Autor: Jorge Lopes, diretor-geral da Rumos
Por muito que queiramos esquecer o ano que passou e olhar para o futuro, é impossível não continuar a falar na pandemia Covid-19. Não há muitos eventos globais capazes de atingir tantas pessoas em tantos países: obrigou a uma mudança tal na forma como vivemos a nossa vida pessoal e profissional que afetou todos os estratos sociais, tanto em áreas urbanas como rurais, e inevitavelmente todos os setores económicos, incluindo o da formação profissional.
A pandemia veio pressionar as organizações a acelerar o seu processo de transformação e inovação tecnológica, as quais só ultrapassarão a crise se conseguirem abraçar esta mudança, repensando modelos de negócio, tornando-se mais ágeis, melhorando a produtividade, ficando assim mais bem preparadas para lidar com a volatilidade e incerteza económicas.
Esta mudança carece de mais profissionais qualificados, dando uma importância cada vez maior à formação, nomeadamente nas TI, onde, com o ritmo acelerado da inovação tecnológica, o prazo de validade das competências técnicas está cada vez mais curto. Sendo significativamente mais caro contratar fora do que investir na qualificação interna de colaboradores, não restam dúvidas de que criar uma cultura de aprendizagem contínua, para organizações e pessoas, é agora, mais do que nunca, uma prioridade, e também uma das melhores decisões que se pode tomar.
De facto, e de acordo com estudos mundiais como o «Leading with Learning Report 2020» do LinkedIn, nota-se uma maior consciencialização da importância da qualificação de colaboradores, mas, infelizmente, a formação continua a não ser considerada prioritária em tempos de crise, sendo muitas vezes adiada para uma “melhor” altura.
Essa foi a realidade do mercado da formação no momento inicial da pandemia, segundo o mesmo estudo do LinkedIn, e que também vivemos na Rumos. Mas logo a partir de junho, tornou-se evidente que as organizações não se poderiam manter em suspenso, e tornou-se essencial dar continuidade ao desenvolvimento das competências através de formatos de formação alternativos, como a formação online síncrona e/ou assíncrona. E se em 2019 menos de 5% dos formandos Rumos realizaram formação online, em 2020, esse valor situou-se perto dos 76%, com mais de 5 030 formandos a experienciar esta modalidade de formação.
Esta mudança foi talvez o desafio mais significativo no mercado da formação: a necessidade de transformar a aprendizagem remota num momento verdadeiramente imersivo, de interação, partilha e colaboração entre todos os participantes. Um desafio ganho, se considerarmos que, num inquérito realizado pela Rumos no início deste ano a profissionais portugueses, e cujos resultados serão publicados brevemente, apenas 3% dos inquiridos afirma ir optar exclusivamente por formação presencial, no futuro.
Outro impacto visível da pandemia, como consequência da necessidade de aceleração dos projetos de transformação digital das organizações, foi o aumento da procura de formação nas tecnologias cloud, em práticas e ferramentas DevOps e em metodologias ágeis, numa primeira fase, que se estendeu posteriormente para as áreas de cyber security e data & analytics
Um ano depois, estamos ainda muito longe de perceber o verdadeiro impacto da Covid-19, mas estou confiante que, qualquer que seja a forma que o futuro tomar, os decisores nas organizações têm plena consciência da importância de investirem no seu capital humano: 66% dos profissionais portugueses inquiridos pela Rumos afirma manter ou aumentar o seu investimento em formação em 2021. Boas notícias para os profissionais portugueses e para o desenvolvimento social e económico do nosso país.
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