Para tentar colmatar a insuficiência de profissionais em Tecnologias de Informação (TI) no mercado português, a HRB Solutions criou, em 2017, a UP Academy – uma academia de formação em TI. Nicole Ferreira, corporate communication manager na HRB Solutions, explicou, ao InfoRH, que o principal objetivo da academia “é a consciencialização de que é necessária uma alternativa viável para um problema de escassez de recursos em Tecnologias de Informação”.
Como e quando é que surgiu a UP Academy?
A UP Academy surgiu em janeiro de 2017 pelas mãos da HRB Solutions, responsável pelo projeto. Enquanto consultora de recursos humanos conseguimos perceber a existência de uma grande dificuldade no recrutamento de perfis na área informática. Precisávamos de uma solução prática e de mudar o mindset existente.
Que metodologias utilizam para converter as pessoas?
Na UP Academy temos três tipos de formação, com metodologias diferentes. A Starter começa com três meses de aulas numa tecnologia, seguidos de seis meses em cliente com desafios tecnológicos reais e um programa específico de soft skills. Na última etapa existe a integração, que é, por norma, por um período mínimo de nove meses. A Pro inicia-se com três semanas teóricas numa tecnologia, seguindo-se nove semanas em cliente com desafios tecnológicos reais e um programa específico de soft skills. Na última etapa, há a integração direta. A Upgrade está construída totalmente à medida do cliente, na tecnologia que quiser e por períodos determinados conforme a necessidade. Qualquer uma das academias tem em conta a necessidade do cliente e o tipo de projeto, pelo que estes timings poderão ser sempre ajustados.
Em que áreas atuam?
O nosso projeto é muito dinâmico e procuramos estar sempre atualizados relativamente à nossa área de atuação. Atualmente, as formações mais procuradas são em Java, OutSystems, .NET, Angular e Node, mas temos disponíveis mais de 30 formações diferentes, em diversas tecnologias que podem ser ajustadas às necessidades do cliente e às suas características.
Em Portugal, há uma carência anual de cerca de oito mil informáticos. Os formandos da UP Academy têm emprego garantido?
Quem conclui a academia com sucesso sim, certamente. Os projetos que lançamos são sempre com vista à empregabilidade e com base numa relação de formando-cliente delineada à priori. Até ao momento o feedback dos clientes também é muito positivo, considerando que dos formandos UP Academy 100% passa no exame e nas certificações. Em termos de integração no cliente, temos atualmente 61% developers, 18% analistas funcionais, 13% testes e 8% suporte.
Quantas pessoas colocam, em média, no mercado?
Neste ano e meio passaram nos processos de recrutamento e seleção da UP Academy cerca de 1500 candidatos. Atualmente, temos 77 formandos em cliente, a desenvolver projetos e 12 formandos em contexto de sala de aula. Temos também vários formandos em contexto de formação Upgrade, em tecnologias específicas, que são proporcionadas nos locais de trabalho.

Que política de recrutamento têm adotado?
Aplicamos um processo de recrutamento e seleção que passa por várias etapas, nomeadamente o screening curricular, a aplicação de assessment center (capacidade de programação I, testes de aptidão numéricos, verbais, lógicos, raciocínio abstrato, psicológico e inglês), entrevista motivacional e de avaliação de perfi, aplicação de teste de personalidade certificado e, por fim, uma entrevista final no cliente. As academias têm, no limite, 15 formandos e, por cada academia, recebemos cerca de 400 candidaturas, daí que seja um processo exigente.
Estima-se que, até 2020, em Portugal, o número de profissionais de TI necessários chegue aos 15 mil. Que estratégias estão a adotar para fazer face às exigências do mercado?
Além de estratégias internas, estamos a criar soluções para os nossos clientes. O nosso principal objetivo é a consciencialização de que é necessária uma alternativa viável para um problema de escassez de recursos em Tecnologias de Informação e que a UP Academy pode ser a resposta. Além de apresentarmos um percurso integrado que inicia com uma formação que é ajustável às necessidades do cliente, formamos consultores de Tecnologia de Informação. Mais do que técnicos informáticos, são formandos com capacidades analíticas, estratégicas e de ação, que conseguem encontrar soluções tecnológicas eficazes e que vão ao encontro das necessidades e objetivos do cliente.
Na sua opinião, que medidas considera serem necessárias no nosso país para que o recrutamento de profissionais de Tecnologias de Informação não seja uma dificuldade?
A tecnologia está em crescimento exponencial e não vai abrandar. Logo, o recrutamento de profissionais de TI vai continuar a ser uma dificuldade e é essencial que as empresas se preparem para essa realidade. É fundamental que se criem linhas de cofinanciamento nacional e/ou benefícios fiscais, considerando que o tecido empresarial português e as instituições públicas de ensino não têm capacidade suficiente para promover o leque de ações e intervenções necessárias. É imprescindível uma visão integrada e global para que toda a sociedade seja envolvida, com a finalidade de serem definidas as competências a transmitir e traçar de forma eficaz o limite estratégico de onde queremos chegar.