Um dos setores que no início da crise sanitária foi muito castigado foi sem dúvida a formação de executivos, pois a maioria da formação era dada presencialmente. No entanto, o setor soube reagir com uma grande agilidade e, provavelmente, sairá reforçado desta pandemia. Foi o que nos transmitiu Paulo Martins do ISCTE Executive Education quando o entrevistamos para a RHmagazine.
ENTREVISTA A: Paulo Martins – Head of Overall Market Solutions do ISCTE Executive Education
Nos últimos quase 2 anos a pandemia revelou novas necessidades de formação e novas metodologias para fazer frente à distância imposta pela crise sanitária. O que mudou para vocês?
A situação pandémica obrigou-nos a uma rápida reinvenção. No imediato, e aparentemente de um modo paradoxal, investimos na proximidade. Proximidade com toda a comunidade de participantes em formações abertas e formações customizadas para empresas, assim como a sua vasta comunidade docente. Quando “rebentou a bomba” estávamos a lidar com cerca de 300 participantes em 10 empresas diferentes. E contávamos, nas nossas instalações, com a presença de cerca de 600 alunos distribuídos por 18 programas. Paralelamente adaptámos a nossa atividade com os meios físicos, tecnológicos, de competências e produtos necessários. Criámos dezenas de novos produtos de formação, explorámos modelos e geografias como nunca imaginámos ser possível. Criámos formações específicas para empresas em gestão de equipas remotas. Outro aspeto muito relevante foi a aproximação a novos mercados. O Iscte Executive Education – Executive Education está nesta altura a formar pessoas e empresas provenientes da China, Índia, Estados Unidos, Brasil, Croácia, Timor-Leste e Alemanha e está a fazê-lo remotamente e com sucesso.
Destas novas metodologias, o que acha que vai ficar no futuro?
A ligação com novos mercados e geografias irá certamente prevalecer. Estamos ligados a empresas e universidades nos Estados Unidos, Brasil, França, Egito, Marrocos e até Paquistão. Pensamos que o online, como vitamina coadjuvante da experiência formativa, veio para ficar. Por muito que se enriqueça em conteúdos e formatos, o online não substitui o face–to-face na formação. Robustece-a e torna-a um meio para uma aprendizagem mais autónoma e por isso mais exigente.
A formação tem de ser cada vez mais personalizada, à medida do colaborador e da empresa. Como respondem a esta necessidade?
Eu diria mais, a ultra personalização da formação para empresas já chegou. Esta necessidade, reflete várias necessidades objetivas: eficácia, impacto e rentabilidade. Como tal, envolvemos sempre os responsáveis de recursos humanos no desenho das soluções. E apostamos nos formatos: desafios de 24 horas, gamification, bootcamps temáticos, teatralização, safaris inspiracionais. O follow-up da formação é, também, absolutamente essencial. É nele que reside grande parte do sucesso dos projetos de formação nas empresas.
Quais os desafios para os próximos anos e o que pretendem alcançar?
Os nossos desafios são os desafios das empresas. A adaptabilidade dos recursos e a rapidez na adoção de novas competências irá continuar a estar no centro da preocupação das empresas. As áreas do digital, dados, inovação, mas também da logística ou do bem-estar. O nosso grande desafio é continuarmos a ter uma resposta relevante em conteúdos e formatos para as empresas. E permanecermos próximos. Dos negócios, das empresas e das pessoas. O futuro só pode ser otimista, porque é com otimismo e esperança que encaramos o mundo.
Entrevista publicada na edição n.º 135 da RHmagazine, referente aos meses de julho/agosto de 2021.