“Ao nível dos salários per si, não se observam quaisquer alterações – conforme seria de esperar, uma vez que este tipo de variações requerem um ciclo mais longo – nem mesmo relativamente a bónus, uma vez que a quase totalidade das empresas optou por pagar a remuneração variável relativa ao desempenho de 2019. No entanto, os dados conduzem-nos à previsão de que em 2021 o cenário poderá ser um pouco diferente, em particular no que diz respeito à remuneração variável.” Quem o diz é Marta Dias Gonçalves, Surveys Leader da Mercer, empresa que desenvolveu o estudo Total Compensation Portugal 2020.
A Mercer, empresa de consultoria em RH, desenvolveu um estudo, o Total Compensation Portugal 2020, e uma Special Edition focada no COVID-19 que revela que quase todas as empresas inquiridas pagou aos seus colaboradores os valores relativos ao desempenho em 2019 (92%). Das empresas que não pagaram os bónus ou os incentivos de curto prazo, 50% afirma ter adiado o pagamento e 25% afirma ter mesmo cancelado. Relativamente ao ano presente, 44% das empresas diz ainda ser cedo para prever se os pagamentos vão ser superiores ou inferiores. Contudo, 23% diz ser expectável que o valor seja inferior.
Foram atribuídos, no entanto, bónus especiais relacionados com o COVID-19 a colaboradores considerados como críticos em algumas empresas (19%). Os técnicos operacionais foram o maior grupo elegível para a atribuição deste tipo de bónus (100%). Relativamente a benefícios, grande parte das empresas não planeia alterar a sua política em função da pandemia.
No que às saídas voluntárias diz respeito, verificou-se uma descida na percentagem de turnover voluntário relativamente ao ano passado, passando de 10% para 5,6%. Isto reflete um clima pouco favorável à tomada de riscos. De acordo com a Special Edition do estudo da Mercer, apenas cerca de 6% das empresas afirmam ter sido desafiante no que diz respeito à retenção de colaboradores durante a pandemia, principalmente nas áreas de Engenharia e de Tecnologias de Informação.
O estudo Total Compensation 2020 realizado pelo Mercer analisou este ano 140.000 postos de trabalho e 466 empresas portuguesas.