Para profissionais em movimento. Esta é a chancela do Pro_Mov que se dirige precisamente a quem já iniciou a sua vida laboral mas está no desemprego ou corre sérios riscos de nele entrar (por estar numa atividade que se prevê desaparecer por força das transformações no mercado de trabalho).
Este programa de requalificação é de âmbito europeu – “Reskill 4 Employment” -, foi apresentado em maio de 2021 e teve precisamente em Portugal um dos seus três projetos-piloto (os outros foram na Espanha e Suécia). Sonae, Nestle e SAP (empresas) e Instituto de Emprego e Formação Profissional – IEFP (Estado) constituíram-se como os promotores iniciais desta iniciativa.
Concretizado o projeto-piloto (dedicado à indústria) – e já depois do reforço dos promotores do PRO_MOV com a entrada da Associação Business Roundtable Portugal (e de 17 das empresas suas associadas) -, em julho deste ano deu-se o anúncio da implementação do programa em si e dos cinco laboratórios que, para já, o corporizam.
O modelo de execução do PRO_MOV serve o seu objetivo: garantir a transição habilitada para uma nova profissão aos formandos.
Para isso, há uma aprendizagem teórica – em sala de aula, nas instalações do IEFP – e outra de cariz empírico (em contexto de trabalho, através das empresas que integram o programa). A organização da formação comporta três categorias: o setor (área mais vasta); o laboratório em si (mais específico) e os perfis profissionais (que se aproximam do conceito de curso e que correspondem às futuras profissões). Para cada laboratório existe uma empresa líder e diversas participantes. (ver quadro)

O papel das empresas e a sua articulação com o Estado é uma das marcas identitárias deste programa: na concepção conjunta dos conteúdos curriculares, na possibilidade das aulas decorrerem também nas instalações das empresas (apesar de primacialmente ocorrerem no IEFP) e, finalmente, no papel determinante destas na componente prática da formação (em contexto real de trabalho) e até na integração no mercado laboral.
Os candidatos/formandos não têm qualquer limite de idade ou nível mínimo de escolaridade obrigatório, embora o programa seja desenhado para quem já tenha competências e alguma experiência profissional em determinada área e possua um perfil de destinatário associado ao respetivo laboratório.
As formações decorrem diariamente, em regime de tempo inteiro, não têm uma duração global fixa (varia consoante os laboratórios) – apesar de sempre inferiores a 12 meses – nem qualquer custo para os candidatos (que recebem um subsídio durante a formação) e implicam a avaliação dos alunos ao longo do processo de requalificação.
O PRO_MOV é geograficamente descentralizado (o projeto-piloto realizou-se no Porto e os próximos laboratórios em outras cidades do país como Évora, Coimbra ou Faro) e assume uma meta: requalificar 20 mil portugueses até 2025 (ver entrevista a João Günther Amaral, da Sonae).
Entrevista a João Günther Amaral da Sonae
Qual o balanço até ao momento da execução do programa PRO_MOV?
Avançámos para o programa PRO_MOV com grande ambição: queremos requalificar 20 mil portugueses em situação de desemprego até 2025. As transições verde e digital que estamos a viver atualmente em todo o mundo estão a fazer com que uma boa parte das profissões atualmente existentes sofram mudanças muito profundas ao longo das próximas décadas; uma parte dessas profissões irá mesmo desaparecer. Novas ocupações nascerão. Esta realidade, cria um sentido de urgência nas pessoas, nas empresas e nos Estados, que têm de se adaptar rapidamente.
Neste contexto, fazemos um balanço muito positivo do programa. Num curto espaço de tempo foi possível alinhar interesses e reunir um vasto conjunto de empresas e instituições públicas, bem como o Estado Português, em torno deste desafio comum: preparar os portugueses para os empregos do futuro.
O funcionamento em lógica de laboratórios tem correspondido às expectativas?
Criamos laboratórios porque estamos a aprender, experimentando novas abordagens. Os laboratórios foram desenhados para aliar a teoria à prática, para potenciar a colaboração entre setor público e setor privado, para potenciar a aceleração da formação e da requalificação.
Cada laboratório apresenta uma primeira fase de formação em sala e ambientes de simulação e outra, sequencial, de formação em contexto de trabalho.
Um dos muitos pontos fortes desta iniciativa é que, no final do estágio, os formandos têm a possibilidade de integrar os quadros das empresas.
Qual o papel dos parceiros (empresas) no PRO_MOV? Estão na primeira linha para poder dar sentido ao programa, contratando?
As empresas, em estreita colaboração com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, desempenham um papel crucial em todo o programa, já que participam na criação do programa, dos cursos e dos planos de formação, bem como na experiência em contexto real, através dos estágios.
Um formando que conclua as etapas do programa, está pronto para integrar o mercado de trabalho neste novo/a setor/área?
É esse o objetivo: quem concluiu um laboratório após a formação teórica e prática, estará apto para prosseguir a sua atividade numa nova profissão.
Artigo publicado na edição n.º 142 da RHmagazine, referente aos meses de setembro/outubro de 2022.
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