Na sequência do surto de COVID-19, as perturbações socioeconómicas levaram as empresas a reavaliar os seus programas de mobilidade internacional com especial enfoque no bem-estar dos seus colaboradores expatriados. Ao mesmo tempo em que potenciam novas formas de trabalho, mudanças tecnológicas e modelos flexíveis, as organizações estão também a considerar novas alternativas para a concretização dos projetos internacionais, além dos tradicionais programas de mobilidade, para que possam manter as suas operações e equipas que trabalham no estrangeiro.
Apesar da vontade de crescer e alargar operações a nível global, enquanto navegam pela turbulência de uma crise económica e sanitária, as reduções verificadas ao nível de headcount e de salários, bem como as mudanças verificadas nos programas de benefícios, vieram mudar as estratégias de expansão internacional das organizações . À medida que as empresas reexaminam programas de talento, de mobilidade e pacotes de remuneração compatíveis com o panorama económico, é imperativo que tenham por base informação transparente e rigorosa para compensar, de uma forma justa, todos os tipos de projetos de mobilidade, não esquecendo as mudanças resultantes da atual pandemia e da subsequente volatilidade do mercado.
A 26ª edição do estudo “Custo de Vida” da Mercer conclui que um conjunto de fatores, incluindo flutuações cambiais, custo da inflação no que se refere a bens e serviços e a volatilidade dos preços de alojamento, são determinantes para o custo geral dos “pacotes de expatriação” para colaboradores em projetos internacionais.
“Este surto (COVID-19) fez-nos relembrar que enviar e manter colaboradores em projetos internacionais acarreta uma grande responsabilidade e é uma tarefa difícil de se gerir”, refere Tiago Borges, Líder de Rewards da Mercer Portugal. “Mais do que apostar num ressurgimento dramático da mobilidade, as organizações devem preparar-se para reintegrar as suas equipas de mobilidade, orientando com empatia e tendo presente de que nem todos os expatriados estarão preparados ou dispostos a ir para fora, num contexto como o atual.”
A curto-prazo, a preparação para esta abordagem de mobilidade global deverá implicar a realocação de colaboradores que tenham sido repatriados. A médio-prazo, a prioridade será reajustar os casos de expatriados com novos modelos económicos centrados em cadeias de distribuição mais reduzidas, um aumento de movimentos regionais e uma necessidade renovada de reter talento. Por outro lado, questões como a localização e custo dos projetos internacionais será um fator crucial no pós-crise.
Estudo “Cost of Living 2020” da Mercer
De acordo com o estudo “Cost of Living Survey 2020” da Mercer, a cidade de Lisboa desceu onze posições no ranking, passando da 95ª posição em 2019, para o 106º lugar em 2020.
Através do estudo, é ainda possível concluir que o preço da gasolina em Lisboa (1,61€ p/ litro de gasolina 95 octanas) é dos mais elevados tendo em conta as restantes cidades do ranking. Por outro lado, e comparativamente com a cidade mais cara do ranking, o preço médio de produtos de limpeza, que inclui antissépticos, produtos de limpeza de casa ou detergente para máquina de lavar loiça, a cidade de Lisboa apresenta um custo médio de 32,90€ e Hong Kong, a cidade mais cara do mundo para expatriados, o valor médio é de 37,80€.
A cidade de Hong Kong figura no top do ranking das cidades mais caras para expatriados, seguida de Ashgabat, no Turquemenistão, que ocupa a segunda posição. Tóquio e Zurique mantêm-se nos 3º e 4º lugares, respetivamente, ao passo que Singapura, que ocupa o 5º lugar, desceu dois lugares, comparativamente ao ano de 2019. Os dados foram recolhidos em março pela Mercer; as flutuações de preço em muitas regiões não se revelaram significantes devido à pandemia1.
Outras cidades que se encontram no top 10 são Nova Iorque (5), Xangai (6), Xangai (7), Berna (8), Genebra (9), e Pequim (10). As cidades menos caras para expatriados são Tunes (209), Windhoek (208) e Toshkent e Bishkek, que empatam no 206º lugar.
