Ana Paula Costa
Consultora de Desenvolvimento de Pessoas
Mais se acumule, quer a experiência, quer os conhecimentos, quer a reflexão sobre o tema, menos fácil se torna, talvez, falar sobre ele e, sobretudo, dizer algo que não tenha sido dito. Se às pessoas que trabalham importa conhecer o produto, o serviço e as boas práticas, aos Recursos Humanos é imperativo conhecer essas pessoas, por forma a fazer a ponte entre as necessidades individuais e organizacionais. Cabe aos RH assegurar o melhor match entre o que as partes procuram e o que têm para dar. Nesse sentido, podemos dizer que se trata de uma mediação, também entre os recursos materiais e os humanos, e que, enquanto tal, terá de ser levada a cabo em estreita comunicação com os demais departamentos.
É, pois, um desafio exigente, que requer devoção, inteligência, atenção e sensibilidade, a par de uma visão ampla e flexível, proativa e empreendedora, boas doses de diplomacia, ética e artes de concertação. Que requer, antes de mais, uma vasta noção sobre toda a organização e sobre as pessoas que a perfazem, seu valor (factual e potencial), suas motivações e expectativas, suas dificuldades, enfim. Bem como liberdade para propor e implementar os planos de ação que a cada momento pareçam ajustados e as estratégias para rentabilizar e desenvolver as capacidades de cada indivíduo, garantindo assim, não apenas a qualidade do seu trabalho, como o seu engagement, via sacra para a retenção do talento.
Uma boa gestão dos recursos humanos é também promotora de cultura e educação organizacionais, fortalecendo o alinhamento necessário, ao mesmo tempo que respeita e encoraja diferenças individuais. E, tudo isso, ao longo de todo o ciclo laboral, do recrutamento ao onboarding, das formas de reconhecimento e valorização, aos planos de carreira, passando por medidas de defesa do bem-estar.
Nenhuma empresa é perfeita. Nenhum colaborador. De uma forma algo simplista, cabe à gestão dos recursos humanos aperfeiçoá-los, e às suas dinâmicas, todos os dias um pouco mais.
Nenhuma empresa é perfeita, repito. Não obstante, discorrer sobre este tema remeteu-me para uma entidade com que colaboro há já vários anos (confidencialidade obviamente assegurada), exemplo desse esforço honesto, incansável e, a meu ver, com resultados na satisfação dos seus colaboradores. No acompanhamento que lhes disponibiliza quando em face de um novo projeto (inclusive, na possibilidade que lhes concede de trocarem de projeto caso considerem que esse não se lhes ajusta na perfeição), na formação que lhes proporciona precocemente (isto é, em áreas nas quais ainda não trabalham), para que possam ir amadurecendo as ideias e perceber, atempadamente, que caminhos almejam trilhar no futuro, na auscultação das suas motivações e ambições e também ao permitir, amiúde, que sejam os próprios a eleger conteúdos pedagógicos do seu interesse.
Não é tudo, pois claro que não. Em 28 anos de experiência profissional, nunca vi o todo em lado nenhum (já vi o quase nada, isso sim, já vi!). Mas é disto que se trata. De dar e/para receber.