Na sua missão de promover os documentos associados à iniciativa, o Centro Nacional Europass atua, também, como agente facilitador da integração dos cidadãos no mercado de trabalho.
É com os documentos do universo afeto à iniciativa Europass – a sua face mais visível – e consequente apoio no seu preenchimento e desenvolvimento que o Centro Nacional Europass (CNE) facilita a integração de cidadãos no mercado de trabalho. Desde o seu surgimento, em 2005, foram emitidos, em Portugal, 27.244.215 CV’s Europass e, até setembro deste ano, 1.349.410 CV’s e 14.963 Europass Passaporte de Línguas. Mas porque a atividade do Centro Nacional Europass não se circunscreve apenas ao Curriculum Vitae, em Portugal, o CNE permite, desde agosto, que os participantes em períodos de aprendizagem realizados em Portugal possam também beneficiar do documento Europass Mobilidade – www.europass.pt. Já em conjunto com os restantes países europeus que promovem a iniciativa Europass, lançou, em setembro, uma plataforma para a emissão do referido documento.
Podemos afirmar que o Centro Nacional Europass (CNE) é um facilitador da integração de profissionais no mercado de trabalho?
O Centro Nacional Europass é a entidade reguladora da iniciativa Europass, que surgiu em 2005 e que está presente em todos os países da União Europeia. Para além de promover os documentos Europass, o CNE presta apoio aos cidadãos no desenvolvimento de instrumentos de transparência das suas qualificações, para integração no mercado de trabalho, através da realização de seminários e “workshops” gratuitos em instituições de ensino.
E que iniciativas materializam o apoio prestado pelo CNE?
Em Portugal, o Centro Nacional Europass preocupa-se com os jovens que estão à procura do primeiro emprego e com os nem-nem, os jovens que nem estudam, nem trabalham. Nesse sentido, marcou presença, recentemente, na Feira Internacional de Emprego, no Porto, onde realizou análises curriculares e apresentou propostas de melhoria para os CV’s dos candidatos. O CNE participa, também, em várias conferências e promove anualmente o seminário Hunting Jobs para jovens à procura do primeiro emprego. Desloca-se a escolas secundárias, profissionais e a instituições de ensino superior e trabalha em paralelo com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e com a rede EURES. Presta, ainda, apoio aos cidadãos através dos kits que disponibiliza. O Kit Europass apresenta um conjunto de módulos que ajudam a desenvolver, passo a passo, o Europass Curriculum Vitae e o Europass Passaporte de Línguas. Os cidadãos podem desenvolver ambos os documentos com o preenchimento do questionário afeto a cada módulo.
Este kit está disponível no site gratuitamente e disponibiliza ainda uma análise SWOT, para avaliação de pontos fortes e fracos. Paralelamente, e porque percebeu que é muito importante fazer o CV não só quando se termina o ensino superior, o CNE, para sensibilizar os jovens para a importância do seu CV de vida, desenvolveu o Europass CV Júnior, que aborda as temáticas de uma forma mais simples. O Kit Europass tem uma linguagem mais estruturada para os profissionais no mercado de trabalho e o Europass CV Júnior destina-se aos alunos do ensino secundário/profissional.
As empresas são também um importante agente na integração dos cidadãos no mercado de trabalho. Promovem iniciativas cujos destinatários sejam os empregadores?
Desenvolvemos, mas queremos melhorar e chegar a mais empresas. Este ano, o CNE está a desenvolver um estudo sobre o Europass, cujos inquiridos serão, entre outros, as empresas, para perceber o que pensam acerca da iniciativa Europass. O CV Europass é conhecido por ser um modelo muito padronizado, mas é importante referir que é facilitador para candidaturas em massa. Os empregadores perdem menos tempo, porque localizam facilmente a informação que procuram. Os modelos que não são Europass podem ter uma aparência mais apelativa, mas muitas vezes não apresentam a informação que os empregadores procuram. O que é importante são os conteúdos e não o “layout” do CV, por isso é importante aconselhar os cidadãos à procura de emprego a adaptarem o CV à oportunidade a que irão concorrer.
É possível ter um CV competitivo recorrendo ao CV Europass?