O reconhecido estudo da Mercer é um dos mais abrangentes do Mundo e foi desenvolvido para ajudar as organizações multinacionais e os Governos a definirem estratégias de compensação para os seus colaboradores expatriados. A cidade de Nova Iorque é utilizada como a cidade base para todas as comparações, sendo que os movimentos cambiais têm como referência o dólar norte-americano. O estudo inclui mais de 400 cidades em todo o Mundo; o ranking deste ano inclui 209 cidades distribuídas pelos cinco continentes e analisa e compara os custos de mais de 200 itens em cada local, entre eles alojamento, transportes, comida, roupa, bens domésticos e entretenimento.
“O encerramento de fronteiras, a interrupção de voos, os confinamentos obrigatórios e outras perturbações a curto-prazo afetaram não só o preço de bens e serviços, como também a qualidade de vida dos expatriados.”, afirma Tiago Borges. “As alterações climáticas, questões relacionadas com a pegada ambiental, e os desafios dos sistemas de saúde pressionaram as multinacionais a considerar como os esforços de uma cidade sobre a sustentabilidade podem impactar as condições de vida dos seus trabalhadores expatriados. Cidades com um grande enfoque na sustentabilidade podem melhorar consideravelmente os seus padrões de vida, o que, por sua vez, pode melhorar o bem-estar e envolvimento do trabalhador.”
A adequada verificação das localizações e compensações dos trabalhadores em projetos internacionais pode ser tão importante quanto dispendiosa. O estudo da Mercer demonstra que o custo de bens e serviços se altera consoante a inflação e a volatilidade da moeda, fazendo que os projetos no estrangeiro oscilem, por vezes, em gastos mais ou menos dispendiosos.
“As súbitas alterações nas taxas de câmbio foram maioritariamente impulsionadas pelo impacto que o COVID-19 está a ter na economia global”, refere Tiago Borges. “Esta volatilidade pode afetar a mobilidade dos colaboradores nas mais variadas formas, desde a escassez e ajustamento dos preços de bens e serviços às interrupções nas cadeias de abastecimento. O mesmo acontece quando os colaboradores são pagos com a moeda local do país de origem e necessitam de fazer o câmbio para a moeda do país anfitrião para a realização de aquisições ou compras locais.”
Américas
Embora a retração económica global tenha deflagrado na primeira parte do ano, a força do dólar aumentou os custos para os expatriados localizados nas cidades norte-americanas. Como resultado, as cidades dos Estados Unidos da América escalaram no ranking deste ano das cidades mais caras. Nova Iorque, que ocupa o 6º lugar, é a cidade norte-americana com maior classificação neste ranking, seguida de São Francisco (16), Los Angeles (17), Honolulu (28) e Chicago (30). Winston-Salem e Carolina do Norte (132) permanecem como as cidades menos dispendiosas dos EUA para expatriados.
Na América do Sul, San Juan (66), em Porto Rico, é classificada como a cidade mais cara, seguida por Porto de Espanha (73), San José (78) e Montevideu (88). Manágua (198) é a cidade menos cara da América do Sul. A cidade de Caracas, na Venezuela, está excluída do ranking devido à complexa situação cambial que enfrenta; a sua posição poderia ter uma grande variação devido à taxa de câmbio oficial selecionada.
O dólar canadiano valorizou, provocando um salto no ranking deste ano. Vancouver (94), que subiu 18 lugares de 2019 para 2020, é a cidade canadiana mais cara, seguida de Toronto (98). Otava é a cidade menos dispendiosa deste país, ocupando o 151º lugar.
Europa, Médio Oriente e África
São três as cidades europeias que se encontram no TOP 10 da ranking das localizações mais caras. No 4º lugar do ranking global, Zurique mantém-se como a cidade mais dispendiosa, seguida de Berna (8), que subiu quatro lugares desde o ano passado. Genebra a outra cidade europeia que subiu quatro lugares no ranking, ocupando a 9ª posição.
