Pode-nos explicar as suas funções atuais e descrever-nos um pouco o seu percurso profissional?
Bom dia Cristina, atualmente sou corporate head of compensation and global mobility na Acciona. Toda a minha trajetória profissional aconteceu no ámbito da assessoria de recursos humanos, essencialmente na área de expatriação, compensação e beneficios. Comecei a minha carreira na área fiscal da Garrigues, posteriormente no departamento de human capital da PwC e Ernst & Young. Sou licenciada em direito, tenho um master em assessoria fiscal do Centro de Estudios Financieros e um MBA do Instituto de Empresa. Atualmente também estou a fazer um doutoramento em inteligência cultural na Universidade Pontificia de Comillas. Sou também sócia fundadora do Kayros Institute, consultora de formação e desenvolvimento, pioneira na utilização do método de aprendizagem acelerado em programas de formação para melhorar as capacidades para vender, liderar e comunicar no mundo dos negócios (http://www.kayros-institute.com/).
Pode descrever-nos as suas principais responsabilidades na Acciona e qual o seu trabalho diário?
Uma das minhas funções principais é a definição de compensação e mobilidade internacional do grupo, assim como a responsabilidade da abertura em novos países e de centros de referência corporativos. Temos uma equipa de profissionais que me dão apoio, tanto aqui na sede em Madrid como nos países onde exercemos a nossa atividade.
Têm atividade em Portugal?
Portugal foi um dos primeiros países para onde a Acciona expandiu a sua atividade com diversas linhas de negócio desde a construção, energia, água e serviços. Temos uma presença significativa em Portugal, essencialmente no setor eólico, com 17 parques eólicos a funcionar. Como projetos mais representativos podemos destacar a central fotovoltaica da Amareleja, a barragem do Alqueva, a ponte Infante D. Henrique e a Gare do Oriente. Atualmente a Acciona é uma empresa global, líder em infraestruturas, água, serviços e energias renováveis com mais de 30 000 colaboradores, em mais de 30 países nos 5 continentes.
Enquanto responsável pelas políticas de compensação, pode-nos dizer quais são as grandes tendências para 2015?
As tendências na retribuição para 2015 vão seguir as do ano 2014. As tendências em vencimentos fixos seguirão as de 2014 e potenciam-se mais os esquemas de retribuição que integrem remuneração variável e o uso de benefícios. Estas variáveis permitem criar pacotes de remuneração respondendo melhor às necessidades de cada colaborador.
O que mudou esta crise económica nas políticas de retribuição das empresas?
Acredito que o grande desafio dos sistemas de retribuição está em conseguir ligar a retribuição à retenção do talento e a sistemas de remuneração variável que mereçam a contribuição dos profissionais da empresa.
Uma parte significativa dos colaboradores da Acciona está fora de Espanha. Como se escolhe um colaborador para ir para fora?
75% dos colaboradores da Acciona estão fora das nossas fronteiras, em consequência da rápida internacionalização da empresa. Atualmente estamos presentes em mais de 30 paises e temos de estar preparados para trabalhar em ambientes multiculturais. A escolha da pessoa e as características da própria são a chave para o sucesso da internacionalização, pois em cada país a pessoa expatriada não só é responsável por transmitir os conhecimentos técnicos necessários para a realização da atividade mas também por criar relações com os potenciais clientes, fornecedores, trabalhadores e administrações públicas de cada país. Em consequência os colaboradores que vão ser expatriados, além da exigência técnica têm de ter as capacidades necessárias para poder dirigir equipas globais e ter éxito num ambiente internacional.
Como preparam os colaboradores para a internacionalização? Que tipo de cuidados se deve ter antes de expatriar um colaborador?
Até agora formávamos os expatriados a nível internacional, mas a situação está a mudar, pois toda a empresa trabalha em ambientes internacionais e todos temos de estar preparados para trabalhar em ambientes multiculturais. Esta situação obrigou o departamento de recursos humanos a desenhar novas políticas e novos procedimentos e a dar formação aos colaboradores, para que sejam capazes de dar respostas ás necessidades do negócio. O objetivo desta formação é dar aos colaboradores as capacidades necessárias para trabalhar de forma eficaz neste ambiente multicultural, desenvolvendo estilos de comunicação adequados para cada tipologia de país.
Entrevista publicada na RH Magazine: edição nº 95 (2014)