Liliana Cerqueira
Diretora de recursos humanos da MDS Portugal
Adaptabilidade, capacidade de aprender continuadamente, capacidade de empreender e inovar, agilidade, sentido de propósito e inteligência social são algumas das competências do profissional do presente e do futuro.
«O futuro já chegou; só não foi ainda igualmente repartido». Esta frase, atribuída ao futurólogo e autor de ficção científica canadiano-americano William Gibson, descreve bem a sensação com que fico perante os desafios atuais do mundo do trabalho e enquanto folheio um dos meus livros de eleição – “Managing Oneself’’ de Peter Drucker.
Num pequeno, porém, valiosíssimo livro, escrito há mais de vinte anos, Drucker desmistificava a receita de uma vida profissional com prazer e propósito, afirmando que essa advinha de um autoconhecimento profundo e de uma atitude flexível e de total abertura à mudança contínua. Drucker defendia que uma vida no trabalho plena deveria reger-se por coerência entre os nossos valores e as nossas ações e, mais ainda, entre os valores da empresa para a qual trabalhamos. Por último, aconselhava a que, paralelamente à nossa primeira escolha profissional, mantivéssemos outro empreendimento, um “plano B’’, do qual extraíssemos outra forma de satisfação.
Há vinte anos, Drucker estava já a referir-se às competências que o profissional do presente e do futuro terá que, independentemente da sua profissão, possuir: adaptabilidade, capacidade de aprender continuadamente, capacidade de empreender e inovar, agilidade, sentido de propósito e inteligência social, por forma a posicionar-se favoravelmente nas rápidas mudanças na economia e no mundo.
Há vinte anos, nunca imaginaria que profissões como youtuber, uber driver, influencer e outras viessem a existir. Desconheço, também, as novas profissões que se estarão a desenhar, no momento exato em que escrevo.
Mas de uma coisa estou convencida: Drucker vislumbrava um futuro que estava apenas acessível a muito poucos e dizia-nos que somos co-criadores das nossas vidas, das nossas carreiras e que os resultados que obtemos dependem, em grande parte, da nossa ação (ou falta dela). O tempo não pára, mas uma constante mantém-se imutável – a nossa humana capacidade de alterar, a qualquer momento, o guião desta peça chamada vida.