Apesar de se ter registado um fraco crescimento dos preços ao longo da região, muitas moedas locais da Europa enfraqueceram face ao dólar norte-americano. As economias francesa e italiana enfraqueceram no final de 2019 e o crescimento da Zona Euro foi nulo. Ainda assim, não se verificam sinais da crise no que diz respeito à inflação de qualquer um dos países da UE. Esta região assinalou quebras no ranking deste ano, especialmente em cidades como Paris (50), Milão (47) e Frankfurt (76).
A decisão do Reino Unido se retirar da União Europeia não impactou a sua moeda local, que se mantém forte, valorizando-se a par das grandes divisas mundiais. Londres (19), Birmingham (129) e Belfast (149), subiram quatro, seis e nove lugares, respetivamente.
Os Emirados Árabes Unidos continuam a diversificar a economia, com a subsequente redução do impacto da indústria petrolífera no PIB. Com este processo em curso, registaram-se flutuações negativas de preço no Dubai e em Abu Dhabi. Tal como os EAU, também a Arábia Saudita pretende limitar o impacto das exportações petrolíferas e focar-se num modelo económico mais diversificado. Os preços mantiveram-se estáveis ao longo dos últimos seis meses; no entanto, com a aproximação do aumento do imposto sobre o valor acrescentado, é esperado que os preços mudem. Telavive (12) continua a ser a cidade mais cara do Médio Oriente para os expatriados, seguida do Dubai (23), Riad (31) e Abu Dhabi (39). Cairo (126) mantém-se como a cidade menos cara da região, apesar de ter subido quatro posições.
Djamena, no Chade, ocupa a 15ª posição, sendo a cidade mais cara de África, enquanto Tunes, na Tunísia, é a cidade menos cara da região e também a nível global, ocupando a 209ª posição, a última do ranking.
Ásia Pacífico
Do TOP 10 das cidades mais caras deste ano, 6 encontram-se na Ásia. Hong Kong (1) mantém o seu lugar como a cidade mais cara para expatriados, quer na Ásia como em todo o Mundo, devido às flutuações cambiais calculadas face ao dólar norte-americano e também pelo aumento do custo de vida. Este centro financeiro global é seguido por Ashgabat(2), Tóquio (3), Singapura (5), Xangai (7) e Pequim (10). Bombaim (60) é a cidade mais cara da Índia, sendo que Calcutá (185) é a cidade menos dispendiosa deste país.
As cidades australianas caíram no ranking deste ano, uma vez que a moeda local desvalorizou face ao dólar norte-americano. A cidade de Sidney é a mais cara da Austrália para expatriados, ocupando o 66º lugar do ranking global, descendo seis lugares este ano. Adelaide é a cidade menos dispendiosa da região, que caí este ano dezassete lugares, ocupando a posição 126 do ranking.
A Mercer desenvolve estudos individuais referentes ao custo de vida e ao custo de arrendamento para cada uma das cidades analisadas.
Para mais informações sobre os rankings das cidades visite o site https://mobilityexchange.mercer.com/Insights/cost-of-living-rankings. Para adquirir cópias de relatórios e cidades específicas consulte https://mobilityexchange.mercer.com/multinational-approach-cost-of-living-data ou entre em contacto connosco através do número +351 21 311 37 75.
Nota aos editores
Os dados fornecidos pela Mercer relativos às comparações feitas entre o custo de vida e o arrendamento do alojamento, têm por base um estudo realizado em março de 2020. As taxas de câmbio em vigor nesse período e o conjunto de bens e serviços internacionais da Mercer foram usados como medidas base.
Os governos e as grandes empresas usam os dados deste estudo para garantirem o poder de compra dos seus colaboradores quando estes são transferidos para o estrangeiro. Os dados referentes aos custos de arrendamento de alojamento são usados para avaliar os subsídios de habitação que serão atribuídos aos expatriados desse local. A escolha das cidades avaliadas baseia-se na procura que existe para estes dados.