mais produtivos
“Um dos pilares da empresa assenta na nossa nova estratégia: reenergizar as nossas pessoas. As lideranças, designadamente o Conselho, estão muito empenhadas – se traçarmos um percurso, agora é o tempo de aproveitarmos este empowerment que temos dos nossos líderes para cuidarmos das nossas pessoas”, aponta Alexandra Pinote.
“Há que liderar pelo exemplo – é importante que as lideranças deem o exemplo de aderir às iniciativas para que os colaboradores se sintam à vontade para o fazer também”, conclui.
Semana do Wellbeing 2018
- +2000 participantes
- 224 quick massages
- 152 inscritos nas sessões de meditação
- 113 presenças no workshop sobre técnicas de sono
- 51 colaboradores numa sessão de heartfulness
- 39 pessoas a realizarem sessões de reiki
- 100 rastreios cardiovasculares
- 100 visiogramas
Semana do Wellbeing 2019
- +2400 participantes
- 50 atividades (tai-chi, biodanza, yoga, Qi Gong, meditação, reiki, rastreios de saúde, quick massages, pilates, ginástica laboral, aulas de zumba, dança, torneios de padel e de ténis, etc.)
- 4,61 (numa escala de 1-5) de média de respostas à pergunta “Recomendaria esta iniciativa a outros colegas?
Semana do Wellbeing 2020
- +2500 participantes
- Webinar: “As novas rotinas sociais – como gerir as emoções?”
- Workshop digital: “Ganhou peso durante o confinamento? Como recuperar a forma, garantindo ao mesmo tempo a imunidade face à COVID-19?”
- Ginástica online
- Linha de apoio psicológico
- Disponibilização de testes rápidos COVID-19 aos colaboradores
- Formação: “Dicas práticas para um trabalho remoto eficaz”
- Newsletter “home edition”:
– Dicas para quem está a
trabalhar em casa
– Boas práticas para poupar
eletricidade
– Atividades com as crianças
Semana do Wellbeing 2021
- Meditação online
- Pilates online
- Workshop “O sono no contexto da pandemia COVID-19”
- Alongamentos e Flexibilidade via Zoom
- Workshop: “Como melhorar a memória e rendimento no trabalho através da alimentação”
- Consultas de nutrição – online e presenciais
- Atividades com crianças:
– Principezinho: Musical online
– Yoga e massagens para pais
e filhos
– Workshop das emoções
Artigo publicado na edição n.º 138 da RHmagazine, referente aos meses de janeiro/fevereiro de 2022.
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