Autora: Luisa Aguiar, Human Resources Business Partner do SAS Portugal
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riatividade, perseverança, responsabilidade, motivação, proatividade e flexibilidade são somente algumas das caraterísticas que, atualmente, nos parecem absolutamente essenciais ter, para podermos evoluir dentro de uma organização. A verdade é que, por mais avançada e eficiente que seja a tecnologia implementada nas empresas, o fator humano continua a ser insubstituível. Sendo que, no meio de ambientes altamente competitivos como são os empresariais, há algo que é não só valorizado como estimulado: a curiosidade.
O não se ficar pelo óbvio, o querer saber mais, o colocar questões, o procurar mais do que um caminho. Normalmente, a curiosidade leva-nos a ir mais além, por vezes até a sair da zona conforto… e esta sede e esforço incessante de aprendizagem, a par dos inevitáveis desafios que aparecem, só pode trazer coisas positivas.
O dicionário esclarece-nos “…Tendência para averiguar ou ver. Desejo indiscreto de saber. Cuidado, esmero, zelo…”. E tudo isto conduz, inevitavelmente, à busca de mais elementos e mais informação que, acredito, permitem uma tomada de decisão mais sustentada e, por isso, mais acertada.
E quando falamos de colaboradores, falamos necessariamente de líderes curiosos. Os que abrem um caminho “seguro” para a criatividade das suas equipas, os que sabem ouvir (não só escutar) as opiniões e diferentes sugestões; os que respeitam e estimulam quem os rodeia aceitando o “erro” com responsabilidade e como parte do crescimento, comunicando sempre de forma aberta e clara, incitando todos – seja equipas seja a nível individual – a interrogar-se.
Mais do que um traço de personalidade, a curiosidade é considerada um ativo cada vez mais crucial para o desempenho e sucesso dos negócios. De acordo com a Harvard Business Review – The Business Case for Curiosity, encorajar a curiosidade no local de trabalho traz benefícios “palpáveis” para o desempenho e crescimento das empresas. Pode, por exemplo, ajudar as empresas a adaptarem-se a eventuais mudanças do mercado ou pressões externas, impulsionar a inovação, melhorar o bem-estar da equipa e o seu desempenho geral. Vivemos tempos instáveis, de mudanças drásticas e a curiosidade não só ajuda a criar uma mentalidade virada para o crescimento, como também estimula uma aprendizagem contínua, facilitando desta forma a transformação digital e permitindo que as organizações se destaquem e vinguem num mercado em constante evolução.
Dentro do mercado de trabalho a curiosidade é uma competência cada vez mais valorizada, no entanto as organizações têm também elas de estar preparadas para colaboradores com este perfil, ou seja, têm efetivamente de saber promover, encorajar e capitalizar este atributo nas suas operações do dia-a-dia.
A missão, visão e valores das empresas devem espelhar o papel relevante da curiosidade e utilizá-lo de forma eficaz. Como? Através de estratégias que ofereçam oportunidades a colaboradores curiosos, como criar equipas virtuais, diversificadas, criar projetos específicos de inovação, e muito importante formar tanto os colaboradores como os líderes, a lidar com um mundo cada vez mais virtual, em constante mudança e onde a inovação e a curiosidade são um elemento essencial para o crescimento das organizações e para o bem-estar dos colaboradores.
Em suma, acredito que colaboradores curiosos são mais eficientes e, para mim, o mais importante, para além de ser um dos pilares/valores de uma empresa, é também um dos principais drivers do negócio e da forma de fazer a gestão de talento (fomentar a curiosidade, favorecer a inovação e criar os espaços para isso). Por isso mesmo, “curioso” é forcarmo-nos na solução, abraçar os obstáculos como desafios e ter uma mente aberta sem medo de desafiar suposições, sendo criativo e com visão de futuro.