Há ainda grandes e surpreendentes diferenças no que se refere à perceção de igualdade entre géneros no local de trabalho: quando questionados sobre a igualdade de oportunidades de carreira, 70% dos homens afirmam existir iguais oportunidades para homens e mulheres, enquanto apenas 44% das mulheres dão a mesma resposta.
O relatório “Igualdade de Género no Mundo do Trabalho: Ambição no Feminino”, realizado pela Hays Portugal, teve como objetivo identificar as diferenças de perceção entre géneros face às ambições de carreira. De acordo com este relatório, 88% dos profissionais inquiridos ambicionam, na sua carreira profissional, alcançar uma posição de liderança. Quando questionados, 50% dos homens afirmam querer atingir o cargo de Managing Director/CEO, enquanto apenas 34% das mulheres ambicionam esta posição de liderança.
Uma das possíveis justificações para esta diferença de ambições pode dever-se ao facto de, atualmente, 83% dos portugueses afirmarem que a pessoa mais sénior na empresa com a qual colaboram é um homem. A questão que se coloca é: será que as mulheres não se reveem neste papel de liderança porque não encontram exemplos práticos a seguir? Ou será que as organizações portuguesas não estão preparadas para permitir que as mulheres assumam estes papéis de liderança?
“Apesar de se sentir uma predominância masculina nas empresas, esta não deve ter qualquer impacto naquilo que são as tendências de recrutamento – o género não deve influenciar a ambição de carreira, a promoção ou o salário”, afirma Paula Baptista, Managing Director da Hays Portugal. E acrescenta, “em posições de direção, ainda se sente uma maior presença masculina, havendo uma ausência de referências para as mulheres que ambicionam cargos de direção. Sabendo isto, as organizações devem caminhar para um equilíbrio entre géneros, promovendo a ambição das mulheres a estes cargos”.
Quando se fala em ambições de carreira é essencial analisar o papel das organizações no desenvolvimento dos seus profissionais. Quando questionados, 60% dos profissionais afirmam não ter um plano de desenvolvimento da sua carreira, o que pode estar intrinsecamente ligado à sua ambição e motivação dentro da organização. “O plano de carreira pode ser uma ferramenta e um método para a organização conhecer as ambições dos seus profissionais e para apoiá-los no seu desenvolvimento individual, aumentando assim a sua retenção”, reforça a Managing Director da Hays Portugal.
Em suma, as mulheres ambicionam chegar a cargos mais seniores nas organizações, mas o número de mulheres que os ocupam atualmente é ainda reduzido. Os empregadores devem desenvolver um plano de carreira que seja claro e comunicá-lo abertamente, para que as mulheres se sintam encorajadas a desenvolver a sua carreira. Estas políticas vão permitir que as organizações tenham mulheres talentosas e ambiciosas na sua estrutura e em cargos de liderança.
A igualdade de género no mundo do trabalho é tão importante para as empresas, que devem garantir a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, como para os profissionais, que devem perceber qual o seu papel na promoção da igualdade. Segundo o relatório da Hays Portugal, apenas 40% das mulheres inquiridas afirmam existir igualdade de oportunidades, enquanto quase dois terços (69%) dos homens inquiridos partilham desta opinião. No total dos inquiridos, apenas 50% afirma existir igualdade de oportunidades entre géneros, o que mostra ainda uma clara divisão de opiniões sobre este assunto.
Metodologia
Este relatório foi redigido a partir de dados reunidos no primeiro semestre de 2017. As conclusões deste estudo foram baseadas num inquérito feito a mais de 700 indivíduos em Portugal (50% mulheres, 49% homens e 1% prefere não responder).
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