Nos últimos 10 anos verificaram-se mudanças significativas em muitos dos benefícios oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores, principalmente no que respeita a alterações da idade da reforma, a qual registou um aumento na maioria dos países em todo o mundo.
O estudo Worldwide Benefit and Employment Guidelines 2014, da Mercer, visa fornecer às empresas com operações a nível internacional, informação detalhada acerca dos benefícios fornecidos por empresas em 64 países, incluindo dados sobre a idade da reforma. Entre as mudanças mais significativas realizadas nos últimos 10 anos, encontra-se precisamente uma mudança na idade da reforma estabelecida, momento em que os colaboradores das empresas podem deixar de ser ativos a nível laboral e passar a receber uma pensão pelos anos de trabalho. O aumento da idade da reforma reflete a resposta dos países às pressões financeiras consequentes de uma população cada vez mais envelhecida. No entanto, este facto tem impacto a nível de custos para as empresas.
“As leis sociais e as normas internas, incluindo a idade da reforma decretada pelo governo, mudam constantemente, o que pode criar desafios às empresas com operações em vários países”, Marta Frazão, Business Leader de Retirement da Mercer Portugal. “Para se manterem competitivas, de forma a atrair e reter talentos e, ao mesmo tempo serem capazes de cumprir com estas diretivas, as empresas devem criar planos de benefícios atrativos e eficientes que sejam legalmente garantidos.”
Pelo mundo inteiro, é possível identificar algumas disparidades no que se refere à idade legal da reforma. No entanto, entre 2004 e 2014 verificou-se um aumento generalizado da idade em que as pessoas podem aposentar-se. Os países onde as pessoas já trabalhavam até mais tarde não foram exceção. Assim, colaboradores com idades de reforma mais avançadas, viram esse número sofrer um acréscimo ainda maior na última década.
Portugal é um dos países a nível mundial onde a idade da reforma é mais elevada, passando dos 65 para os 66 anos, na última década; a Grécia aumentou a idade de aposentação dois anos (de 65 para 67); já a Austrália e a Alemanha que tinham como idade de aposentação os 65 anos, apresentam uma idade de reforma atual que varia entre os 65 e os 67 anos. O mesmo acontece com os Estados Unidos. Contudo, a diferença está na idade em que as pessoas ficavam elegíveis para se aposentar antes da alteração, que em 2004, era de 65 anos mais quatro meses.
No entanto, os maiores aumentos quanto à idade da reforma para colaboradores do sexo masculino, na última década, aconteceram na Malásia. Esta sofreu um acréscimo de cinco anos: em 2004 era de 55 e atualmente é de 60 anos de idade. Em Itália, onde os colaboradores do sexo masculino podiam aposentar-se aos 62, têm agora de esperar mais quatro anos e três meses (66 + 3 meses); quanto ao Líbano, os trabalhadores viram-se forçados a aguentar mais quatro anos de trabalho, antes de se poderem reformar, sendo que atualmente a idade de reforma é de 64. Já o Japão assistiu a um aumento igualitário entre géneros, onde a idade inicial de 60 mudou para os 65 anos, para ambos os sexos.
No que respeita aos colaboradores do sexo feminino, estes também tiveram de adiar os seus planos de aposentação. O Líbano foi o país que mais aumentou a idade da reforma, passando de 55 anos para 64, sofrendo um aumento de nove anos. Segue-se a Malásia que viu crescer a idade de aposentação em 5 anos, sendo que neste momento a idade da reforma é de 60. Na Roménia, onde as mulheres podiam reformar-se aos 60 anos de idade, atualmente têm de trabalhar mais três anos, até aos 63.
Alguns países incluídos no estudo da Mercer destacaram-se devido à grande discrepância entre as idades de reforma estabelecidas para homens e mulheres. Contudo, o ajustamento ascendente nas idades de aposentação nestes países, nos últimos dez anos, foi mais igualitário. Nesse sentido, salientam-se três casos. O primeiro refere-se à Ucrânia, onde os homens se reformavam aos 60 anos e as mulheres cinco anos antes, logo aos 55. Atualmente, os homens continuam com a mesma idade de aposentação, já as mulheres têm de esperar mais um ano, até aos 56. No segundo caso encontra-se a Colômbia. Neste país, a diferença na idade de aposentação entre o sexo feminino e o masculino era de cinco anos, em 2004. Passados dez anos, a diferença mantêm-se, mas as idades alteraram. Se antes os homens se aposentavam aos 60, atualmente a idade é de 62 anos, já as mulheres passaram dos 55 anos de idade, para os 57. Por último, regista-se a Polónia, onde em 2004 a diferença de aposentação entre os géneros era de 5 anos: 60 para as mulheres e 65 para os homens. Passados dez anos, a idade de elegibilidade para os homens varia entre os 65 e os 67, nas mulheres essa mesma idade pode ir dos 60 até aos 67. De destacar que nos casos em que a idade da reforma pode variar, essa situação se dever ao facto de existirem alguns ajustamentos no caso de pessoas que tenham empregos especialmente arriscados ou perigosos.
(O estudo Worldwide Benefit & Employment Guidelines da Mercer analisou os benefícios aplicados por empresas aos seus colaboradores em 64 países, divididos por 5 regiões: Américas, Médio Oriente e África, Ásia-Pacífico, Europa Central e do Leste, e Europa Ocidental.)