O problema do CV Europass não se relaciona com o layout, mas com o conteúdo preenchido pelo candidato. Em 100 CV’s, 90 são iguais, porque repetem a mesma informação. A diferenciação não está, portanto, no layout, mas no conteúdo. Muitos dos CV’s dos jovens que saem do ensino superior não são construídos corretamente. Para arranjar emprego é preciso desenvolver a empregabilidade e, para isso, não chega tirar um curso. É importante perceber o que procura o mercado de trabalho e, nesse sentido, o mesmo CV não deve ser enviado para várias empresas. Deve ser diferente em função da oportunidade a que se concorre. Os empregadores valorizam um CV que se encontre estruturado de acordo com a oferta de emprego.
E que características deve apresentar um CV para que o candidato se diferencie?
O Centro Nacional Europass desenvolveu o Kit Europass precisamente com esse objetivo, ou seja, para que as pessoas respondam aos módulos, através do preenchimento do questionário associado, e verifiquem que competências as caracterizam. Conseguem perceber se têm efetivamentecapacidades de liderança ou se são comunicativas, por exemplo. É possível aos candidatos construírem um CV diferenciado identificando as competências que os caracterizam e evidenciando o contexto onde as adquiriram ou desenvolveram. Neste sentido, é importante que os jovens percebam que as atividades onde estão envolvidos são de extrema importância para a sua futura integração no mercado de trabalho. É importante sensibilizá-los desde cedo e, para isso, o CNE vai às escolas e às universidades, aos gabinetes de psicologia e de emprego, para os ajudar a desenvolver a sua empregabilidade a longo prazo.
Adicionalmente ao CV Europass, referiu outros documentos Europass. Que objetivos apresentam?
O Europass Passaporte de Línguas constitui-se como um CV linguístico. Testa os conhecimentos linguísticos adquiridos em contexto não formal da educação e pode fazer toda a diferença no recrutamento. O Europass Mobilidade, ao contrário do CV e do Passaporte de Línguas, disponíveis para qualquer cidadão que aceda à plataforma, pressupõe o envolvimento de instituições, nomeadamente uma instituição de envio e uma de acolhimento, e um período de aprendizagem, seja de formação ou de trabalho. O Europass lançou, em setembro, uma plataforma para a emissão dos documentos Europass Mobilidade, efetuada, até à data, em suporte papel. A plataforma, designada Base de Dados – Europass Mobilidade, encontra-se alojada no site do Europass e as instituições já podem fazer o pedido do documento através da plataforma e desenvolvê-lo online. Outra novidade relacionada com o Europass Mobilidade é da responsabilidade do CNE em Portugal. Atualmente, qualquer pessoa que faça formação em Portugal também pode solicitar o Europass Mobilidade, que se destinava, exclusivamente, a quem fazia períodos de aprendizagem no estrangeiro.
Os desafios do CNE
Em Portugal é a Catarina Oliveira que coordena o Centro Nacional Europass. Como coordenadora do CNE, que papel assume na iniciativa?
A nossa grande responsabilidade é apoiar os jovens na integração do mercado de trabalho. De forma a alcançar o maior número de jovens, participo em feiras da educação e de emprego, promovo seminários nas escolas, “workshops” práticos e teóricos de preenchimento do CV Europass e desenvolvo com os alunos, passo a passo, o CV. Ao nível das atividades diárias, faço a planificação anual das atividades do CNE e desenvolvo materiais promocionais que possam ajudar os jovens, como brochuras com orientações para desenvolverem um CV competitivo. Recebo dezenas de “e-mails” mensais para analisar CV´s, com perguntas por parte não só dos candidatos, mas também das instituições que se querem candidatar ao Europass Mobilidade, e que, a par com o CV Europass, se encontra entre os documentos que mais trabalho.
E que desafios considera estarem reservados ao Centro Nacional Europass?
O nosso grande desafio, neste momento, é conseguir uma maior aproximação às empresas e sensibilizá-las para a utilização do CV Europass. Os empregadores que solicitam candidaturas através do modelo Europass têm a possibilidade de as enviarem para a plataforma (http://interop.europass.cedefop.europa.eu/) que transforma toda a informação numa base de dados. Esta plataforma permite-lhes economizar tempo.