Por Ana Sofia Martins
Lisbon Campus Manager da Wild Code School
Foi publicada, no final do ano passado, uma notícia sobre um estudo referente ao futuro do mercado de trabalho que apresentava a previsão de que até 2030 cerca de 42% dos trabalhadores portugueses terão de actualizar as suas qualificações ou mudar de profissão, de forma a permancerem empregados.
O que significa que, dentro de aproximadamente dez anos, quase metade das pessoas que trabalham vão ser forçadas a requalificar-se face às exigências do mercado.
Pode parecer alarmante ou soar até a algo exagerado, mas basta estar minimamente atento para nos apercebermos da rapidez com que o mercado evolui, das inúmeras tendências que de ano para ano aparecem (atropelando as já existentes que rapidamente se tornam obsoletas), das alterações de processos, novas inovações, comportamentos e hábitos e por aí adiante, num frenesim que nos obriga a estar atentos já que temos que nos adaptar a todas estas novas realidades.
Olhemos para certos setores tradicionais (calçado, mobiliário, têxteis…) muitos deles com fim anunciado, mas que ao apostarem na inovação de produtos e processos, conseguiram reiventar-se e vingar não só em Portugal, como além fronteiras. A lógica do mercado tem de acompanhar a inovação, a tecnologia… por isso o capital humano tem de fazer o mesmo. E aqui, torna-se essencial o papel que a formação e o acompanhamento das novas tendências têm na vida de todos nós… Acredito que um bom colaborador é aquele que está em constante aprendizagem, de forma a manter as suas competências e know-how atualizados. A verdade é que quanto mais conhecimentos adquirirmos e multifacetados formos, maior é a probabilidade de vingar ao longo da vida profissional. O grau de preparação dos colaboradores está ligado à capacidade de melhorar a sua produtividade.
E isto serve para os jovens e não só. Enquanto estivermos ativos, não devemos parar de investir em nós próprios.
No início deste ano, falou-se sobre a possibilidade de a Finlândia reduzir a semana de trabalho para quatro dias e, apesar de terem realçado que é uma medida que não está no programa de Governo, acredito que no futuro seja incluída. Cada vez mais, as novas gerações focam-se na qualidade de vida e num balanço muito equilibrado entre a vida profissional e pessoal, onde mais horas não significa mais produtividade. A revolução tecnológica é agora e acredito que isso vai trazer conforto e mais tempo às famílias. Como? Através de uma requalificação das qualidades e competências no geral, não só técnicas mas também em como ocupar o tempo livre de forma útil.
Longe de ser uma questão linear, acho que não se pode ignorar o facto do mercado de trabalho se apresentar agora instável e imprevisível. Não é fácil, mas há que equipar a força de trabalho com as competências certas e adequadas às necessidades detetadas, de forma a ser-se bem sucedido. A formação deve passar a fazer parte das nossas vidas, de forma natural. E o simples facto de para nós passar a ser natural estudar novos tópicos todas as semanas irá manter-nos ativos e empregáveis, porque a velocidade da mudança é cada vez maior.
E já que estamos a viver um tempo em que a palavra de ordem é mudança, é de aproveitar para mudar, melhorar e tirar proveito das coisas boas que podem advir desta nova era digital.
A propósito disto, foi feito um estudo – o Pioneers – que incidia sobre as razões pelas quais as mulheres se aproximam ou afastam das carreiras profissionais na área tech, sendo que algumas mencionaram que escolheram a área das tecnologias não só porque paga mais, mas também porque permite trabalho remoto, o que é melhor para as famílias. O tal equilíbrio entre a vida profissional e familiar. O futuro, a evolução, o progresso, a inovação têm de trazer coisas boas para as vidas das pessoas. O tempo bem repartido, este deve ser o caminho. Colaboradores produtivos e ativos, reconhecidos nas funções que desempenham e, simultaneamente, com tempo para se dedicarem a outras atividades que gostem, à família e a si mesmos.
A importância da satisfação e reconhecimento nas funções que cada um desempenha são de facto muito importantes para a saúde financeira e mental do indivíduo, influenciando também isto a economia, desenvolvimento produtivo e crescimento do país.
Em Portugal o retorno monetário de uma aposta na requalificação é bastante elevado, sendo pois urgente combater o facto de cerca de 80% da força de trabalho portuguesa apresentar ainda níveis baixos de qualificação.
Em suma, e tendo em conta que a requalificação é importante para garantirmos que estaremos empregáveis em 2030, não temos muito tempo… pelo que devemos preparar-nos para a mudança, não ter receio do impacto de dar um passo à frente e apostar na formação adequada, de acordo com o cargo e respetivas funções.